Fala sério… A Experiência UFO como um Teatro

por Martin Kottmeyer, publicado em Magonia 27 em 1987

Qual é o propósito do fenômeno UFO? Responda essa questão e talvez o resto da figura comece a fazer sentido. O que eles são e de onde vêm pode vir a ser mais bem respondido abordando o problema na direção oposta. 
A solução à teleologia do fenômeno UFO tendeu no passado a duas hipóteses, se é que tendeu a algo: aprendizado e ensino. Eu rejeito ambas alternativas com base no não-contato. Toda boa educação é baseada na interação entre o estudante e o professor. Se eles querem nos influenciar não iriam aparecer furtivamente e procurar criar medo e paranóia. Se eles querem aprender conosco eles deveriam vir a nós e fazer perguntas. Se eles nos querem culturalmente inalterados como um experimento em sociologia, iriam camuflar suas atividades melhor.
A irracionalidade do fenômeno UFO tem sido comentada com freqüência por ufologistas. O jeito alien de fazer as coisas tem freqüentemente ido além do impenetrável rumo ao totalmente estúpido. Divertindo-me com os padrões no comportamento UFO certo dia, eu percebi que em toda sua irracionalidade o fenômeno UFO ainda assim possuía uma lógica. Não a lógica da educação, mas a lógica do teatro.
Todas as perseguições deram a pista disto. Perseguições são um item principal em nossas vidas de fantasia. É o elemento da fórmula na maioria dos programas de ação e aventura. Onde estariam os cineastas se não houvesse pneus cantando e velocímetros em disparada para manter a ilusão de que algo está acontecendo? Metade dos filmes blockbusters em anos recentes têm perseguições: Star Wars, O Império Contra Ataca, Caçadores da Arca Perdida, Indiana Jones e o Templo da Perdição e, apropriadamente, Contatos Imediatos de Terceiro Grau.
A confiança em seqüências de perseguição é compreensível: é uma forma rápida e simples de aumentar a tensão e acentuar as relações de conflito entre os personagens. As imagens cinéticas e o cheiro de perigo excitam os sentidos.
A freqüência de perseguições em filmes e na TV contrasta de forma ultrajante com sua freqüência na vida real: poucas pessoas já testemunharam tais perseguições, menos ainda participaram delas. A audiência presumivelmente percebe que isso é irreal, mas se esquece de criticar essa ilógica já que ela reconhece que a ficção opera através de convenções apenas ocasionalmente relacionadas com a vida real. A realidade, afinal de contas, não é tão excitante quanto o entretenimento. É por isso que o entretenimento existe. Essas convenções são perdoadas por uma expressão – licença dramática.
Na ufologia é uma questão de simples de observação que perseguições são um lugar absurdamente comum. Em uma amostra relativamente pequena de 80 casos tirados da região de Uintah de Utah por Frank Salisbury, não menos que seis perseguições estavam em evidência. Salisbury sentiu que isso constituía um padrão que forçou a questão aos ufologistas de por que UFOs deveriam querer seguir carros.
George Fawcett em um estudo maior de características repetitivas do fenômeno UFO determinou que a perseguição de UFOs por aviões no céu e por carros em auto-estradas livres é uma característica que deve ser explicada se vamos solucionar o mistério dos discos voadores. Apenas no ano de 1967, Fawcett contou 81 perseguições UFO a carros em todo mundo. 
E ainda mais, as perseguições envolvem todo recurso dramático que pode ser visto em entretenimento de massa. O fenômeno UFO rivaliza a série James Bond em sua tentativa de aproveitar-se de toda possibilidade de desordem em veículos. Considere se desejar uma contagem incompleta que eu compilei de temas relacionados a veículos colhida da literatura UFO: disco persegue carro; disco bate em carro; carro controlado por força alien; forças alienígenas forçam carro para fora de controle; veículo torna-se aéreo; carro levantado em duas rodas; carro virado em 180o; carro teleportado; disco se acidenta sobre carro; perseguição policial a um disco; disco persegue ambulância; disco persegue trem, avião, caroneiro, trenó motorizado; disco atira em carro;homem pula de carro antes dele bater em prédio; disco bloqueia estrada; disco brinca de pega-pega com avião; disco resgata helicóptero; disco engole avião; disco explode avião; e avião desaparece depois de relatar problemas envolvendo um disco.
