Roswell: Avaliando o mito

Nuno A. Montez da Silveira, publicado pela Sociedade Portuguesa de Ovnilogia
Licenciado em Direito, pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Reprodução gentilmente autorizada

Exposição de motivos

Desde que me iniciei activamente na ovnilogia, há mais de 10 anos, que acreditava que Roswell era um dos mais importantes e dos mais convincentes casos OVNI no mundo. Demonstrava, pensava eu, que o governo norte-americano tinha claramente na sua posse pelo menos um OVNI e os seus ocupantes e admito que foi com algum desdém que assisti ao falecido Eurico da Fonseca afirmar em 1995 na TVI que o caso Roswell era um Balão Mogul. 

Não obstante desde essa altura que me interessei sobre o que poderia levar alguém inteligente a considerar essa hipótese que me parecia descabida. Contudo, sem internet ou outro meio de contactar com quem me soubesse responder e com a ausência de livros em Portugal sobre o assunto, tive de esperar até 2004 quando comprei o primeiro de três livros escritos por ovnilogistas que aprofundavam o assunto. Depois de os ler e de os comparar com os livros “tradicionais” a minha opinião mudou radicalmente.

Mais recentemente tinha por intenção divulgar os estudos na palestra mensal de Março de 2005 da Associação de Pesquisa OVNI (APO), o que infelizmente acabou por não ocorrer, devido ao meu pedido de demissão da direcção a 5 de Fevereiro. Desde essa altura tive a oportunidade de em duas ocasiões distintas na comunicação social[1], expressar a minha opinião pessoal de que nenhum OVNI caiu em Roswell e que de facto a explicação mais plausível é a do Balão Mogul. Tendo sido severamente criticado e apelidado de agente da desinformação, exponho aqui neste trabalho que me esforcei por tornar sucinto mas abrangente, os motivos que me levam a desacreditar da explicação tradicional, esperando que o leiam livres de preconceitos.

Introdução

Ainda que a observação de Kenneth Arnold tenha sido a primeira a lançar para o conhecimento público o mistério dos “Discos Voadores”, como foi durante muito tempo erroneamente chamado[2], é o caso Roswell contudo que detém a maior fama. Muitos são os ovnilogistas que o consideram como o caso mais importante de sempre[3], como a primeira altura em que um governo terrestre teve na sua posse a confirmação total da existência de discos voadores e de extraterrestres, possuindo quer a sua tecnologia quer os seus ocupantes. Para muitos a ovnilogia começou terça-feira, dia 8 de Julho de 1947, quando a Força Aérea norte-americana admitiu por momentos que tinha na sua posse “um disco voador”[4].

Desde então o caso Roswell tomou tais proporções que a maioria dos investigadores não ousa questioná-lo, sendo os poucos que o fazem, rotulados de “conspiradores” ou de “agentes da CIA” ao serviço da conspiração mundial do silêncio. Muitos são difamados e caluniados, votados ao ostracismo e à morte na comunidade ovnilogista, lembrando o que de terrível a religião católica fez com os “hereges” da Idade Média.

Analisemos então se o caso Roswell é assim tão convincente.

Parte I

A História Inicial

Mac Brazel

Na única declaração pública que sobreviveu até aos dias de hoje[5], Mac Brazel, declarou que no dia 14 de Junho enquanto passeava o rebanho com o seu filho de 8 anos, Vernon, encontrou a cerca de 12 kms do Rancho onde vivia, um local onde algo visivelmente se tinha despenhado dos céus. Explicou como o terreno se encontrava cheio de destroços de um material estranho que não conseguiu identificar. Material que recolheu apenas no feriado do 4 de Julho, juntamente com a sua mulher e a sua filha Bessie de 14 anos. Nesse mesmo dia contou a sua história a alguns dos seus vizinhos, nomeadamente a Floyd e Loretta Proctor que o informaram de que alguns jornais ofereciam até 3000 dólares por uma prova dos chamados “Discos Voadores”, assunto que fazia furor na comunicação social, devido à observação dias antes de Kenneth Arnold. 

Assim dirigiu-se até à esquadra de policia do xerife George Wilcox, no condado de Chavez, no dia 7 de Julho, segunda-feira, informando-o de que teria possivelmente um desses destroços. O xerife telefonou para a base aérea de Roswell onde mais tarde o Major Jesse Marcel do esquadrão 509º[6], na companhia do agente de contra-inteligência o Capitão Sheridan Cavitt se deslocou até à quinta Foster para analisar os destroços.

Na entrevista à rádio KGFL[7] no dia 8 de Julho, o rancheiro contou essencialmente a mesma história que ao jornal “Daily Roswell Record”, descrevendo os destroços como “tiras de elástico, papel de alumínio, um papel bastante duro e paus[8]“ que deveriam pesar no total cerca de 2.25 kgs[9]. Acrescentou ainda que nos destroços era possível ver fita-cola com flores desenhadas nela. Admitiu contudo que já tinha visto dois balões sonda caídos no solo (o que na altura era frequente) e que estes destroços não eram em nada semelhantes aqueles.   

Outra corroboração desta descrição dos destroços vem da sua filha Bessie, que o ajudou a apanhar alguns pedaços para mostrar ao xerife. Numa entrevista de 1979 afirmou que: “Haviam o que pareciam ser pedaços de um papel extremamente encerado e um material semelhante a papel de alumínio. Alguns desses pedaços tinham uma espécie de números e letras, mas nenhumas palavras que conseguíssemos perceber. Alguns dos pedaços de papel de alumínio tinham uma espécie de fita-cola presa neles que quando expostos à luz mostravam uns desenhos de flores de cor pastel”[10].  

A maioria dos investigadores defensores da queda de OVNI explicam que a entrevista dada à rádio KGFL foi feita sobre coação psicológica dos militares e para tal baseiam-se no testemunho de Frank Joyce, o entrevistador que afirma que após a entrevista o rancheiro lhe disse: “Sabes o que dizem sobre os pequenos homenzinhos verdes? Bom, não são verdes”. Ora esta frase parece muito suspeita uma vez que em Julho de 1947 a principal teoria era a de que os discos doadores eram de origem soviética e a expressão “homenzinhos verdes” só se tornou popular alguns anos depois na década de 50. Por outro lado Mac Brazel morava num local sem luz nem água canalizada e sem telefone, rádio ou televisão e como resulta da sua história estava completamente alheio ao fenómeno dos discos voadores. A única possibilidade que resta é a de os militares lhe terem contado sobre os cadáveres, o que todavia não faz
sentido algum. Como veremos nenhuma das testemunhas principais viu ou sabia algo de estranhos cadáveres, e não foram encontrados cadáveres nos destroços perto do Rancho Foster. Então por que motivo haveria a Força Aérea de contar ao rancheiro a existência dos corpos extraterrestres, principalmente quando de acordo com os investigadores, por altura da entrevista e do artigo no jornal, o processo de encobrimento já estava em marcha. 

