Ciência, Fortianos e Céticos

Steve Dewey
Tradução gentilmente autorizada

Este ensaio descreve e discute o modo pela qual a ciência e os cientistas são representados nas comunidades Fortiana e Cética. Ambas as comunidades estão interessadas no que poderiam ser livremente chamados tópicos ‘Nova Era’ (embora tais tópicos pudessem ser chamados com mais precisão de ‘Fortianos’, como veremos quando descrevermos os Fortianos). Ambas as comunidades têm seus próprios meios de lidar com tais tópicos que adentram em questões tais como confiança na ciência, sentimento anti-científico, etc.

O Fortianos e os Céticos não são corpos profissionais. Qualquer pessoa, com qualquer nível de conhecimento, pode ser um membro destas comunidades e assinar suas revistas, juntar-se a suas sociedades, escrever artigos e assim por diante. No entanto, membros destas comunidades têm visões particulares sobre o papel da ciência em apoiar teorias ou resolver disputas sobre o mundo natural. Fortianos e Céticos têm visões diferentes sobre a natureza da realidade e como a ciência pode ser usada para responder perguntas sobre fenômenos naturais (ou sobrenaturais) . Em essência, as disputas entre os Fortianos e os Céticos são da natureza de uma guerra científica. Combates têm acontecido por aproximadamente 50 anos e podem ser considerados como os primeiros pequenos avanços de forças expedicionárias opostas. Embora tanto a comunidade Fortiana quanto a Cética incluam cientistas profissionais, estas comunidades não são conectadas oficialmente com a academia, ainda que seus interesses por vezes possam cruzar com os da academia. Mas ambas as comunidades atraem o interesse do público leigo. Há então tópicos dentro do estudo da ciência e o público que relacionam as comunidades Fortiana e Cética, como o sentimento anti-científico, as guerras científicas, confiança na ciência e conhecimento especializado.

Este conflito entre modos diferentes de pensar inerentes aos pontos de vista Fortianos e Céticos têm me interessado há algum tempo. Eu vivi a maioria de minha vida perto do que já foi um local "quente" em atividade de OVNIs (Warminster, em Wiltshire). Por causa disto, meus primeiros interesses intelectuais podem ser descritos como Fortianos. Meu interesse em OVNIs me levou a ler a literatura OVNI. Uma vez que tópicos Fortianos freqüentemente se relacionam entre si, e fenômenos Fortianos interagem freqüentemente, comecei a ler mais literatura ‘paranormal’, sobre a telepatia, o oculto, atividade poltergeist, etc. Minha leitura desta literatura também começou a englobar literatura cética, que finalmente conduziu aos próprios Céticos. Ficou evidente que duas comunidades gerais existiam: uma comunidade Fortiana e uma comunidade Cética; e que estas comunidades tinham visões diferentes de como a ciência poderia ajudar no estudo de tópicos ‘Fortianos’, como a ciência funcionava, e quão pertinente a ciência era aos tópicos Fortianos. Claro que estas comunidades não possuem fronteiras bem cercadas; há Fortianos céticos e céticos Fortianos. No entanto, há dois tipos puros, e o que os diferencia é sua abordagem, ou atitude, para com a ciência.

Para este ensaio, eu revisei alguns do ‘textos fundadores’ do Fortianismo e do Ceticismo; os textos que informam sobre as visões de mundo dos Fortianos e dos Céticos – em particular, eu estava interessado nos modos em que estes textos se referiam à ciência, os cientistas, o método científico, e assim por diante. Eu também li textos que discutiam Fortianos e Céticos que me permitiram ver como estas comunidades modificaram ou mudaram suas visões da ciência com o passar do tempo. Cada comunidade também produz uma variedade de revistas e periódicos, assim revisei uma seleção destes, outra vez selecionando conteúdo relacionado a ciência e cientistas. Também há websites e listas de discussão na Internet para ambas as comunidades, assim também monitorei e revisei esses. Dado que em geral as comunidades Fortiana e Cética consistem em público leigo, foram revisados textos acadêmicos relativos ao estudo da relação entre ciência e o público, para reunir tópicos no entendimento público da ciência com o entendimento Cético e Fortiano da ciência.

Os Fortianos emprestam seu nome do coletor assíduo de esquisitices, Charles Fort (1874 – 1937). Fort gastou muito de seu tempo em grandes bibliotecas metropolitanas, vasculhando jornais, periódicos e publicações científicas. Destes, ele coletou dados incomuns que, ele acreditava, não poderiam ser explicados através da ciência. Exemplos de tais dados incluíam registros de chuvas de rãs ou peixes, objetos incomuns vistos no céu, psicocinese, percepção extra-sensorial, etc. Bob Rickard nota a tenacidade de Fort na busca e coleção de tais dados:

Duas vezes, ele queimou sua coleção de dezenas de milhares de notas porque "Elas não eram o que eu queria". Sem se afetar, ele começaria novamente sua leitura exaustiva e escreveria suas notas desde o início, mas em uma direção nova. (1)

Fort produziu quatro livros durante sua vida: O Livro dos Malditos (1919), Terras Novas (1923), Lo! (1931) e Talentos Selvagens (1932). A maior parte do interesse intelectual e apoio ao trabalho de Fort veio dos novelistas de Nova Iorque Theodore Dreiser e Tiffany Thayer. Realmente, foi apenas pela insistência de Dreiser com sua própria editora que o Livro dos Danados foi publicado. (2)