A existência e características destes casos não apresenta qualquer explicação possível fora do reino do teatro. A que razão possível perseguições poderiam servir a um extraterrestre pilotando um dragster aéreo envenenado que, se alguns relatos servirem de guia, podem dar voltas ao redor de uma libélula? Se ele quisesse a nave Terra poderia acoplar-se a ela em segundos e não gastar uma boa dose de tempo enroscando os cabelos dos motoristas de veículos. O espetáculo de carros, incluindo carros de polícia, perseguindo naves com a habilidade implícita de alcançar velocidade de escape da Terra em si deve ser visto como pura farsa se não formos aceitar esses episódios sob a condição da licença dramática.
Como perseguições, o seqüestro, abdução é um item principal em dramas de ação e aventura: a disparidade da freqüência das abduções em dramas comparada com a vida real é novamente evidente. A essência de todo drama é o conflito; para que o conflito tenha lugar é preciso um pretexto que una os antagonistas. Idealmente um dilema moral deve existir. O seqüestro leva a um dilema moral muito claro e ao mesmo tempo inevitavelmente deixa o herói interagir com o vilão.
Nós sabemos que a abdução não era uma característica necessária de contatos com extraterrestres. Originalmente a novidade do contato era suficiente para capturar o interesse de sua audiência. Problemas surgiram nesses contatos: a escolha do contatado e a atitude cuidadosa dos aliens em dar presentes de qualidade proporcional à sua conversa benevolente. Depois de um certo número de incidentes embaraçosos como as fotos de Adamski e a renúncia de Howard Menger, o destino dos contatados era audiência em declínio. O advento das abduções representou uma virada fortuita de dramaturgia. Abduções uniam aliens e humanos, e então sobrepôs o elemento de conflito e poder. Ela desculpava a falta de contato e presentes e, ao diminuir sua aparência amigável, permitiu uma maior medida de inescrutabilidade em seus atos.
A abdução é claramente antiética em sua falha em obter consentimento e, mais significativamente, em seu desprezo pela convenções da cultura hospedeira. É no mínimo problemático que uma cultura possuindo a racionalidade e cooperação mútua necessária para construir a tecnologia implícita aos avistamentos de discos deva empenhar-se na abdução. É mais provável, em minha opinião, que é uma convenção dramática fundamentando a freqüência da abdução entre os contatos UFO contemporâneos. Curiosamente, a maioria destas abduções outro recurso dramatúrgico – a amnésia. Às vezes chamada de gripe comum da novela, é extremamente rar na vida real, mas suas possibilidades dramáticas são muito sedutoras para roteiristas de TV. A vítima é confrontada com o mistério da um pedaço faltando em sua vida acompanhado de conflitos em uma mudança na relação da vítima com seus amigos e inimigos. A solução geralmente envolve uma resolução em clímax do personagem traumático. Há também elementos de simpatia e tensão que podem ser usados. Roteiristas dificilmente podem ser acusados em sua tendência a retornar freqüentemente a este recurso.
Da mesma forma, na ufologia
a amnésia é comum. É geralmente limitada a um breve período de tempo perdido e não é associada com trauma físico ou emocional. Ao invés disso é considerada uma exclusão dos eventos da mente pelos abdutores. O que denuncia a intenção dramática deste evento é recuperação da memória. Sem sua recuperação obviamente não haveria um enredo. Exclusão permanente pareceria uma característica mais adequada a uma super-tecnologia.
Explosões e acidentes são os ápices dos shows de aventura. Mais uma vez é uma freqüência exagerada entre relatos de UFO que parece falar mais a uma função partilhada do entretenimento do que a um aspecto de realidades tecnológicas.