Bill Brazel Jr.

Na altura do incidente, Bill Brazel, filho de Mac Brazel, vivia na cidade de Albuquerque e desconhecia em absoluto que algo se passava no rancho Foster. Afirmou que foi só quando viu a foto do seu pai na página principal do “Albuquerque Journal” que se dirigiu para a casa do pai para lhe oferecer ajuda caso fosse necessária. Contou que o seu pai lhe tinha dito que numa noite de uma forte tempestade tinha ouvido um estrondo alto e que no dia seguinte enquanto pastava o gado tinha encontrado os destroços, destroços que apenas recolheu passado um dia ou dois[11]. Quando inquirido sobre a descrição que o pai lhe tinha feito, respondeu que tal não tinha sido necessário pois ele tinha tido na sua posse alguns pedaços. Confirmou que normalmente após uma boa chuvada e mesmo após um, dois anos depois do incidente, conseguia encontrar alguns fragmentos para a sua colecção que eram capazes de encher uma pasta. Contou a história de que certa vez após ter contado sobre a posse dos mesmos, alguns dias mais tarde militares foram até sua casa onde lhos confiscaram.

Inconsistências 

As discrepâncias na sua história começam logo no início, pois uma busca pelos arquivos do “Albuquerque Journal” demonstram que nunca exibiram uma foto do Major Marcel, nem nas páginas interiores quanto mais na página principal[12]. Outro aspecto que entra em contradição são as suas afirmações de que mesmo depois de os militares terem limpo o terreno que conseguia encontrar restos dos destroços com alguma frequência; sobre isto a sua irmã Bessie disse: “Nós nunca mais encontrámos pedaços depois de os militares terem lá estado. Apesar de passarmos frequentemente pelo local, não encontrámos nem um pedacinho. Os militares limparam bem o local”[13]

Mas sem dúvida que a parte mais controversa da sua história foi o modo pelo qual os militares lhe confiscaram os pedaços que guardava. Contou a William Moore que cerca de dois anos depois do incidente tinha ido até à cidade de Corona depois da hora de jantar e que supostamente falou de mais, pois no dia seguinte os militares foram até ao Rancho Foster e curiosamente pediram para falar com ele e não com o que pai, que também não estava presente. De acordo com o seu relato um Capitão Armstrong perguntou-lhe se podia ver a colecção de destroços que tinha, ao que Bill acedeu, tendo-lhe informado de seguida de que aquele material punha em causa a segurança nacional pelo que o teria que confiscar. Bill sem saber o que fazer acedeu. De seguida os militares foram vasculhar o terreno e depois de estarem satisfeitos, foram-se embora dizendo ao filho do rancheiro que se descobrisse mais destroços ou que soubesse de alguém que os tivesse para o avisar na base aérea de Roswell[14]

Contudo para o livro de Stanton Friedman e de Don Berliner, contou uma história um pouco diferente. A primeira alteração foi quanto à data, situando-a agora apenas um mês depois do incidente. Depois de ter respondido a perguntas dos populares num bar de Corona sobre o incidente, os militares apareceram no Rancho um dia ou dois depois e pediram-lhe para verem os pedaços que tinha guardado, relembrando-o de que o seu pai tinha concordado em entregar tudo e feito uma jura de silêncio. Bill fez o que lhe pediram. Para os investigadores voltou a confirmar que o nome do Capitão era Armstrong mas que vinha acompanhado de um sargento negro[15]. Afirmou que ambos eram boas pessoas e que não o ameaçaram. 

Esta nova história apresenta algumas diferenças notórias, primeiro a data que foi alterada para mais próximo do incidente e de seguida, o militar negro que lembra o relato feito por Glenn Dennis que analisaremos mais à frente. O problema com esta afirmação é o de que a segregação racial era ainda vigente na Força Aérea em 1947 e quanto ao Capitão Armstrong, investigações no registo da Base de Roswell provaram que entre 1947 e 1949 (data da primeira versão da história) não existiu ninguém com esse nome nem com esse posto.

Floyd e Loretta Proctor

Floyd e Loretta Proctor moravam a cerca de 8 milhas de distância do local onde Mac Brazel residia e foram das primeiras pessoas a quem o rancheiro contou a sua curiosa história. Em Junho de 1979 o casal foi entrevistado por William Moore a quem lhe confiaram que Mac Brazel os tinha tentado convencer a ir ver os destroços, mas que estes tinham recusado dizendo que estavam “demasiado cansados”[16] e que seria uma viagem dispendiosa, “pois a gasolina e os pneus eram na altura dispendiosos”[17]. Após terem ouvido a descrição dos destroços aconselharam-no a ir contar às autoridades em Roswell. 

Inconsistências

Numa entrevista gravada a 20 de Abril de 1989 Loretta contou aos investigadores Kevin Randle e Donald Schmitt que não só viu alguns destroços trazidos pelo rancheiro, como este à sua frente lhes mostrou como era impossível queimá-los. Contudo, apenas 15 meses depois em Julho de 1990 durante uma conferência patrocinada pela MUFON em Washington DC, Loretta afirmou que ela e o marido tentaram cortaram os destroços com uma faca mas que não o conseguiram, nem queimar usando um fósforo[18]

Aparecem bem patentes as discrepâncias; na primeira entrevista Loretta nunca afirmou ter visto os destroços, nem mencionou os testes que lhes fizeram. Por outro lado, o seu marido Floyd Proctor, já falecido em 1989, foi a pessoa que mais falou com William Moore e nunca mencionou ter visto os destroços. Da leitura do livro “The Roswell Incident” parece bem claro que foi Mac Brazel que lhes descreveu os destroços e que foi ele que tentou cortar sem sucesso com a sua faca. A história de não conseguir queimar não foi sequer mencionada[19]. Parece que com o decorrer do tempo e com o aumento da popularidade do caso, Loretta Proctor fez aumentar consideravelmente o seu papel no incidente, passando de apenas uma vizinha que se recusou ir ver os destroços e que ouviu a sua descrição em segunda mão, para uma das pessoas que os teve na sua mão, testando inclusivamente as suas estranhas características. 