As buscas de Fort parecem contrárias às correntes prevalecentes de pragmatismo dentro da vida acadêmica americana e mais próximas do pensamento acadêmico na Europa. Robert Hughes, notando um declínio no positivismo na Europa dos anos de 1890 até os anos trinta do século XX, declara que ‘os principais inovadores intelectuais dos anos 1890… estavam obcecados, quase intoxicados, com um redescobrimento da não-lógica, do incivilizado, do inexplicável’. (3) Hughes também nota que, por 1905, os escritores haviam se tornado ‘francos irracionalistas ou até mesmo anti-racionalistas’. (4) A última metade do século XIX também era a época do ‘revival do oculto’: isto englobou, por exemplo, as pancadas espirituais das irmãs Fox, os mestres superiores da Madame Blavatsky e se estendeu ao início do século vinte com a Golden Dawn, Krishnamurti, e além. (5)

Contra este pano de fundo, largamente desconhecido e não lido em sua vida, Fort tentou ‘juntar alguns dos dados que eu penso são falsa e arbitrariamente excluídos'(6), os quais ele chamou ‘os dados do maldito'(7). Fort nota que ‘o poder que disse que todas estas coisas seriam malditas é a Ciência Dogmática’. (8) Para Fort, a ciência tenta ser ‘real, verdadeira, final, completa, absoluta'(9). Porém, falha neste objetivo, porque exclui o maldito, e fazendo assim, é como um ‘processo falso e arbitrário’. (10) Os cientistas criaram o semblante de um sistema estável em busca da verdade apenas através da exclusão de dados que são irreconciliáveis:

Tudo estaria bem. Tudo estaria perfeito — Se os malditos simplesmente continuassem malditos. (11)

Para mostrar a tolice dos cientistas, Fort escarnece Antoine Lavoisier por afirmar que o que pessoas leigas pensavam ser pedra caídas do céu -um meteorito- era simplesmente uma pedra que tinha sido atingida por um raio:

Aproximadamente cem anos atrás, se qualquer um fosse tão crédulo a ponto de pensar que pedras alguma vez haviam caído do céu, era defrontado com o argumento:

Em primeiro lugar não há nenhuma pedra no céu:

Então nenhuma pedra pode cair do céu. (12)

Mas o que Fort falhou em reconhecer é que este é freqüentement
e o modo pelo qual a ciência procede. Dados não se ajustam a paradigmas atuais e são assim ignorados por algum tempo. São cometidos erros que são então corrigidos em uma data posterior. Fort também não permite o contexto. Lavoisier era parte de uma tradição Iluminista que estava tentando criar uma ciência sem superstição. Contos de pedras caindo estavam freqüentemente acompanhados de superstições rurais. Ainda assim bastaram apenas outros 30 anos até que, pelo trabalho de Jean-Baptise Biot, tais pedras caídas fossem reconhecidas como de origem extraterrestre.

Fort continua, ao longo de seus livros, a marchar com seus dados malditos em frente a seus leitores dele. Há uma filosofia subjacente aos instintos de Fort: a filosofia da Intermediariação. Tudo está conectado, tudo lança sombras sobre tudo mais: não há nenhum limite. O problema da ciência é que não reconhece isto, e ao invés tenta criar limites. A ciência, portanto, deve inevitavelmente falhar. ‘Se a Ciência’, Fort escreve ‘pudesse excluir absolutamente todos os dados exceto seus próprios dados presentes , ou aqueles assimiláveis com a quasi-organização presente, seria um sistema real, com limites positivamente definidos – seria real.’
Thayer e Dreiser estavam tão impressionados com o trabalho de Fort que fundaram a Sociedade Fortiana em sua honra. A intenção da Sociedade Fortiana era difundir os trabalhos e idéias de Charles Fort. Os sócios da Sociedade Fortiana continuaram o trabalho de Fort, procurando dados malditos, e publicaram o boletim Doubt [Dúvida]. A Sociedade Fortiana se dissolveu com a morte de Thayer. Nos anos sessenta do século XX, as idéias e técnicas de Fort renasceram na Organização Fortiana Internacional (INFO) nos EUA, e a Fortean Times no Reino Unido. INFO e Fortean Times continuam, auxiliadas por dedicados recortadores de notas de jornal, a colecionar dados incomuns, e também a publicar trabalhos teóricos baseados em tais dados. Também há websites e listas de email dedicadas a Fort e dados malditos.

No final das contas, a técnica do Fortianismo é o empirismo cru; a evidência é acumulada na esperança de encontrar correlações, ou na esperança de que o puro peso da evidência conduzirá sozinho ao reconhecimento da validez de um fenômeno. Até mesmo Colin Wilson – nunca intencionalmente avesso ao paranormal – reconhece isto:

[Fort] passou a vida dele colecionando relatos de jornal de eventos estranhos e inexplicáveis para desconcertar os cientistas, e então falhou em desconcertar qualquer pessoa exceto seus admiradores porque lançou abaixo uma grande montanha de fatos como um montão de lenha e esperou que eles falassem por si mesmos. Mas fatos nunca o fazem. (13)

Esta coleção contínua e silenciosa de dados é uma marca registrada do Fortianismo. Toda edição de Fortean Times contém uma seção chamada ‘Strange Days’ [Tempos estranhos] onde os dados coletados por clippings de jornal são apresentados. De forma similar, a lista de email Forteana é interessada quase que completamente em trocas de histórias de fenômenos estranhos, com pouca discussão de qualquer implicação teórica destas histórias. Isto está em distinção com uma lista de email Cética típica, onde há muita discussão e pouca coleta de dados.