Imunidade a armas é um recurso freqüentemente visto em filmes de monstros e dá um senso alienígena e de poder. Ela faz o mesmo na ufologia e ainda serve para evitar que evidência caia na posse de indivíduos na Terra.
Violar o senso científico é um erro de ficção científica que encontrou seu lugar na UFOlogia: coisas como anti-gravidade, levitação pessoal, invisibilidade, leitura da mente, campos de força, interpenetração de matéria e viagem no tempo. Nenhum cientistas poderia ser acusado ao desacreditar na qualidade de vale-tudo da tecnologia alien; alguns destes dispositivos têm sido parte da maleta de truques do mágico de palco por séculos. E assim como o fizeram pelos seus executores, estas ilusões produziram a qualidade desejada de espanto quando vistas em relatos de UFO.
O campo de força é uma invenção mais recente de escritores de ficção científica – eu não conheço nenhum apologista da ficção científica que garanta a menor plausibilidade ao conceito. O uso de campos de força é um dos argumentos mais fortes de que os que relatam UFOs emprestam da ficção científica ao construir um veículo dramático para suas observações.
Raios da mente são igualmente suspeitos, dada a complexidade do cérebro humano. Sua visibilidade fala por sua origem dramatúrgica: a luz pouco provavelmente afetaria mudanças altamente específicas na função cerebral. A possibilidade da luz ser uma função incidental da radiação de programação sugere energias mais prováveis a fritar um cérebro do que modificá-lo.
Estes exemplos de recursos dramatúrgicos são apenas os mais distintos de todo um padrão de comportamento mostrado pelo fenômeno UFO que só pode ser aceito sob o abrigo da licença dramática. Entendendo que a ufologia é moldada por tais convenções, não deve ser surpresa que há dúzias de paralelos destes recursos em filmes de ficção científica incorporando temas de contato e invasão alienígena.
Ao dizer isto eu não implico que há um plágio consciente. A maioria destes paralelos surge apenas pelas necessidades da licença dramática. A exposição a aliens cinemáticos leva a um entendimento da lógica dramática que é usada posteriormente, mas a função desta forma de inspiração provavelmente não é extensa.
Se há um caso de paralelismo que parece envolver plágio, teria sido as similaridades entre as mensagens do alien no notório ‘Plan Nine from Outer Space’ e a mensagem de Valiant Thor de Vênus como foi apresentada no livro de 1967 ‘Stranger at the Pentagon’. Eu devo dizer, entretanto, que eu não acredito que qualquer pessoa iria ter a audácia de conscientemente modelar sua história sua história em material daquele filme monumentalmente ruim. Poderia ser coincidência!
A ficção científica e o fenômeno UFO são mais diretamente ligados por conteúdo do que por convenção. Marjorie Hope Nicholson apontou a ligação que discos voadores tiveram na tradição de séculos de viagens cósmicas em sua história sobre essa tradição, ‘Voyages to the Moon’. Considerando que seu livro foi publicado em 1948, muito antes que reviravoltas dramáticas transpirassem na ufologia, sua avaliação parece virtualmente clarividente.
A idéia do extraterrestre e sua exploração criativa é central tanto na ficção científica quanto nos UFOs. Os sonhos de abduzidos podem traçar sua ascendência através da linhagem composta por H.G. Wells, Júlio Verne, Emanuel Swedenborg e Jonathan Swift, originando os sonhos do Kepler’s Somnium. A viagem de Kepler à Lua abriu este universo de imaginação e era bem explorada no tempo em que Adamski deu uma volta à terra pastoral na Lua.
Bertrand Méheust escreveu um estudo longo dos paralelos entre a ufologia e ficção científica pré-discos, que ele descobre anunciar muito da bagagem da ufologia contemporânea: efeitos eletromagnéticos, reações de animais, traços no solo, raios de luz e amnésia. Entidades e naves em ficção científica antiga mostram as mesmas habilidades mágicas de entidades UFO contemporâneas. Ele inclui mais de uma dúzia de ilustrações de discos pré-datando a era moderna em décadas e que são iguais à versão presente até os rebordos nas extremidades, torres decoradas e janelas.
