A Esfera Espacial de Goiás

Problemas técnicos impediram uma cobertura atualizada da queda de uma esfera próxima de Montividiu, Goiás, no último dia 23 de março por CeticismoAberto, mas desta vez felizmente a questão foi rapidamente esclarecida em seus elementos básicos pela imprensa e mesmo um órgão governamental, a CNEN, que em poucos dias assegurou não haver perigo radioativo no lixo espacial. Porque era, claro, apenas mais lixo espacial em reentrada.

O que ainda não foi bem divulgado mesmo hoje é a identidade do objeto. Como o grupo Apollo11.com informa, a esfera é provavelmente parte de um foguete lançador “Centaur” de um Atlas V lançado em outubro de 2007, e que iniciou sua reentrada na atmosfera em 22 de março às 01h34 pelo Horário de Brasília, acima do oceano Pacífico.


[Detalhe de um lançador Centaur, e tanques de carbono “COPV”]

Não só uma esfera negra, em verdade um tanque de hélio, faz parte de tal lançador, como a esfera negra é idêntica em sua formação ao que se viu em Montividiu ou mesmo na Austrália, algum tempo antes. É uma estrutura de titânio sob pressão envolta em compósito de carbono/epóxi, e o que parecem “fitas” são fibras de carbono. Estruturas utilizando Kevlar ao invés de carbono também são utilizadas, mas provavelmente não são o que se vê nos lançadores Centaur ou o que reentrou em Goiás. Testes de impacto em tais recipientes evidenciam tal similaridade:

Praticamente todo o ano há a reentrada de lixo espacial sobre o país, por vezes com a recuperação de destroços no solo. Casos recentes incluem a reentrada sobre o Piauí e Ceará de parte do foguete que lançou um rover marciano, em julho de 2004, e um satélite chinês riscando o céu do Rio Grande de Norte em novembro do mesmo ano; o espetaculoso avistamento no Matro Grosso do Sul e Paraná da reentrada de um foguete chinês em pleno Reveillon de 2007 e a reentrada de um foguete russo em maio de 2007 vista do Rio Grande do Sul a São Paulo. Apenas no caso no Ceará, em julho de 2004, e neste caso recente de Goiás foram recuperados destroços, incluindo em ambos reservatórios de foguetes lançadores.

Em quase todos os casos, “ufólogos” e afins confundiram e venderam as reentradas de foguetes e satélites como discos voadores alienígenas, chegando ao cúmulo de sugerir que as naves ETS teriam acompanhado a queda de lixo espacial após a sua identificação. O pesquisador mexicano Luis Ruiz Noguez oferece, em espanhol, um dossiê completo com dezenas de casos de reentradas e a exploração ufológica do tema em Marcianitos Verdes: “Los OVNIs Boludos“, parte 2, parte 3, parte 4, parte 5, parte 6, final.

[via Vigília]

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