Ao contrário dos Fortianos, os Céticos não estão centrados na vida, trabalho e filosofia de um homem. Historicamente, porém, a origem dos Céticos e do pensamento Cético começa com Martin Gardner. Gardner notou a:

ascensão do promotor de teorias "científicas" novas e estranhas. Ele está galgando para a proeminência, por assim dizer, no rastro de investigadores respeitáveis. Os próprios cientistas, é claro, dão muito pouca atenção a ele. Eles estão muito ocupados com assuntos mais importantes. Mas o público geral menos informado, faminto por descobertas sensacionais e panacéias rápidas, freqüentemente lhe proporciona um séqüito ruidoso e entusiástico. (14)

Gardner estava preocupado com tal ‘conversa oca científica’ porque ele acreditava que o público estava sendo enganado: por exemplo, as pessoas estavam buscando a Dianética em lugar de buscar ajuda psiquiátrica ortodoxa; o trabalho de Velikovsky tinha reafirmado a crença fundamentalista em certos milagres Bíblicos; e o público estava confuso sobre o que era e o que não era conhecimento científico. ‘E quanto mais o público fica confuso’, Gardner afirma:
mais fácil cai presa de doutrinas da pseudociência que podem em alguma data futura receber o apoio de grupos politicamente poderosos. (15)

Quando Gardner começou a pesquisar o trabalho dos pseudocientistas, ele se surpreendeu ao descobrir que muito pouco trabalho prévio havia sido feito neste campo. Ele lista apenas três livros na mesma área. Isto significou que ele teve que realizar suas próprias buscas por literatura pseudocientífica ou excêntrica para descobrir a extensão e a intenção de tais escritos. Ironicamente, muito de seu trabalho foi feito na Biblioteca Pública de Nova Iorque (16) – onde Fort havia gasto muito de seu tempo procurando por seus dados malditos.

O primeiro livro Cético de Gardner, Fads and Fallacies in the Name of Science [Modismos e Falácias em Nome da Ciência] (1952), cobre uma vasta gama de áreas pseudocientíficas, como a Dianética, teorias sobre a Terra oca ou achatada, OVNIs, ESP e psicocinese e a energia Orgônica de Wilhelm Reich. Muitos destes tópicos têm, nos cinqüenta anos subseqüentes, se tornado as bases da Nova Era e, de fato, para explicações Fortianas de dados malditos. A realização de Gardner, então, foi fixar os parâmetros dentro dos quais o Ceticismo iria operar. Se a filosofia e métodos de Fort haviam sido influenciados pelo afastamento do racional, Gardner foi influenciado pela celebração do racional e um retorno ao positivismo científico dos anos cinqüenta do século XX:

Desde que a bomba explodiu sobre Hiroshima, o prestígio da ciência nos Estados Unidos cresceu rapidamente como uma nuvem atômica. Em escolas e faculdades, mais estudantes que jamais visto antes estão escolhendo algum ramo da ciência para suas carreiras. Orçamentos militares destinados para pesquisa científica nunca foram tão fantasticamente enormes. Livros e revistas dedicadas à ciência estão saindo das imprensas em números maiores que em qualquer momento prévio da história. Até mesmo no reino da literatura de fuga, a ficção científica ameaça seriamente substituir as histórias de detetives. (17)

Nos anos setenta, os Céticos se tornaram um movimento organizado, com a fundação do Comitê para a Investigação Científica de Alegações do Paranormal (CSICOP) em 1976. Os anos setenta eram tempos inebriantes para o paranormal: as crenças Nova Era da contra-cultura haviam começado a encontrar seu caminho para a sociedade geral; o estudo de OVNIs já tinha uma literatura e seguidores significativos; e ‘psíquicos’, como Uri Geller, estavam surpreendendo o público – e alguns cientistas. O CSICOP criou uma nova revista, a Skeptical Inquirer, em 1977. O CSICOP e a Skeptical Inquirer forneceram um fórum no qual alegações sobre o paranormal e a pseudociência poderiam ser examinadas objetivamente, a fundo, e os resultados publicados. O Ceticismo se tornou um movimento internacional, com grupos Céticos e revistas surgindo no mundo inteiro.

Deve ser notado que os Céticos não afirmam, é claro, ser cépticos dentro do sentido clássico, filosófico, do termo. Cépticos clássicos duvidavam da ‘capacidade dos sentidos e do raciocínio para fornecer conhecimento da natureza das coisas’ e assim ‘defendiam a suspensão de julgamento’. (18) Os Céticos apenas afirmam ser céticos sobre o paranormal ou a pseudociência e, como nota Michael Shermer, esta forma de Ceticismo:

é representada no método científico, [e] envolve a coleta de dados para formular e testar explicações naturalistas para fenômenos naturais. A chave do ceticismo é contínua e
vigorosamente aplicar os métodos da ciência para navegar os estreitos traiçoeiros entre o ceticismo que “não aceita nada” e a credulidade em que “vale tudo". (19)

Shermer propõe que o Ceticismo poderia ser descrito com mais precisão como ‘ceticismo racional’, para sinalizar seu uso da racionalidade – para a qual, leia-se ‘ciência’ – em seus métodos. Porém, não há nenhuma dúvida de que a filosofia do Ceticismo tem afinidades com o Humanismo, particularmente o Humanismo Científico, que foi definido por Corliss Lamont como ‘uma filosofia naturalista que rejeita todo o sobrenaturalismo e confia principalmente na razão e na ciência, democracia e compaixão humana’. (20) De fato, o CSICOP foi fundado pelo humanista Paul Kurtz, que também é o fundador e presidente do Conselho para o Humanismo Secular.

De muitas formas, os Céticos e os Fortianos são lados opostos da mesma moeda. São os Fortianos que descobrem e defendem os ‘dados’ que os Céticos então analisam. Ironicamente, são os Fortianos que mais se aproximam em espírito ao cepticismo clássico. Fortianos clássicos – aqueles que seguem a filosofia de Fort à risca – rejeitam explicações dogmáticas de fenômenos quer elas venham da ciência ou das ciências humanas.