Este último é um enigma particularmente atraente. Toda coleção de ilustrações de ficção científica inclui exemplos de discos desenhados antes que aparecessem em céus reais.Quando uma pessoa vê pela primeira vez estas prefigurações a identidade não admite ambigüidade. Você não pensa ‘Isto podia ser um disco voador’, você pensa ‘Isto é um disco voador’. Pode-se oferecer diversas explicações para esta identidade. Talvez artistas de ficção científica tiveram encontros com discos antes de 1947. Talvez os desenhos alojaram-se nas memórias das pessoas e depois de 1947 as imagens tornaram-se sobrepostas a más identificações de OVIs. Talvez artistas de ficção científica são simbólicos. Talvez há uma profunda ressonância psicológica na forma, favorecendo sua aparição em contextos extraterrestres. Talvez aliens desenharam suas naves de acordo com as ilustrações. E, também, poderia ser uma casualidade.
Eu acredito que a semelhança é fruto do acaso. Ilustradores de ficção científica eram parciais por foguetes na maioria de suas ilustrações, em deferência às extrapolações científicas de seu tempo, mas eles de nenhuma forma se limitaram a um pequeno repertório de possibilidades. Eles exercitaram sua criatividade para explorar uma gama maior de novas formas que poderiam ser utilizadas para a viagem espacial. Das coleções de desenhos de ficção científica que eu tenho à mão, encontro naves em todas estas formas: esferas, hemisférios, elipses, ovos, cones, quadrados, cilindros, triângulos, formas de Saturno, roscas, sinos, corações, gotas de chuva, bumenrangues, peixe e outras formas elementares.
Havia, naturalmente, estruturas artísticas maravilhosamente convolutas além de uma descrição simples, e não-naves como bicicletas aéreas e uma concha flutuante dispondo apenas de almofadas! Os discos voadores constituem apenas uma variação na diversidade de formas. Há a inevitabilidade da aparência discóide dada a construção razoavelmente simples ao adicionar uma cabine central ao disco.
O argumento funciona também na direção oposta. Embora haja uma parcialidade ao disco há uma diversidade abundante de formas achadas em relatos de UFO. Eu achei todas as seguintes descritas ou desenhadas na literatura UFO: esferas, hemisférios, elipses, ovos, cones, quadrados, cilindros, triângulos, formas de Saturno, roscas, sinos, corações, gotas de chuva (começando a soar familiar?) e assim por diante. O paralelo discóide realmente não pode ser visto como fascinante em face de todas estas outras similaridades. Algumas como o paralelo UFO/Ficção científica entre uma nave em forma de gota de chuva tendo um anel de Saturno à volta em uma relação idêntica são muito mais fascinantes. É apenas quando estas formas tornam-se mais intrincadas ou audaciosas que se encontram dificuldades em achar paralelos entre os dois gêneros.
É possível considerar a criatividade demonstrada nas formas de disco ao levar em conta todos os acessórios disponíveis aos UFOs. Eles rivalizam
a indústria automobilística de Detroit em todas as opções, incluindo em ambos os casos: barbatanas, janelas, quadros, tetos solares em domo, revestimento cromado, superfícies texturizadas, pintura personalizada, fixas de corrida, decalques, acessórios para exaustão, antenas, grades, sensores externos, TV tela grande e uma miríade de conjuntos de luz.
Em relação ao papel do ufonauta, uma mostra similar de diversidade criativa foi achada. Alvin Lawson escreveu um documento que demonstrou fortemente este ponto. Ele descobriu que aliens UFO podem ser agrupados genericamente em seis categorias: humanos, humanóides, animais, robóticos, aparições e formas possuindo deformidades exóticas (número impróprio de membros, desproporção das partes do corpo). Lawson vai adiante para mostrar que seres imaginários de várias cosmologias ficcionais mostram uma gama idêntica de formas. Cada um dos seis tipos têm membros na mitologia grega, cristão, reino de fadas, no País das Maravilhas de Alice, o drama Shakesperianos, ficção científica e até arte mostrada em caixas de cereal!