Todavia o papel de Loretta Proctor não ficou por aqui, em anos mais recentes chegou a afirmar que o seu filho Dee estava presente com Mac Brazel e a sua filha Bessie aquando da descoberta do terreno acidentado. Contudo esta história tem três falhas; enquanto o seu marido era vivo nenhum deles fez semelhante afirmação, o seu próprio filho Dee não tem lembranças do ocorrido e finalmente sempre que um investigador deseja entrevistar o seu filho, ela desencoraja d
izendo que ele não pretende falar sobre o assunto[20]

Major Jesse Marcel

A figura central do caso Roswell foi encontrada em Fevereiro de 1978 pelo investigador Stanton Friedman, que na altura pesquisava casos de possíveis despenhamentos de OVNIS. Na primeira entrevista o Major não deu muita importância ao caso, afirmando nem se lembrar da data exacta do evento, o que seria de esperar afinal já se tinham passado quase trinta e um anos desde o evento. Mais tarde em entrevistas subsequentes, o nível de estranheza do caso foi aumentando, sugerindo que não se resumia apenas a uma queda de um balão meteorológico mas a algo muito mais estranho. 

Descreveu os destroços como “pequenas varas quadradas de 12 mm com uma espécie de hieróglifos que ninguém conseguia decifrar” e que alguns destroços pareciam “balsa-wood”, que tinham o mesmo peso mas que não eram de madeira, que eram muito duros mas flexíveis e que não se conseguiam queimar. Afirmou ainda que havia “uma grande quantidade de um material castanho parecido a papel pergaminho que contudo era extremamente forte e uma quantidade enorme de pequenos pedaços de uma substância parecida ao papel de alumínio mas que não era papel de alumínio”. Contou ainda que o Capitão Sheridan Cavitt descobriu uma caixa metálica preta que era a única coisa que parecia algum tipo de instrumento de navegação ou electrónico[21]

Inconsistências

Elaborando na descrição do material recolhido, Jesse Marcel afirmou a Stanton Friedman nas primeiras entrevistas, que alguém na base de Roswell lhe tinha dito que teriam usado um martelo no “papel de alumínio” e que não teriam conseguido amolgá-lo (dent). Afirmou ainda que lhe tinham dito que não teriam conseguido nem queimar nem rasgar (torn). Em entrevistas subsequentes Jesse Marcel passou a usar o termo “nós tentámos dobrar, queimar” o que significa que o teria feito ou o teria visto fazer, o que entra em contradição com o primeiramente afirmado. E quanto aos testes ao explicar a sua definição de rasgar afirmou: “Quando digo rasgar, digo vincar (crease). Era possível dobrar o material para a frente e para trás, até amachucá-lo (wrinkle), mas era impossível pôr-lhe um vinco duradouro”[22]

Em 1979 o Major contou a Stanton Friedman e William Moore, que o comunicado da Força Aérea para a comunicação social admitindo a posse de um disco voador, tinha sido emitido por vontade própria e sem autorização por Walter G. Haut, tendo sido este altamente repreendido pelos seus superiores[23]. Contudo esta afirmação contraria o depoimento de Walter Haut que afirmou na sua primeira entrevista que o tinha feito por ordens do Coronel Blanchard e que tanto quanto sabia traduzia a história verdadeira. Em 1980 reuniu-se pela primeira vez após quarenta anos com Jesse Marcel por alturas de um programa de televisão, tendo declarado que esta foi a primeira vez que tinha visto o Major desmentir a explicação oficial[24]

Marcel afirmou ainda que o General Ramey o avisou para não dizer certas coisas na conferência de imprensa e relatou aos autores que os destroços colocados para serem fotografados pela imprensa tinham sido substituídos por destroços de um balão meteorológico. Não obstante, assegurou que uma foto continha os destroços verdadeiros[25]. Uma das pessoas presentes na conferência de imprensa foi um dos meteorologistas da base de Fort Worth, o oficial Irving Newton, que identificou os destroços como pertencendo a um balão Rawin. Contou aos investigadores que: “enquanto examinava os destroços, o Major Jesse Marcel ia apanhando pedaços dos paus do reflector de radar tentando convencer-me que algumas das anotações nos paus eram de origem alienígena. Existiam figuras nos paus de cor roxa ou alfazema, bastante apagadas e que não pareciam fazer sentido”[26]

Em Fevereiro de 1980, Jesse Marcel já contava ao jornal “National Enquirer”, que os destroços que tinha visto “não eram nada deste mundo”

Falsidades

Ainda que não hajam dúvidas de que Jesse Marcel testemunhou e recolheu destroços de um aparelho que não conseguiu identificar, qual é o nível de credibilidade que lhe devemos dar quando anos após a primeira entrevista onde não deu importância ao caso, começou a afirmar que eram destroços de uma nave extraterrestre? Talvez seja interessante analisar algumas das informações que passou aos investigadores Stanton Friedman e William Moore sobre o seu próprio passado. Assegurou-lhes que se tinha formado como piloto em 1928 e que tinha pilotado aviões de combate durante o cenário do Pacífico na Segunda Guerra Mundial, onde teria abatido cinco aviões inimigos. Contou também que era bacharel em física da Universidade George Washington e que enquanto trabalhava no projecto AFOAT, aquando da explosão da primeira bomba atómica da União Soviética, tinha escrito pessoalmente a declaração que o Presidente Harry S. Truman lera ao povo americano na rádio. Todavia todas estas informações estão erradas; a folha de serviço militar do exército demonstra que nunca se formou como piloto, muito menos pilotado aviões no Pacífico, a Universidade de George Washington não tem nos seus ficheiros a indicação de este ter sido lá aluno e por fim, a declaração da primeira explosão atómica da URSS não foi lida pelo Presidente Truman pela rádio, mas sim transmitida para a comunicação social através de um comunicado escrito da Casa Branca.

Estas falsidades levam a crer que o Major tinha uma certa inclinação para exagerar a sua importância nos eventos, o que sugere que possa ter exagerado também quanto ás suas recordações das características anómalas dos destroços, especialmente quando sabia que tanto Friedman como Moore estavam interessados em histórias de OVNIS caídos, possivelmente numa tentativa de se vingar da humilhação que passou, aquando da conferência de imprensa, no que foi sem dúvida um encobrimento.