Martin Gardner dedica um capítulo sobre Fort em Fads and Fallacies in the Name of Science no qual Fort não é desprezado tampouco maldito. Gardner nota que Fort duvidava de tudo, até mesmo de suas próprias especulações. Enquanto o Fortianismo serve para lembrar a ciência de que nenhuma teoria está acima da dúvida e que o conhecimento é provisório, ele serve a um propósito ‘bom e saudável’. (21) Porém, quando ‘um Fortiano acredita seriamente que todas as teorias científicas são igualmente absurdas, todo o humor rico da Sociedade dá lugar a uma desdém ignorante’. (22) No entanto, enquanto a ciência, o Ceticismo e o Fortianismo conseguem co-existir, há confrontos entre os Fortianos fundamentalmente anti-científicos e os Céticos fundamentalmente pró-ciência. Por exemplo, uma mensagem enviada a duas listas, uma Cética e uma Fortiana, levou a uma pequena irrupção de hostilidades. Um membro da lista de email de Céticos pediu uma definição de "um Fortiano", e recebeu uma resposta não-controversa de outro Cético que definiu o termo e dirigiu o consulente ao website Fortean Times. Porém, outro respondente forneceu uma análise muito mais severa dos métodos dos Fortianos. Isto foi enviado também à lista de Fortianos, onde um Fortiano aborrecido usou retórica semelhante para condenar os métodos científicos. Uma pequena guerra resultou então na qual vários Fortianos se congratularam por ser os verdadeiros Céticos e acusaram o Ceticismo de ter tons religiosos. (23)

Mas há uma certa esquizofrenia entre os Fortianos. Fort era declaradamente anti-científico, afirmando por exemplo que a ciência ‘é o absurdo estabelecido’. (24) Contudo Mat Coward nota que ‘o núcleo do fortianismo está principalmente preocupado com a defesa do método científico e a inclusão intelectual’ (25), enquanto Ian Simmons declara que o Fortianismo não é inimigo da ciência, sentindo que Fort se fixou como um ‘forte partidário do método científico ao invés do dogma científico’. (26) Os Fortianos, ao que parece, não só está lutam com os Céticos, mas com eles mesmos.

O que Simmons e Coward parecem estar dizendo é que Fort aceitou o método científico. É apenas o dogma científico contra o qual Fort lutou – o dogma que afirma que o dados malditos não têm nenhum lugar dentro das teorias científicas atuais. O método científico está então no coração do Fortianismo. Mas é difícil acreditar que Fort aceitasse o método científico quando ele declara:

Mas que todas as tentativas científicas de realmente descobrir algo, considerando que realmente não há nada para descobrir, são tentativas, em si mesmas, de realmente ser algo. …

Ou que a ciência é mais que uma investigação:

Que é uma pseudo-construção, ou uma quasi-organização: que é uma tentativa para fugir e estabelecer localmente a harmonia, estabilidade, equilíbrio, consistência, entidade– A mais remota das possibilidades — de que possa ter sucesso. (27)

Realmente, tais declarações parecem implicar que toda a ciência é pouco mais que uma construção social. A ciência só pode entender o mundo real por um reducionismo que exclui dados particulares, e reduzindo o mundo assim, exclui o mundo real. Novamente, Fort afirma:

A ciência se relaciona com o conhecimento real não mais que o faz o crescimento de uma planta, ou a organização de uma loja de departamentos, ou o desenvolvimento de uma nação: todos são processos assimilativos, ou organizadores, ou sistematizadores que representam diferentes tentativas de atingir o estado positivo…

Não pode haver nenhuma ciência real onde há variáveis indeterminadas, mas toda variável é, em condições mais precisas, indeterminada, ou irregular… A ciência é a tentativa de despertar para a realidade, em que se tenta encontrar regularidade e uniformidade. Ou o regular e uniforme seriam aquilo que não tem nada externo para perturbá-lo. Pelo universal nós queremos dizer a realidade. Ou a noção é que a super-tentativa subjacente, como expressa em Ciência, é indiferente ao assunto da Ciência: que a tentativa de regularizar é o espírito vital. (28)

Do seu modo idiossincrático, as idéias de Fort soam semelhantes às de Paul Feyerabend, que acreditava que a:

tentativa de descobrir os segredos da natureza e do homem… implica, então, na rejeição de todos os padrões universais e de todas as tradições rígidas. (Naturalmente, também requer a rejeição de uma parte grande da ciência contemporânea.) ‘(29)

Feyerabend sugere que a ciência poderia ser servida procedendo contra-indutivamente, para ‘introduzir e elaborar hipóteses que são inconsistentes com as teorias bem estabelecidas e/ou fatos estabelecidos.’ Fort fez isto o tempo todo – por exemplo, propondo que a chuva vermelha poderia não ser, na realidade, chuva contendo pó do Saara, mas ‘sangue ou matéria animal finamente dividida… Escombros de desastres inter-planetários.’ (30) Ou que as quedas de animais estranhos ou matéria não identificada pudessem ser explicadas por tempestades em um Super Mar de Sargaço pairando em algum lugar da atmosfera. (31) É provável que Fort e Feyerabend teriam concordado que a ciência moderna criou teorias de ‘grande beleza e sofisticação’, mas alcançado isto apenas ao ignorar todas as discrepâncias entre teoria e fato, que tiveram de ‘ser escondidas, por hipóteses ad hoc, aproximações ad hoc e outros procedimentos’. (32)

Disto porém, deveria ser lembrado que Fort estava trabalhando tanto com jornais quanto com periódicos científicos — particularmente revistas de história natural. Tais periódicos, no tempo de Fort, ainda publicavam o trabalho de amadores entusiastas. Como nota Fuller, ‘nas primeiras décadas do século vinte… os historiadores naturais… chegaram a ser vistos como os menos profissionais dos cientistas da vida, uma vez que seus periódicos ainda publicavam anedotas de amadores’. (33) Nelkin escreve que a imprensa era o veículo para tendências anticientíficas em ascensão no início do século vinte, como o ‘revival da astrologia e misticismo e as atividades anti-evolução de fundamentalistas’. (34) Mas muito do trabalho de Fort e o trabalho posterior da comunidade Fortiana é a coleção de evidência anedótica para fenômenos estranhos de jornais e periódicos. Como tanto Shermer(35) como Sagan(36) notam, anedotas não são prova científica. O Fortianismo é o empirismo Baconiano cru levado a seu cúmulo. Como nota Fort:

Às vezes eu sou coletor de dados, e apenas coletor, e é provável que esteja avarento, criando pilhas de notas, contente apenas em somar numericamente as notas a minha coleção… Mas sempre está presente um sentimento de rela
ções inexplicadas entre os eventos que eu noto, e é esta assombração distante, ou freqüentemente provocadora, consciência, ou suspeita que me mantém criando pilhas de notas. (37)

Se Fort é um Feyerabendiano anárquico, lançando idéias contra-indutivas, os Céticos são os Rottweilers da ciência, latindo nos portões, espantando os dados malditos que tentam entrar. Eles são os racionalistas tradicionais, encarnando o método científico, tentando nos salvar, o ‘público leigo’, dos monstros da irracionalidade e do paranormal.

O crescimento do movimento Cético coincidiu com o crescimento das crenças Nova Era na sociedade. Os Céticos estavam interessados em refutar os supostos poderes psíquicos de personalidades como Uri Geller e Ted Serios(38), examinando a realidade de OVNIs, testando a eficácia da medicina alternativa, e assim por diante. Gardner tinha estado preocupado com tais tópicos desde os anos cinqüenta, e viu a educação do público como a melhor defesa contra tais irracionalidades:

Os recentes sucessos espetaculares da pseudociência têm um valor ao expor aspectos de nossa cultura que precisam de grande melhoria. Nós precisamos de uma educação científica melhor em nossas escolas. Precisamos de mais e melhores popularizadores de ciência. Precisamos de melhores canais de comunicação funcionando entre os cientistas e o público. E assim por diante. (39)

Os comentários de Gardner são um precursor do que se tornou conhecido como o ‘modelo de déficit público’. O público carece de entendimento de fatos científicos, e se o público pudesse ser alertado sobre estes fatos, entenderia melhor a ciência, os cientistas e os problemas de política pública relacionados com a ciência.

É claro que os Fortianos poderiam igualmente reivindicar que há um déficit de conhecimento entre os cientistas, na medida em que eles trabalham apenas com o conhecimento incluído e ignoram os dados malditos. Mas é difícil sustentar tal argumento; há muitos cientistas que trabalham com fenômenos paranormais – alguns dos quais, como Richard Wiseman(40) e Susan Blackmore(41) – tendem ao ceticismo.

O movimento Cético atraiu nomes científicos ‘estelares’, como Carl Sagan, Richard Dawkins e Stephen Jay Gould. Mas apesar disto, e apesar de sua preferência pelo método científico, o Ceticismo moderno dificilmente poderia ser acusado de ‘cientificismo’. Os Céticos reconhecem que os "livros de receita" de metodologia científica não descrevem a prática científica real. Michael Shermer, fundador da Skeptic Society, nota que a ciência é influenciada e moldada por emoções humanas, preconceitos, preferências e que ‘os cientistas e os métodos da ciência estão inexoravelmente entrelaçados com seus ambientes sociais e culturais’. (42)

Tampouco os Céticos depositam confiança cega no pronunciamento de especialistas. Por exemplo, as habilidades de Uri Geller surpreenderam o físico John Wheeler, que quase imediatamente foi trabalhar testando crianças que haviam mostrado talentos semelhantes aos de Geller. As experiências de Wheeler o convenceram de que centenas de crianças mostraram incríveis poderes de dobrar talheres. Mas como Gardner nota, ‘Wheeler era supremamente ignorante dos métodos do ilusionismo… [e]… os controles eram incrivelmente inadequados’. (43) O mágico e Cético James Randi visitou Wheeler e demonstrou quão facilmente os controles experimentais dele foram violados e a facilidade com que objetos podiam ser dobrados enquanto a observação experimental dos sujeitos era relaxada. Collins e Pamplin descobriram como as ‘supermentes’ de algumas das crianças extraordinárias de Wheeler dobravam colheres — as crianças esperaram até que a observação fosse relaxada, e então fisicamente as dobravam. (44) É interessante, dado este trabalho por Harry Collins que, em The Golem, ele e Trevor Pinch afirmem que:

A recepção favorável de ciências incomuns como a parapsicologia – o estudo da ‘mente sobre a matéria’, ‘telepatia’, e afins – deu origem a temores de que as ciências marginais estariam tomando o controle. Um movimento contra as ciências marginais foi gerado com membros que assumem para si a tarefa de ‘desmascarar’ tudo aquilo que não está dentro do cânone, em nome do método científico apropriado. Enquanto estes esforços almejem informar o público sobre reivindicações sem apoio, são admiráveis, mas o zelo destes autodesignados vigilantes vai além em áreas onde eles não têm nada a ver. (45)

Um argumento semelhante da comunidade científica contra o trabalho da sociologia da comunidade científica encontraria uma certa resistência. No entanto, Céticos também notam que o Ceticismo sobre-zeloso tem suas falhas; Sagan escreve que uma deficiência da comunidade Cética está em ‘sua polarização: Nós contra Eles’ – isto é, que os Céticos têm o monopólio da verdade. Sagan sugere ‘uma abordagem compassiva que desde o princípio reconhece as raízes humanas da pseudociência e superstição’. (46) Sagan também reconhece que ‘se você for apenas cético, então nenhuma idéia nova chegará a você. Você nunca aprenderá qualquer coisa. Você se tornará um misantropo extravagante convencido de que a tolice está regendo o mundo.’ (47)

