Nunca é tarde para comprar a torre Eiffel com desconto

No dia 13 de março o arquiteto David Serero divulgou na internet seu “projeto para uma extensão da Torre Eiffel“. De forma singela e segura, Serero divulgava como “o projeto estenderá o andar superior da torre acoplando-lhe uma estrutura de alta performance de carbono e Kevlar”. Prevendo o choque popular, já avisava que “a estrutura será fixada temporariamente sem requerir nenhuma modificação da estrutura existente”.

Nos dias seguintes as imagens e a divulgação de Serero, que incluíram breves entrevistas, circularam por meios especializados até que dez dias depois, chegou ao The Guardian. Logo depois, New York Times, Telegraph e o mundo.

Detalhe: foi tudo um hoax, uma fraude. A Société d’Exploitation de la Tour Eiffel, a qual Serero havia alegado ter escolhido seu projeto como vencedor de um concurso, negou que a competição sequer existisse, ou que tivesse escolhido o projeto. A SETE declarou não ter nenhuma intenção de modificar a aparência da famosa estrutura metálica.

Uma segunda olhada nas declarações de Serero à imprensa revela sua engenhosidade. Serero de fato enviou o projeto à SETE, de maneira espontânea. Assim, o projeto foi mesmo recebido e presume-se que fosse “avaliado”, como qualquer projeto enviado espontaneamente. É isso que Serero declarou à imprensa, e suas descrições de como tudo ocorreria eram hipotéticas. Bastaria checar com a SETE a notícia de uma alteração significativa em um símbolo nacional. Nenhum dos respeitados veículos de imprensa o fez antes de publicar a notícia.

Caminhando pela sugestão e sem jamais esclarecer incautos jornalistas que era apenas uma proposta, Serero atualizou o lendário golpe de vender a Torre Eiffel. Uma pechincha!

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