Parte II

O Segundo Local da Queda e os Cadáveres Extraterrestres

Como observámos não há em nenhum depoimento das testemunhas originais do caso Roswell, qualquer referência a um segundo local da queda, nem menções à existência de cadáveres extraterrestres. Estamo-nos a referir aos depoimentos de Jesse Marcel, de Mac Brazel, de Bill Brazel Jr, de Bessie, de Floyd e Loretta Proctor. 

Estranhamente os primeiros relatos da sua existência somente aparecem mais de 9 anos após a publicação do livro “The Roswell Incident” de Charles Berlitz e William Moore e todos de testemunhas com graves problemas de credibilidade ou com sérias discrepâncias nos seus relatos. Por questões de brevidade vamos nos centrar apenas nas principais testemunhas. Como veremos a ligação de um segundo local com os destroços do Rancho Foster é ténue. 

É destes dados que nos vamos ocupar de seguida.

Glenn Dennis

Glenn Dennis na altura um mortuário de 22 anos, trabalhava para a “Ballard Funeral Home” que tinha um contrato com a Base Aérea de Roswell para tratar de todos os assuntos referentes a funerais. Glenn afirma que certo dia de Julho (os inves
tigadores diferem quanto à data, Randle e Schmitt apontam para o dia 5 de Julho, Friedman e Berliner para o dia 9 ou 10 de Julho[27]) por volta da uma hora e meia da tarde recebeu um telefonema do mortuário da base com algumas perguntas curiosas. Queria saber “o tamanho e o tipo de caixões hermeticamente selados que a funerária tinha” e “qual o tamanho mais pequeno que poderiam fornecer”. Cerca de trinta a quarenta minutos depois, o mortuário da base voltou a telefonar com perguntas ainda mais estranhas, queria saber “como preparavam na agência mortuária corpos que tivessem estado expostos aos elementos da natureza, que estivessem queimados ou que tivessem sofrido traumas”; perguntou ainda “como é que fariam para não alterarem qualquer dos componentes químicos do corpo nem destruírem o sangue”, passando depois a perguntar sobre a decomposição dos corpos expostos muito tempo ao Sol. 

Por volta das seis ou sete da tarde, segundo Dennis, este teve que ir até à Base Aérea para levar um piloto ferido. Enquanto lá estava encontrou uma amiga enfermeira de nome Naomi Maria Selff e que quando se dirigiu para a cumprimentar, no meio da azáfama da base, esta lhe disse numa voz em pânico para se ir embora ou seria morto[28]. Pouco depois foi descoberto pelos militares que o expulsaram da base e o acompanharam de volta à mortuária, tendo depois recebido um telefonema da base para estar calado ou ser morto.

No dia seguinte a pedido da enfermeira encontrou-se com ela na messe dos oficiais da base. Lembra-se que a mesma estava muito nervosa à beira dum colapso nervoso e que lhe contou a história da noite anterior. Contou-lhe que tinham recuperado três cadáveres extraterrestres, todos mortos, dois dos quais estariam extremamente mutilados. Afirmou que só depois de os terem congelado é que o cheiro horrível acabou, cheiro que fazia uma pessoa agoniar-se até a alguns metros de distância. Aparentemente agarrou no verso de uma receita médica onde tinha desenhado os corpos que tinha visto, pedindo a Glenn para os guardar e fazer deles segredo. De acordo com o mortuário, os desenhos foram guardados com todo o cuidado[29]. Tentando contactá-la de novo foi informado de que ela estaria fora num seminário, e mais tarde, que tinha sido transferida para Inglaterra. Dennis decidiu enviar-lhe uma carta para Inglaterra a qual obteve resposta e onde supostamente a enfermeira lhe garantiu que contaria tudo numa próxima oportunidade. Segundo Dennis, a sua segunda carta veio devolvida com o carimbo “falecida”. 

Inconsistências

A primeira coisa a ter em conta foi a altura em que Glenn Dennis decidiu contar a sua história. Um dos seus melhores amigos era Walter G. Haut (o oficial que emitiu o comunicado oficial), a quem segundo este, aquele nunca lhe tinha contado nada. Por outro lado muitas outras testemunhas, incluindo Haut já andavam a falar com os investigadores desde 1979, por que é que Dennis esperou por 1989, mais de 41 anos depois do incidente para contar a sua história? 

Mas mais importante que a altura em que decidiu contar a sua história, são os pormenores da mesma que como veremos são de qualidade duvidosa e têm mudando ao longo do tempo. Para exemplificar; quanto à identidade dos militares que o expulsaram da base, nos dados que deu a Stanton Friedman o agente responsável foi um Coronel ruivo. Contudo, ao contar a história para o investigador Karl Pflock e para Kevin Randle, o Coronel era agora um Capitão e encontrava-se acompanhado por um sargento negro que o ameaçou dizendo que se falasse a alguém ele daria uma “excelente comida para cães”[30]. Como já observado, a segregação racial ainda existia em 1947 e a história parece muito semelhante à contada por Bill Brazel. Resta saber se e quem influenciou quem. 

Noutra ocasião disse ao investigador céptico Philip Klass que o exército se tinha deslocado até à agência funerária e confiscado todos os caixões para bebés e crianças, contudo para os restantes investigadores manteve a história de que apenas lhe teriam perguntado pelo telefone sobre esse tipo de caixões. 

Mas a parte mais controversa de todo o seu depoimento diz respeito à história e identidade da enfermeira que lhe deu os desenhos dos corpos. Num primeiro momento Glenn Dennis preferiu manter o anonimato da enfermeira, num segundo momento decidiu falar com os investigadores e deu o nome de Maria Self. Depois de Karl Pflock ter feito uma busca e não ter encontrado dados referentes à sua existência Dennis afirmou que o nome correcto era Naomi Maria Selff e mais tarde quando a busca voltou negativa, mudou o nome para Naomi Sipes. 