Até mesmo Charles Fort reconheceu que ‘não há um físico no mundo que pode perceber quando as palmas de mágico realizam um truque de cartas’. (48) Daí a representação de mágicos (como James "The Amazing" Randi, e Penn e Teller) na comunidade Cética. Porque há ilusionistas altamente capazes que alegam poderes psíquicos, a verificação experimental de tais poderes parece requerer um grau de rigor experimental acima e sobre aquele atingido por um físico como Wheeler. Mágicos estão usando seu conhecimento leigo – conhecimento especializado dentro de uma certa comunidade profissional – para ajudar a comunidade Cética a testar tais alegações de forças psíquicas. O uso de tal conhecimento especializado ocorre nas comunidades Fortiana e Cética. Ambas as comunidades contêm historiadores, teoristas culturais, antropólogos, sociólogos, e assim por diante, que podem trazer seus tipos particulares de conhecimento – conhecimento especializado em disciplinas não-científicas – para lidar com tópicos Fortianos. Por outro lado, muito das teorias sobre fenômenos Fortiano por Fortianos – quando não questionam a própria base da ciência – questionam a validez de explicações científicas a tópicos Fortianos. Mas Sagan nota que ‘muitos sistemas de crenças pseudocientíficos e Nova Era emergem do descontentamento com valores e perspectivas convencionais e se são então eles mesmos um tipo de ceticismo’. (49)

Oscar Handlin nota que, até mesmo quando o déficit público de conhecimento científico foi endereçado:

a habilidade de responder corretamente a perguntas sobre a nova astronomia ou física ou psicologia não modificaram visões antigas sobre o céu e o inferno ou sobre a moralidade pessoal absoluta. Os dois tipos de conhecimento co-existiram em uma justaposição incômoda. (50)

Vários tipos de conhecimento – de fantasmas, de OVNIs, de ESP – são localizados dentro de públicos particulares, e alguns destes conhecimentos são compartilhados pelo público. É possível, por exemplo, ter um público que acredita na realidade de OVNIs e ESP, mas que seja tão cético quanto um Cético sobre a existência de fantasmas. Estes conhecimentos ‘surgem de uma variedade de contextos locais e sistemas de valor pessoais'(51) e não são necessariamente informados por métodos ou teorias científicas. Contextos locais podem ser anedotas ou rumores; um sistema de valor pessoal poderia ser uma crença na interconexão de todas as mentes. Tais conhecimentos situados podem existir fora dos reinos da ciência – como a recente voga da angeologia, que pode ser atualmente abordada corretamente apenas através de algum tipo de modelo sócio-psico-cultural – ou eles podem ‘tocar… a ciência dos cientistas, m
as… não aceitar seus limites’. (52) Tal simbiose entre a ciência e tópicos Fortianos pode ser vista em escritores tais como Deepak Chopra ou Fritjof Capra, onde a teoria quântica se encontra com o misticismo.

Através de vários conhecimentos localizados, o Fortiano se torna Cético, e o Cético se torna Fortiano. O público não-científico pode tomar um pequeno bocado de ciência dali, acrescentar este tópico Fortiano aqui, e chegar a algo que tenta explicar as crenças paranormais localizadas dentro daquele público. Racionalidade-irracionalidade se torna hifenizada. Torna-se parte de um continuum Fortiano, onde tudo está no processo tanto de ser e de se tornar outra coisa.
Ironicamente, talvez, enquanto eu estava pesquisando este ensaio, a ciência forneceu uma razão tentativa para as diferenças em visões entre os Céticos e os Fortianos, e talvez tenha fornecido uma solução para o sentimento de Fort de que havia relações inexplicadas entre os eventos em suas notas. Um artigo na New Scientist, com a manchete ‘Crenças paranormais ligadas à química cerebral’, descreve como ‘pessoas com níveis altos de dopamina são mais propensas a encontrar significação em coincidências e enxergar significados e padrões onde não há nenhum.’ (53) Ironicamente, a própria ciência parece capaz de explicar agora por que Fortianos vêem padrões ou significado onde os Céticos não vêem. O velho inimigo de Fort, a ciência dogmática, tenta explicá-lo. Como Fort teria se sentido?
Este ensaio descreveu o modo pelo qual a ciência é vista e usada dentro das comunidades Fortiana e Cética. Em particular tentou indicar para cada comunidade:

* O que o ‘método científico’ significa
* Que uso é feito do método científico
* Que relevância é dada à pesquisa científica

Nós vimos que para os Céticos o método científico é a ferramenta de escolha. Porém esta não é uma visão normativa da ciência – a maioria dos Céticos esclarecidos está ciente de como a ciência trabalha de verdade no mundo real. Para Fort a ciência dogmática era a inimiga, incapaz chegar à verdade, porque na filosofia de Fort qualquer coisa que devia quebrar coisas em pedaços para chegar à "verdade" do mundo não poderia esperar descrever o mundo real. Fiquei particularmente fascinado pela forma como as especulações selvagens de Fort combinavam com as noções de Feyerabend de uma ciência contra-indutiva. Porém, enquanto Fort mesmo era profundamente cético sobre a habilidade da ciência para chegar à verdade, o Fortianismo contemporâneo considera a ciência como um método pelo qual os padrões na ‘continuidade’ de Fort que engloba a tudo podem ser identificados.