Duas das poucas pessoas que tentaram mostrar a falta de criatividade que existe na ufologia são Frederick Malmstrom e Richard Coffman. Para fazer isto eles construíram um alien imaginário de anatomia unípede [NdoT: Pelo visto nunca ouviram falar no Saci-Pererê]. Eles então opinaram que aliens serão baseados mais provavelmente em fisiologias exóticas do que nas formas humanas ou humanóides freqüentes. Isto é uma predisposição antropocêntrica. Válida até certo ponto, eles falham ao declarar a falta de criatividade dos que relatam UFOs. Unípedes foram relatados em pelo menos quatro ocasiões – Pascagoula; C.A.V. do Peru, Washington em 19 de janeiro de 1977; Paciência, Brasil em 30 de setembro de 1977 [NdoT: Pelo visto aqui eles conheciam o Saci]. Eles também falham em reconhecer a presença de criaturas virtualmente inclassificáveis como o bípede de Betty Andreasson parecido com uma árvore-sapo tendo olhos nas pontas dos caules usados em sua não-cabeça, ou as criaturas de gelatina dançando em volta de um disco cintilantes em um encontro suíço de 1958. Não pode haver justificativa em tentar diminuir a criatividade da imaginação do fenômeno.
Se há um porém na diversidade dos aliens é a ausência total de uma categoria de bestas imaginárias: criaturas ultra-gigantes como as da magnitude do King Kong, Godzilla e todos os arranha-céus andantes sapateando na paisagem japonesa em filmes de monstros. A ficção científica teve pouca hesitação em usar esta forma ao copiar a trama de invasão alien de H.G. Wells. Stanislaw Lem descreveu de forma colorida este comportamento de ficção científica popular nestes termos:

Ele praticou uma exploração brutal, um saque em sua busca por inspiração, livros de história e o sistema Linneano e afins, para fornecer lagartos, moluscos com braços, caranguejos, insetos e assim por diante com inteligência. Quando até isso se tornou surrado e presentemente entediante, o tema da ficção científica foi ao chão em seu extremismo teratológico dominado por filmes de horror de terceira categoria, que é perfeitamente desprovido de conteúdo bem pensado. [Sobre ‘Roadside Picnic’de Strutgarsky em Science Fiction Studies 31, novembro de 1983]

A ausência de aliens ultra-gigantes é um dos esperançosos sinais de racionalidade da forma geral do fenômeno UFO. Tal ultra-gigantismo foi aplicado por vezes a naves mas nada como os Micrômegas de Voltaire, isto ainda está para transparecer na Terra. A menos que haja um fator sociológico reprimindo o relato e aceitação de tais relatos, sua ausência é um problema curioso para o paradigma de um teatro baseado em imaginação. Embora dificilmente uma objeção fatal a tudo que já foi visto até aqui, eu sinto que eles deveriam existir. Eu clamo que qualquer investigador exposto a tais casos os faça conhecidos.
A diversidade da imaginação e o uso da licença dramática vistas na forma do fenômeno UFO apóiam a visão dele como um teatro. Onde a testemunha se encaixam nessa visão? Aqui nós devemos nos voltar a uma questão feita primeiro por J. Allen Hynek em seu livro ‘The UFO Experience’. Poderia ela estar atuando? Poderia ela ser um ator tão bom? Caso positivo, com que finalidade? Hynek diz que pensou nessas questões muitas vezes sem chegar a uma resolução. 
É minha vez de lidar com a questão e eu a respondo na afirmativa. Aqueles que relatam UFOs estão atuando. São as descrições da performance das testemunhas pelo próprio Hynek que me levam a esta visão. Ele diz que as testemunhas tipicamente devem buscar por uma linguagem para falar das qualidades indescritíveis que o UFO manifestou. Este é um método tão claro de inspirar assombro e mistério que dificilmente precisa ser notado.