Independentemente do nome que lhe quis dar, a história que dela nos contou também não é isenta de falhas. Se na sua versão mais conhecida a enfermeira morreu em Inglaterra num acidente de aviação, numa entrevista dada em 1991 à investigadora Anne Macfie, afirmou que lhe tinham contado que ela se tinha tornado freira após sair do exército e que apesar de não ter tornado a tentar contactá-la, que esta tinha morrido em 1988. Quanto à queda de um avião militar em Inglaterra com enfermeiras americanas a bordo, quer as extensivas pesquisas de Don Berliner, quer as de Kal Korff deram negativo. O mesmo resultado quando procuraram pela enfermeira. De acordo com os dados do exército serviam na data em questão 5 enfermeiras na base de Roswell, nenhuma delas com esse nome, nem nenhuma delas transferida em 1947. Em 1995 o jornalista Paul McCarthy encontrou a única enfermeira viva de nome Rosemary McManus que não só não se lembrava de uma enfermeira de nome Selff como também não se lembrava de ter havido algo de invulgar na base em 1947[31]

Todavia o investigador Karl Pflock admite que Glenn Dennis se tenha inspirado numa das verdadeiras enfermeiras da base para formar a sua história. Após buscas intensivas, em sua opinião, a única enfermeira que corresponde à fisionomia avançada pela testemunha é a de Eileen M. Fanton. Karl afirma que há também um incidente que é capaz de ter inspirado o relato do mortuário quanto aos cadáveres. Descobriu que a 26 de Junho de 1956 houve um acidente com um avião KC-97G[32], tendo os tripulantes morrido queimados quando uma hélice perfurou o tanque de combustível e incendiou o interior da aeronave. De acordo com as suas pesquisas três cadáveres foram levados para a “Ballard Funeral Home” e de acordo com os relatórios da autópsia, os efeitos do fogo nos corpos poderiam ter inspirado os relatos de humanóides cinzentos em especial o intenso odor[33].

Para terminar importa analisar a história dos desenhos dos humanóides. De acordo com a testemunha apesar de ter guardado os desenhos com todo o cuidado, dando de vez em quando uma olhada nos mesmos, ao deixar o seu emprego em 1962 aparentemente esqueceu-se também dos desenhos. Quando inquirido sobre os mesmos por Stanton Friedman em 1989, o mortuário mostrou-lhe uns desenhos que afirmou ter feito do que ainda se lembrava dos desenhos originais, os desenhos são mostrados pela primeira vez no livro “UFO Crash at Roswell” e depois no livro “Crash at Corona”. O problema é que como descobriu Karl Pflock os desenhos tinham sido encomendados por Dennis a Walter Henn, um artista do No
vo México a quem Glenn Dennis lhe disse que “poderiam fazer uma pipa de massa”[34]. De acordo com um amigo, Robert Shirkey, em Junho de 1987 Glenn Dennis mostrou-lhe o “Roswell Daily Record”[35] que figurava um artigo sobre as investigações de Stanton Friedman incluindo uns desenhos feitos por Vincent DePaula das supostas criaturas encontradas no OVNI. Como salienta o investigador Pflock, as semelhanças entre estes desenhos e os apresentados por Glenn Dennis dois anos mais tarde são extremamente parecidos e não se pode excluir a possibilidade de este se ter inspirado naqueles[36].

Sargento Melvin E. Brown

Outra das testemunhas a quem é atribuída uma participação activa na acção de salvamento dos destroços dos supostos OVNIs é o sargento Melvin E. Brown. De acordo com a maioria dos autores pró-queda OVNI ele esteve presente no primeiro local, viu os corpos extraterrestres e ajudou a guarda-los durante a viagem de regresso para a base de Roswell. O seu testemunho aparece pela primeira vez no livro do autor britânico Timothy Good “Alien Contact: Top Secret UFO Files Revealed”, que conta como no final da década de 70 do século passado enquanto lia uma notícia sobre o caso no “Daily Mail” de Londres, disse para a família: “Eu estive lá!”

Inconsistências

Foi graças à pesquisa do ovnilogista norte-americano Kal K. Korff que hoje conhecemos alguns factos que na altura foram ignorados. De acordo com o investigador a história que lhe é atribuída foi contada pela sua filha Beverly Bean sendo que Melvin Brown morreu em 1986 sem nunca ter falado com algum investigador, deste modo é, como bem afirma o investigador, uma história contada em segunda mão e não a história dita por alguém que testemunhou[37]

Outro aspecto duvidoso é o facto de Beverly Bean ter oferecido pelo menos três versões diferentes de como o seu pai lhe contou que tinha sido testemunha do caso Roswell. A primeira história foi a acima relatada no livro de Timothy Good; em 1989 contou a Friedman que era frequente quando era nova, o seu pai contar aos filhos histórias da sua juventude e que uma delas era a de quando tinha visto um ser do espaço, história que a fazia rir imenso e à família[38]. Nuca a mulher do sargento nem o irmão de Beverly confirmaram esta versão. Finalmente no início da década de 90, Beverly contou ao investigador Kevin Randle e a Donald Schmitt que o pai finalmente confessou ter visto extraterrestres em Roswell quando viam na televisão a chegada do homem à Lua em 1969[39]

Outro problema com a história contada por Beverly Bean e descoberto por Korff, é que o cargo de Melvin Brown na base de Roswell era a de cozinheiro e como muito bem salienta, parece extremamente improvável que para uma missão tão delicada como aquela tivessem que recorrer a cozinheiros para limitar a área do impacto e para guardarem os corpos até à base. Finalmente, um dos aspectos mais reveladores da história de Brown é a sua descrição dos cadáveres que não são idênticos aos das outras testemunhas. Segundo Beverly enquanto o seu pai seguia no camião com os cadáveres, contrariou as ordens dos seus superiores, levantou o tecido que os cobria e por segundos pôde observar dois ou possivelmente três extraterrestres tendo descrito a sua pele como tendo uma cor amarelo-alaranjado e com uma textura semelhante à de um lagarto, não escamado mas sim tipo cabedal.

Frank J. Kaufmann

Esta é sem dúvida a personagem mais controversa em todo o caso Roswell e umas das principais responsáveis pela ideia de um segundo local. O seu relato é tão debatido que nem os principais investigadores estão de acordo quanto à sua credibilidade. Enquanto Randle e Schmitt apoiam-no, Friedman não. Mas vamos analisar as suas afirmações e tirar as nossas conclusões.

A sua história aparece pela primeira vez no livro “The truth about the Roswell UFO Crash” e as suas afirmações parecem ser apoiadas por mais duas testemunhas, Joseph Osborne e Frank Macenzie. O problema é que como admitiram os autores, as outras duas testemunhas são pseudónimos de Frank Kaufmann, ou seja, o que na realidade parecem ser três testemunhas, é na verdade apenas uma, como salienta a investigadora Lynn Picknett[40].