Ambas as comunidades estão interessadas nos mesmos tópicos – aqueles chamados amplamente de ‘Nova Era’. Ambas as comunidades estão usando suas visões de como a ciência deveria proceder ao analisar estes tópicos. As diferenças em ponto de vista conduzem periodicamente a combates entre eles – que foram propriamente as primeiras batalhas nas guerras da ciência. As batalhas entre os Fortianos e os Céticos têm ocorrido às margens da academia, mas raramente colidem com ela. Embora haja cientistas e acadêmicos de várias faixas dentro dos campos Fortiano e Cético, as guerras da ciência que acontecem entre os dois grupos têm sido mais como uma luta de guerrilha, lutando pelos corações e mentes de um público leigo ainda fascinado pelos mistérios do paranormal.

Este ensaio descreveu principalmente o papel do sentimento anti-ciência, as guerras da ciência, e o conhecimento localizado nas duas comunidades. Só tocou outros tópicos de interesse, como o modelo de déficit público de compreensão científica, a comunicação de ciência e a confiança na ciência e nos cientistas. Uma ou duas outras idéias também me intrigam. Fort deveria ser um queridinho dos sociólogos pós-modernistas da ciência, dadas suas idéias sobre a ciência dogmática, seu estado incompleto, a interconexão (holismo?) de tudo, a insuficiência da grande narrativa da ciência, sua filosofia do meio não-excluído (lógica fuzzy?) e assim por diante. Por que Fort não é mais freqüentemente referido por sociólogos da ciência, ao menos para reconhecer sua primazia pré-pós-modernidade? Igualmente, por que o combate entre Fortianos e Céticos raramente é discutido pelos sociólogos da ciência? Aqui nós temos públicos leigos, cheios de conhecimento especializado, confrontando uns aos outros. Este é um confronto que tem acontecido durante pelo menos cinqüenta anos – antes que a escola de Edimburgo até mesmo nascesse. Assim, quando Fuller declara que ‘argumentos que agora parecem reacionários provavelmente contribuirão para a próxima revolução científica como o "retorno do reprimido", em termos Freudianos'(54), o que é este ‘retorno do reprimido’ senão a ‘inclusão do maldito’, em termos Fortianos?

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Notas
1 Bob Rickard, ‘Charles Fort: His Life and Times’, http://www.forteana.org/aboutfort/fortbiog.html, 18/09/2002
2 Ibid.
3 H. Stuart Hughes, Consciousness and Society: The Reorientation of European Social Thought 1890-1930, p. 35.
4 Ibid., p.338
5 An interesting history of the occult revival is given in Peter Washington’s Madame Blavatsky’s Baboon.
6 Charles Fort, The Book of the Damned, p. 14. Throughout this project I have used the hypertext editions of Fort’s works, which have been edited and annotated by the Fortean, Mr. X, at http://www.resologist.net.
7 Ibid., p. 15.
8 Ibid., p. 7.
9 Ibid., p. 14.
10 Ibid., p. 14.
11 Ibid., p. 18.
12 Ibid., p. 22.
13 Colin Wilson, The Occult, p. 38.
14 Martin Gardner, Fads and Fallacies in the Name of Science, p. 3.
15 Ibid., pp. 6-7.
16 Ibid., p. viii.
17 Ibid., p. 3.
18 I.G. Kidd, ‘Sceptics’, in The Concise Encyclopedia of Western Philosophy and Philosophers, ed. J.O. Urmson and Jonathan Rée.
19 Michael Shermer, ‘Skeptics Manifesto’, http://www.skeptic.com/manifesto.html.
20 Quoted by Frederick Edwords, ‘What is Humanism?’, http://www.jcn.com/humanism.html.
21 Martin Gardner, Fads and Fallacies in the Name of Science, p. 49.
22 Ibid.
23 Emails to Fortean ([email protected]) and Skeptic ([email protected]) mailing lists, 20-21st February. 2002.
24 Book of the Damned, p. 20.
25 Mat Coward, ‘Good Fort, Bad Fort’, http://www.forteantimes.com/exclusive/coward.shtml
26 Ian Simmons, ‘Let’s End Science Friction’, FT no.107, February 1998, p. 45.
27 Book of the Damned, p. 17.
28 Ibid., p. 25.
29 Paul Feyerabend, Against Method, p. 12.
30 Book of the Damned, p. 40.
31 Ibid., pp. 87-88.
32 Feyerabend, p. 49.
33 Steve Fuller, Science, p. 15.
34 Dorothy Nelkin, Selling Science, p.80
35 Michael Shermer, The Borderlands of Science, p. 48.
36 Carl Sagan, The Demon Haunted World, pp. 170-171.
37 Fort, Wild Talents, p. 862.
38 Serios could create pictures on a photographic plate using only the powers of his mind!
39 Fads and Fallacies, pp. 321-322.
40 Researcher in psychology at the University of Hertfordshire
41 Reader in psychology, University of the West of England (until 2001)
42 Ibid., p. 30.
43 Gardner, Science: Good, Bad and Bogus, p. 182.
44 B. R. Pamplin and H. M. Collins, `Spoon Bending: An Experimental Approach’, Nature, 257, 8 [4 September, 1975].
45 Harry Collins and Trevor Pinch, The Golem, p. 143.
46 Sagan, p. 282.
47 Ibid., p.287.
48 Fort, New Lands, p. 360
49 Sagan, p.283.
50 Oscar Handlin, "Ambivalence in the Popular Response to Science", in Barnes, p. 263
51 Jeff Thomas, ‘Informed Ambivalence’, in Science Today, p. 166.
52 Ha
ndlin, p. 266.
53 ‘Paranormal beliefs linked to brain chemistry’, New Scientist, 24 July 2002
54 Fuller, p. 121.