Outro aspecto dos relatos de testemunhas é que eles são comumente enquadrados na fórmula da escalada de hipóteses. Para Hynek isso sugere uma exploração racional das possibilidade do que o UFO poderia ser. Mas isto pode ser considerado um meio de construir uma tensão dramática rumo à realização em clímax que se tem na presença de um mistério.
Superlativos estão livremente espalhados entre relatos para acentuar a excitação das testemunhas. Hynek diz que a frase ‘Eu nunca vi nada assim em toda minha vida’ recorre freqüentemente em suas interrogações. Verossimilhança é um pré-requisito tradicional do teatro. A mostra de sinceridade a as atestações naturais que elas não inventaram ou não poderiam inventar tudo – Palavra de escoteiro! – não é uma defesa contra esta visão.
Eu não estou dizendo que aqueles que relatam UFOs não acreditam no que estão nos contando: o que está sendo reconhecido é que um interrogatório precisa de uma performance social onde a pessoa que reporta procura convencer uma figura de autoridade para validar sua experiência. Ser um bom ator simplesmente significa sustentar as convenções desta situação. Nesta visão eu estou seguindo Erving Goffman e sua trabalho ‘The Presentation of Self in veryday Life’, onde ele mostra que nós continuamente assumimos papéis em nossas interações com outras pessoas e adotamos convenções aceitas para sermos levados a sério. De acordo com Goffman, a maioria das pessoas são bons atores.
O uso de regressão hipnótica pode ser visto como uma extensão do comportamento de incorporar papéis das testemunhas e portanto um instrumento apropriado no Teatro dos UFOs. Na interpretação de Theodore Sarbin da hipnose, os pacientes não se comportam de acordo com qualquer modelo modelo fisiológico ou mental: eles respondem de acordo com as pré-concepções e expectativas daquele indivíduo. Mude suas expectativas sobre o que a hipnose é, e seu comportamento muda. Não há um padrão universal de resposta.
A experiência introspectiva dos sujeitos à hipnose é comumente indistinguível daquela do ator. Isto é marcadamente verdade em respeito a características como o estado dissociado do ator de sua personalidade normal, e sua perda de si mesmo em um papel de exclusão da consciência do seu ambiente. Pode-se ver o papel dramática da hipnose mais forçadamente na regressão hipnótica com a intenção de revelar experiências de vidas passadas. Ian Watson, em sua crítica da área nota que estas encarnações são tipicamente revividas com emoção considerável. Ela necessita da hipótese de um mecanismo extremamente poderoso e inconsciente funcionando dentro da mente.
Watson argumenta com força que estas experiências não tem evidências e seu conteúdo às vezes deriva de trabalhos de ficção histórica. Isto é reforçado pelos experimentos de Alvin Lawson (ver Magonia 10) onde ele colocou pessoas sem experiências UFO no papel de um relator de UFOs e obteve estórias similares na maior parte das formas às pessoas que tiveram experiências UFO. Aqueles com uma experiência prévia foram um pouco mais emocion
ais (i.e. dramáticos) que aqueles sem, isto está completamente de acordo com relatores de UFOs estando em uma predisposição dramática.
Para que tal encenação é dirigida? Aplauso. Aprovação. A figura do interrogador é usada para atestar a veracidade e sanidade da pessoa que relata. Quando o investigador decide não fazer isso, seja porque a performance é falha ou porque o UFO é explicável, a reação da pessoa que relata é geralmente de desapontamento e hostilidade. Críticas ruins irão fazer isto. Se a curiosidade e verdade fossem as forças motrizes, satisfação e elogio pela perspicácia do investigador seriam reações mais lógicas.
Identidade com o relator é outro fator, e é um apoiado pelas perversidades do fenômeno UFO. Tudo está contra ele: ele é assediado pelas forças do caos; suas capacidades de ação são tiradas dele; locomoção, agressão e documentação todos falham na presença UFO; ele é perseguido por rapazes sem mente por razões impenetráveis. E ele encara tudo isto sozinho. A sociedade se recusa entende-lo, ele não consentiu isto, ele não entende isto. Ele não pode nem mesmo provar isto. E isto, como eles dizem…
Isto é entretenimento. 

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