Kaufmann explica que na noite de 4 de Julho de 1947, por volta das 23h20m estava a vigiar os radares na base aérea de Roswell, quando de repente o ecrã se iluminou e o sinal do OVNI desapareceu, indicando que o mesmo tinha sido atingido por um relâmpago ou explodido, tendo a sua posição sido triangulada usando outros dois radares, o de Albuquerque e o de White Sands. Depois seguiu com a sua equipa de elite para norte de Roswell e encontraram o local da queda, tendo visto um OVNI triangular caído de encontro a um morro e cinco extraterrestres mortos, três dentro e outros dois fora do OVNI. De acordo com as suas descrições os ets tinham 1.55 metros, eram magros e tinham uma cabeça desproporcional. Afirmou que pareciam seres humanos, excepto que eram carecas e tinham os olhos, narizes e orelhas consideravelmente mais pequenos. Afirmou ainda que a ideia de seres cinzentos, de grandes olhos negros estava errada, que na realidade os olhos pareciam humanos e com pestanas. Quando à cor da pele afirmou ser de um tom azeitona, muito idêntico ao do andróide Data da série: Star Trek ““A Nova Geração. Quanto ao OVNI foi levado sem desmantelar por um avião de carga[41]

Inconsistências

Os problemas começam quando através da folha de serviço se descobre que Frank saiu do exército em 1945, tendo trabalhado contudo na base como civil, na categoria de”¦. De acordo com os especialistas o incidente do radar simplesmente não pode ter acontecido. Segundo explicam um objecto ao ser atingido por um relâmpago não faz iluminar todo o ecrã, no máximo o que aconteceria era o sinal aumentar ligeiramente de intensidade e só se o raio atingisse o objecto quando o sinal de radar estivesse a bater no objecto. Normalmente o que acontece quando um relâmpago atinge é o sinal simplesmente desaparecer e dificilmente da leitura de um ecrã de radar se consegue saber qual o motivo do desaparecimento do objecto. Outro problema com a história é que em primeiro lugar não é preciso três radares para identificar a posição do objecto, essa pode ser identificada usando o azimute último detectado e a distância detectada pelo próprio radar. Ainda quanto à triangulação tal era impossível, pois como explicam, na altura com o equipamento disponível e com uma cordilheira de montanhas de entre 7 a 12 mil pés de altura situada entre a estação de White Sands, o local dos destroços e o local da queda, qualquer tipo de triangulação seria improdutiva. Quanto ao avião de carga, apurou-se que não havia nenhum na altura capaz de levar um objecto com as dimensões dadas por Kaufmann. 

Por fim deu dois locais diferentes para a queda; as suas descrições do OVNI e dos seres não se adequam com as das outras “testemunhas” e mais ninguém apareceu para corroborar as suas declarações.

Jim Ragsdale

Outra das alegadas testemunh
as que observou a queda, os destroços e os ocupantes do OVNI foi Jim Ragsdale que em 1993 (depois de saído o primeiro livro de Randle e Schmitt) contou a sua história a estes autores, saindo extensivamente no segundo. Apesar de não se lembrar com certeza sobre a data exacta, mas julgando ter sido no fim-de-semana de 4 a 6 de Julho de 1947, contou que estando a namorar com Trudy Truelove na caixa aberta duma pick-up, a cerca de 56 kms a norte de Roswell e a oeste da auto-estrada 285, viu passar por cima deles uma luz brilhante que se despenhou a cerca de uma milha de distância. Ao amanhecer, decidiram averiguar onde a estranha luz tinha embatido e descobriram para seu espanto algo semelhante a um disco com pequenas asas, espetado contra um pequeno monte. De acordo com a sua descrição haviam bastantes pedaços espalhados pelo chão; alguns depois de amachucados voltavam à sua forma original, enquanto que outros depois de dobrados, ficavam nessa posição[42]

Para seu espanto observaram também cadáveres fora da nave com alturas entre os 1.2 e 1.5 metros de comprimento, mas não conseguiram ver mais detalhes pois viram ao longe um comboio militar, de sirenes ligadas e decidiram pegar no carro, fugir e ver a acção dos militares à distância, enquanto estes apagavam os vestígios e levavam o disco e os corpos[43]. Ainda segundo a mesma testemunha, chegaram a guardar pedaços dos destroços. Os fragmentos de Trudy desapareceram do seu carro quando esta morreu num acidente de viação e os dele, desapareceram primeiro num assalto ao seu carro cinco anos depois e os restantes num assalto a sua casa, em 1985. 

Inconsistências

Um aspecto que se tornou aparente na história de Jim Ragsdale é que ele, como aconteceu com tantas outras testemunhas, mudou a sua história. E não contrariando a tendência generalizada, o seu papel e importância na mesma foi significativamente aumentada. Em 1994 numa entrevista com Karl. T. Pflock a primeira alteração que fez à sua história foi quanto ao local, desta vez o incidente tinha-se passado a mais de oitenta kms a oeste-noroeste de Roswell, nas Capitan Mountans perto da cidade de Arabella, discutiremos o motivo mais à frente. Continuou explicando que o OVNI se tinha despenhado muito mais perto deles, na realidade “quase sobre as suas cabeças” e decidiram investigar.[44] Nesta versão, Ragsdale não se limitou a ver os destroços, mas decidiu-se a entrar dentro do OVNI, vendo diversos corpos sem vida de extraterrestres, tentando até remover um dos capacetes, mas sem sucesso, sendo o traço mais notório do cadáveres os seus grandes olhos negros[45].

Karl Pflock decidiu averiguar mais pormenores da sua história e numa conversa com a mulher da testemunha, descobriu que de acordo com a mesma, Jim só se tinha mudado para Roswell em 1959[46]. De acordo com as informações de Kevin e de Donald, Ragsdale estava familiarizado com o (primeiro) local da queda do OVNI pois estaria nessa altura a trabalhar a alguns quilómetros dali na construção de um gasoduto para a companhia de gás natural “El Paso Natural Gás Company”, todavia investigações feitas junto da empresa demonstram que o mesmo só foi idealizado e construído em 1952.    

Actualmente Kevin Randle admite que a segunda história de Jim Ragsdale foi mudada para ganhar mais dinheiro, especialmente com a edição do seu livro e vídeo “The Jim Ragsdale Story”, mas afirma que acredita na sua primeira versão. Muitos investigadores ligam esta história com a de Barnett e a queda do OVNI nas Planícies de San Agustin, mas esta ligação apresenta diversas falhas. Em primeiro lugar os locais não coincidem, em segundo nenhuma das testemunhas menciona a presença da outra e Ragsdale não faz referencia a um grupo de estudantes de arqueologia[47].

Parte III

Analisando a Hipótese Extraterrestre

Analisadas as falhas das testemunhas mais importantes do caso Roswell, vamos analisar então, as evidências que apontam para a hipótese de ter caído um OVNI de origem extraterrestre no deserto do Novo México. 

