O Extraterrestre do Novo México

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“Em 1947, no estado norte-americano do Novo México, um UFO acidentou-se e foi resgatado pelas autoridades militares. Imediatamente, os destroços e os corpos de vários seres extraterrestres foram levados para instalações de máxima segurança, na Base Aérea de Wright Patterson, no estado de Ohio — onde se situa o Hangar 18. O fato foi mantido em segredo por 30 anos, quando alguns membros da equipe médica resolveram contar o que sabiam. Nesta ocasião, algumas fotos em preto-e-branco das criaturas foram apresentadas a poucos ufólogos norte-americanos, sendo que estes se comprometeram em mantê-las em segredo por mais de 10 anos. Agora, as fotos foram liberadas e estão sendo publicadas na imprensa ufológica” [Revista UFO, vol. 4, n.16, p13. ago/set 1991]

A fotografia ilustrava a capa da revista sobre discos voadores, que anunciava “Finalmente! Liberados segredos sobre ETs que caíram em Roswell, 1947”. Mas as informações “liberadas” eram confusas:

“Infelizmente, [as fotos] são de péssima qualidade. Por isso, técnicos em fotografias e escultores fizeram um boneco de cera baseados na análise das fotos originais. Montaram o boneco numa mesa, exatamente como nas fotos de 1947, e fizeram novas fotos, desta vez coloridas. Embora não seja uma das fotos originais, a imagem acima é exatamente como tal e mostra um dos ETs do acidente do Novo México, apenas algumas horas depois de morrer”.

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Afinal, a fotografia era de um boneco, ou de um dos ETs do acidente algumas horas depois de morrer? Podemos entender que a revista alegava que as fotos originais em preto e branco eram autênticas, e esta colorida sim seria de um boneco. Seja como for, a revista se congratulava em ser “a primeira publicação a mostrar tais fotos, resultado de um estudo absolutamente completo e exato”.

Em verdade a afirmação é duplamente falsa. As imagens haviam circulado anteriormente em uma revista soviética, Technika Molodezsi (Técnica e Juventude) com a seguinte legenda:

Acredita-se que o ser representado nesta foto é o corpo do piloto de um OVNI que se acidentou no território dos Estados Unidos. Em verdade esta é a foto de um modelo que se exibiu em uma exposição internacional. A explicação que se dava no rótulo era: “Esta é uma representação de como pensam os americanos que são os humanóides”.

Isto é, mesmo antes das revelações exclusivas, um estudo “absolutamente completo e exato” deveria ter indicado que desde o início já se informava claramente que todas as fotos, em preto e branco ou coloridas, seriam apenas um boneco exibido em uma exposição internacional. A versão publicada pela revista UFO em 1991 de fato coincide com a que se tornou mais conhecida quando foi publicada no mesmo ano no verso do livro de James Moseley, “UFO Crash Secrets at Wright Patterson Air Force Base“. Novo México, Hangar 18 e a base de Wright Patterson vieram da mesma fonte.

Já as fotografias originais em preto e branco vieram da russa Marina Popovich, que as divulgou pela primeira vez em uma conferência OVNI organizada por Michael Hessemann em Munique em junho de 1990. Ela por sua vez as obteve do compatriota Felix Ziegel, que finalmente as obteve de um canadense. E o Canadá seria a verdadeira terra natal deste (boneco) alienígena.

Pouco depois da publicação do livro de Moseley em 1991, Antonio Huneeus finalmente pôde estabelecer com o canadense Richard Glenn que o boneco havia sido criado pela artista Linda Corriveau para uma exposição em Montreal.

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Nenhuma das histórias sobre Roswell, Hangar 18 e Wright Patterson era verdadeira. Em 1998, a própria Corriveau contaria sua história na rede, revelando que a imagem do boneco foi criada a partir de descrições publicadas em revistas populares. Ela nunca viu extraterrestres, embora acredite em sua realidade, e chamou o modelo de “Homem dos meus sonhos”, porque “provinha do mais profundo de meu inconsciente”.

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O boneco era feito de cera, e usava um traje de mergulho pintado com spray prateado. Mesmo nas imagens circuladas inicialmente se via claramente um zíper, um curioso adereço para um visitante de uma civilização avançada. Ele foi exposto no pavilhão “Strange, Strange World” de 1978 a 1981, sendo visto por milhares e milhares de visitantes, fotografado e mesmo filmado pelo próprio Glenn.

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Em retrospecto, nota-se que a imagem colorida, reproduzida na própria revista UFO, contém parte do texto da descrição acima da cabeça do boneco.

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Também em retrospecto, nota-se que desde o início já se sabia que era um boneco, mas ufólogos sensacionalistas, de Popovich ao editor de Moseley, chegando mesmo à revista UFO no Brasil, se esforçaram na ambiguidade de insinuar que era um boneco… mas ainda assim era real, um extraterrestre morto “poucas horas antes”.

O fato de ser um boneco era um pequeno detalhe na arte de insinuar que era a fotografia de um extraterrestre real.

Referências

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6 comentários sobre “O Extraterrestre do Novo México

  1. Impressionante as bonequinhas desses artistas ; Saber qual valor de caracterizar um suposto extraterrestre … somente p/ filminhos  de ficção , e publicações enganosas como fato real

  2. penso eu?que isso e uma falta de respeito com o desconhecido as coisas mais bisarras que eu ja vi ,ouvi e li sao coisas desatenciosas que quem escreve poderia ter um senso de tranquilidade e respeito ao pronunciar sobre o desconhecido e saber que somos vigiados o tempo todo.Desculpe isso e o que penso e respeito o modo de cada um pensar desde que o pensamento seje respeitoso

  3. Na minha opinião, o site é interessante, mas deveria ser mais imparcial. Tanto acreditar cegamente como desacreditar cegamente são posições medíocres e inocentes da realidade das coisas.
    Ao divulgar informações na web deve-se tomar cuidado, pois muitas pessoas também não têm tal discernimentoe, portanto, podem estar compartilhando da mesma visão míope dos escritores deste site.
    Mente aberta sem fantasias é viver a realidade.

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