Referências

Collins, Harry, and Trevor Pinch, The Golem: What Everyone Should Know About Science, (Cambridge, UK: Cambridge University Press, 1996)

Coward, Mat, ‘Good Fort, Bad Fort’, http://www.forteantimes.com/exclusive/coward.shtml, 29/09/2002

Edwords, Frederick, ‘What is Humanism?’, http://www.jcn.com/humanism.html, 29/09/2002

Feyerabend, Paul, Against Method, 3rd edn., (London: Verso, 2001)

Fort, Charles, The Book of the Damned, http://www.resologist.net/damnei.htm, 29/09/2002

___ New Lands, http://www.resologist.net/landsei.htm, 29/09/2002

___ Wild Talents, http://www.resologist.net/talentei.htm, 29/09/2002

Fuller, Steve, Science, (Buckingham, UK: Open University Press, 1997)

Gardner, Martin, Fads and Fallacies in the Name of Science, rev. edn., (New York: Dover, 1957)

___ Science: Good, Bad and Bogus, (New York: Prometheus Books, 1989)

Handlin, Oscar, ‘Ambivalence in the Popular Response to Science’, in Barry Barnes, (ed.), Sociology of Science, (London: Penguin, 1972)

Hughes, H. Stuart, Consciousness and Society: The Reorientation of European Social Thought 1890-1930, (Brighton, UK: Harvester, 1979)

Nelkin, Dorothy, Selling Science, rev. edn., (New York: W. H. Freeman, 1995)

Pamplin, B. R., and H.M. Collins. `Spoon Bending: An Experimental Approach’, Nature, 257, 8 (September, 1975)

Philips, Helen, ‘Paranormal beliefs linked to brain chemistry’, New Scientist, 24 July 2002

Rickard, Bob, ‘Charles Fort: His Life and Times’, http://www.forteana.org/aboutfort/fortbiog.html, 18/09/2002

Sagan, Carl, The Demon-Haunted World, (London: Hodder Headline, 1996)

Shermer, Michael, ‘Skeptics Manifesto’, http://www.skeptic.com/manifesto.html, 29/09/2002

___ The Borderlands of Science, (Oxford: OUP, 2001)

Simmons, Ian, ‘Let’s End Science Friction’, Fortean Times, no.107, February 1998

Thomas, Jeff, ‘Informed Ambivalence’, in Science Today: Problem or Crisis, eds. Ralph Levinson, and Jeff Thomas, (London: Routledge, 1997)

Urmson, J. O. and Jonathan Rée (eds.), The Concise Encyclopedia of Western Philosophy and Philosophers, rev. edn., (London: Unwin Hyman, 1991)

Washington, Peter, Madame Blavatsky’s Baboon, (London: Martin Secker and Warburg, 1993)

Wilson, Colin, The Occult, (St. Albans, UK: Mayflower Books, 1975)

2 comentários sobre “Ciência, Fortianos e Céticos

  1. Um texto um pouco extenso, linguagem um pouco rebuscada, nenhum elemento que fira as “verdades absolutas”…
    Silêncio total…
    Mas se você se atrevesse a meramente citar o episódio de Babel, do desencontro de línguas e pensamentos…pode acreditar que esse tema já colecionaria centenas de post’s.
    O sapiens renega seu nome.
    Quando o assunto é pensar, ele se furta.
    Prefere as verdades pré-fabricadas…claro, exigem esforço nenhum.
    Prefere o inusitado, o mágico, o sobrenatural…
    Prefere alimentar uma crença. Um futuro (sempre o futuro!) onde será recompensado pelas agruras do hoje.
    Prefere alimentar a esperança do mamilo providencial…do maná sem esforço.
    Não gosta da idéia de construir pontes…prefere a facilidade de alguém dividindo as águas…
    Por a culpa nos outros, por a responsabilidade inerente aos cuidados de alguma divindade.
    É cômodo, é agradável, é sedutor.
    Nesse ponto fecunda-se a preguiça mental e são gerados os dogmas.

    Abraços

  2. Gostaria de compartilhar a sensação positiva que tive enquanto lia sobre a linha de raciocínio fortiana. Sou psicólogo e chegue até o site por meio de um livro que estou terminando de ler: UFO’s O último grande segredo de Curt Sutherly.
    Percebo que minha caracteristica de leitura se enquadra no estilo fortiniano de ler devido as seguintes passagens que citarei a seguir: “Semanas mais tarde, em sua casa perto de Alamosa, a senhorita B recebeu a visita de um homem interessado em sua pintura. O visitante, aparentando ter cerca de 35 anos, comportava-se de maneira estranha e declarou ser de outro universo. “Não sei ler”,”explicou”, “mas me diga o nome de qualuqer livro, em qualquer biblioteca, e eu poderei lhe contar o conteúdo dele”. Nervosa com o desconhecido, a senhorita B perguntou-lhe como soubera de sua pintura, em ves de responder à pergunta, ele apenas lembrou-a de que não podia ler, e tratou de confundi-la ainda mais ao afirmar que os humanos perdem muito tempo e energia na busca por alimento “quando tudo poderia ser tirado com facilidade da atmosferta” (CURT SUTHERLUY; pg. 43).
    Sendo conhecidencia ou não, também estou lendo um livro sobre PNL: Poder sem Limites, de ANTHONY ROBBINS.
    No capitulo X: Energia: O combustivel da exelência, Robbins cita que existem seis chaves para uma vida saudavél sendo que a primeira é: ” Comecemos com a primeira chave para viver com saúde – o poder da respiração” (pg. 164).
    Finalizando o raciocinio, Carl R. Rogers em Tornar-se pessoa relata que: “Não podemos ver tudo o que nossos sentidos relatam, mas somente as coisas que se ajustam à imagem que temos” (pg. 130).
    Gostaria de concluir meu raciocínio voltado ao sitema maldito, ou, objeto maldito: O capitalismo, onde as pessoas não permitem uma rede de sucesso, mais sim meios de coersão. Logo fico feliz em saber que poderei ler retalhos de curiosidades que não alieniam, mais ampliam a realidade sobre possibilidades de conhecimento e evolução.

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