Observação de OVNIs e a data da queda

Em rigor da verdade, só temos uma observação digna de se chamar de OVNI. É o caso da família Wilmot. Os Wilmots estavam na varanda a apanhar ar fresco, no dia 2 de Julho, quando viram passar um grande objecto luminoso oval “como dois pratos colados um no outro com uma luz que parecia vir de dentro” vindo de sudeste e a voar em direcção à cidade de Corona. Tanto o jornal “Roswell Daily Record” como o investigador Stanton Friedman ligaram esta observação com a queda do OVNI.

As outras observações são muito semelhantes a um grande meteorito a roçar na atmosfera da Terra, mas vamos analisá-las. De acordo com os autores Randle e Schmitt no dia 4 de Julho, várias pessoas viram uma luz no céu passar a alta velocidade, seguindo numa direcção sudeste; nomeadamente William Woody e o seu pai, o cabo E. L. Pyles, e as freiras franciscanas.  

Após uma investigação detalha de Pflock, descobriu que William Woody e o seu pai não se recordavam da data da observação, sabendo apenas que foi numa noite do verão de 1947 e que o objecto luminoso seguia rumo a norte, tendo desaparecido abaixo do horizonte. Isto não é consistente com o descrito no segundo livro, pois mencionam que o objecto seguia rumo a sudeste e que tinha caído a norte de Roswell. Quanto ao cabo Pyles, numa entrevista com o mesmo pesquisador, afirmou não se lembrar da direcção nem da parte do céu que olhava e que apenas tinha visto um risco passar por cima dele no céu, tendo pensado ter sido apenas um meteorito. Também neste caso a testemunha não se lembrava da data, sabendo apenas a estação do ano e o mês. E contudo no livro aparece que Pyles viu um objecto passar pelo céu tomando uma direcção norte, dirigindo-se para o chão. Finalmente temos o caso das freiras franciscanas, a Madre Superior Mary Bernadette e a irmã Capistrano, que enquanto faziam as rondas no “Roswell”™s Saint Mary”™s Hospital” escreveram no diário que tinham visto um objecto a arder no céu, no dia 4 de Julho, entre as 23h15 e as 23h30. 

Deste modo, temos apenas uma observação com a qual podemos ligar ao dia 4 (apesar de o diário nunca ter sido apresentado a mais nenhum investigador) e mais duas observações de algo luminoso nos céus que de facto não se pode estabelecer a data, e que não tendo dados sobre se as direcções eram consistentes também não se pode aferir tratar-se do mesmo objecto. Portanto é entre a observação dos Wilmots e a observação das freiras, que diferem em dois dias, que os dois cenários mais conhecidos do caso são fundados.    

Como constatámos a primeira grande dificuldade que temos é a da observação do OVNI e da data do incidente. Como apurámos nem mesmo os diversos investigadores conseguem concordar quanto a este simples aspecto. Stanton Friedman baseado no relato da família Wilmot indica a data da queda como sendo o dia 2 de Julho, por seu turno, Kevin Randle baseado no relato das freiras franciscanas, aponta a queda para o dia 4 de Julho. Finalmente os controversos documentos MJ-12 apontam a data da operação de recuperação para o dia 7 de Julho, afirmando ter o OVNI caido uma semana antes, dia 31 de Maio ou 1 de Junh
o[48]. Por último Mac Brazel afirmou que tinha descoberto os destroços no dia 14 de Junho, quase três semanas antes e mesmo que estas declarações tenham sido feitas sob coação psicológica dos militares (como defendem alguns autores), mesmo assim não faz muito sentido mentir sobre a data da descoberta, pois, o que veio a relevar foi a data em que Mac Brazel informou as autoridades e se sabe que Jesse Marcel deslocou no campo. Por outro lado a mensagem da Força Aérea refere o dia da recuperação como o dia 7 de Julho.

O número de OVNIs e o local da queda

Outro aspecto extremamente importante e que ao contrário do que era suposto acontecer, levanta imensas dúvidas é a do número de OVNIs envolvidos e o local da queda ou quedas. De acordo com o investigador Stanton Friedman caíram em Roswell dois ovnis que chocaram entre si, para Kevin Randle só um caiu devido a um relâmpago. Os documentos MJ-12 que caiu um OVNI mas não avança com explicações.

Quanto ao local, de acordo com Friedman o OVNI caiu a duas milhas e meia a este-sudeste do Rancho Foster. Local que foi primeiramente confirmado por Frank Kaufmann, contudo importa referir que ao avançar com este local, o mesmo já tinha sido referido no livro de Stanton Friedman “Crash at Corona” e no livro de Randle e Schmitt “UFO Crash at Roswell”, pelo que facilmente se poderia ter baseado neles. 

Segundo o livro mais recente da dupla de investigadores o OVNI caiu a 56 kms a norte de Roswell e a oeste da autoestrada 285 que coincide com a primeira versão de Jim Ragsdale e com a segunda versão de Frank Kaufmann. Finalmente de acordo com a última versão de Ragsdale, o OVNI caiu a mais de oitenta kms oeste-noroeste de Roswell, nas Capitan Mountans perto da cidade de Arabella. Local que é apoiado pelo Internacional Roswell Museum fundado por Glenn Dennis e Walter Haut. Na realidade o museu tentou comprar o primeiro local identificado por Ragsdale para poder cobrar ingressos pelas visitas, mas não o tendo conseguido optaram por deslocar o local para um terreno público que compraram, recebendo Ragsdale 25% dos lucros que passariam para os netos, já que lhe haviam diagnosticado um cancro terminal[49]. Por último os documentos MJ-12, asseguram que o local era a 75 milhas a Norte de Roswell[50].

O número dos cadáveres e as suas descrições

Outro problema com esta teoria é o número de cadáveres apontado e as suas descrições. Por um lado a enfermeira “contou” a Dennis Glenn que “viu” três cadáveres mortos, o sargento Melvin Brown viu entre três a quatro cadáveres e Frank Kaufmann cinco. A primeira tal como Ragsdale descreve os cadáveres como sendo pretos ou cinzentos escuros, grandes olhos negros e de intenso odor, o sargento como tendo uma pele de textura réptil amarelo-alaranjado e Frank Kaufmann, semelhantes a humanos, sem olhos negros pretos e de cor de azeitona. Nenhum deles referiu o odor. Por outro lado de acordo com Frank Kaufmann o OVNI e os corpos foram logo recuperados, o que entra em contradição com o testemunho de Glenn Dennis que afirmou lhe terem perguntado sobre modos de preservação de corpos expostos ao Sol e aos elementos durante dias, assim como o odor. 

Poderíamos tentar encontrar uma explicação salomónica, afirmando que os cadáveres de Glenn Dennis são de um primeiro OVNI e os de Frank Kaufmann de um segundo. Todavia esta teoria apresenta algumas questões; em primeiro lugar nem Dennis nem Kaufmann fazem referências a segundos OVNIs ou a outros cadáveres. Acreditando nas palavras de Kaufmann que supostamente vigiava os ecrãs de radar e fazia parte de um grupo secreto chamado “The Hunholy 13″ apenas um OVNI foi detectado e caiu. Já vimos que para Kevin Randle só caiu um OVNI e Stanton Friedman não acredita na história da Kaufmann. Por outro lado, teria de haver três locais distintos, o primeiro dos destroços no Rancho Foster, o segundo do primeiro OVNI e o terceiro do segundo OVNI. Em lado nenhum estas afirmações são feitas, nem pelos autores nem pelas testemunhas.  

Por último como vimos em nenhuma das testemunhas mais conhecidas há a ideia de um et vivo, somente na história de Ruben Abaya[51] e exagerado no filme “Roswell”.

Descrição dos OVNIs

Noutro ponto onde há discórdia é no que diz respeito às descrições do OVNI. Os Wilmot descreveram como dois pratos colados um no outro, Jim Ragsdale em forma de disco e com pequenas asas e finalmente Frank Kaufmann como sendo triangular. Nenhuma das outras testemunhas afirma ter visto o objecto, apenas os seus destroços que serão analisado mais à frente. 

Outras evidências

Para finalizar a avaliação da hipótese extraterrestre como a verdadeira causadora do incidente, importa referir outros três pormenores. De acordo com investigadores ninguém do esquadrão 509º se lembrava de qualquer agitação causada por discos voadores, ou qualquer existência de corpos estranhos em Julho de 1947 e após uma análise do livro de visitas da base durante o referido período, constata-se que este se manteve normal, quer no tipo de visitas que no número[52]. Situação aliás confirmada pela única enfermeira sobrevivente a ser entrevista, que todavia faleceu em 1988, que igualmente não se recordava de nada anormal.

Finalmente outro argumento contra esta hipótese vem do famoso investigador Jacques Vallée, que após examinar o grau de alerta nas diversas bases americanas no mês de Julho de 1947, não viu nada de extraordinário, o que acertadamente estranhou, pois de certo que se um OVNI extraterrestre tivesse caído em solo americano, o governo deveria estar preocupado se faria parte ou não da vanguarda de ataque.

Parte IV

Analisando a Hipótese do Balão Mogul

Sem dúvida que a hipótese extraterrestres é a hipótese mais divulgada e correntemente aceite pelos ovnilogistas, mas será que haverá uma outra capaz de explicar o sucedido no estado do Novo México?

A hipótese de os destroços provirem de um balão Mogul foi tornada famosa, quando a Força Aérea americana divulgou o seu primeiro estudo em 1994, conclusão que recebeu grande resistência por parte dos investigadores de OVNIs. Todavia é curioso notar que quem primeiro avançou com esta teoria foi o ovnilogista Robert Todd que ao investigar o caso e recorrendo extensivamente à FOIA (Freedom of Information Act) chegou à conclusão de que a explicação mais provável seria a do projecto Mogul. Analisemos então os argumentos.

O Projecto Mogul

O nome Mogul é o nome militar dado a um estudo ultra secreto, inspirado em 1945 pelo memorando do geofísico William Maurice Ewing, para a Força Aérea realizado pela Universidade de Nova Iorque, que tinha por intuito criar balões de alta altitude, capazes de utilizando o “sofar” (sound fixing and ranging) através da “conduta acústica” da tropopausa, causada pela interacção entre a tropoesfera e a estratoesfera, que detectassem lançamentos nucleares da União Soviética[53]. Numa altura em que os Estados Unidos eram a única potência nuclear, foi dado a este projecto um nível de secretismo de A-1, o grau mais elevado e igual ao do Projecto Manhattan (que deu origem à primeira bomba nuclear).
De facto o projecto só foi desclassificado em 1973, altura em que os próprios cientistas souberem do seu nome militar, Mogul.

O balão Mogul que media quase 200 metros de altura, era composto por cerca de vinte a trinta balões meteorológicos de neoprene ligados entre si, e por uma carga composta de transmissores de informação, controlo de altitude e para quedas. Tudo isto ligado por um complexo sistema de ligamentos de linhas de nylon. Os balões meteorológicos eram equipados com alvos de radar muito semelhantes aos Rawin, ainda que diversos modelos de balões e alvos de radar tivessem sido utilizados nas pesquisas.

No verão de 1947 as equipas de pesquisa operavam na Base Aérea de Alamagordo, que se situa a cerca de noventa milhas aéreas da cidade de Roswell. 

O Culpado

Numa primeira investigação os ovnilogistas pensaram que o culpado dos destroços teria sido o voo NYU 9, lançado entre o dia 3 e o dia 4 de Julho (data muito próxima da apresentada por Randle), que se despenhou e nunca tinha foi recuperado. Todavia dois pormenores inviabilizavam esta teoria, em primeiro lugar o balão do voo 9 era demasiado pequeno, contendo apenas alguns balões meteorológicos de neoprene, sem instrumentos e sem reflector de radar. Por outras palavras, nunca poderia ter causado a quantidade de destroços avançadas pelas testemunhas, nem teria material capaz de ter sido considerado estranho por Jesse Marcel e outros. Por outro lado no livro “The Roswell UFO Crash: Update”, Kevin Randle demonstrou que os ventos da altura teriam levado o balão para longe do Rancho Foster. 

Todavia um pormenor tinha escapado aos investigadores, é que segundo a própria declaração de Mac Brazel, os destroços teriam sido descobertos no dia 14 de Junho e não no dia 2 ou 4, avançados pelos investigadores baseados nas testemunhas de OVNIS e não nas palavras do rancheiro. Assim, procuraram nos arquivos que outro voo poderia ser o culpado. Descobriram então o voo NYU 4 lançado a 4 de Junho. Este voo consistia num balão com cerca de vinte e um balões meteorológicos de neoprene, um microfone sonda, explosivos para regular a altitude do aparelho, interruptores de pressão, baterias, anéis de lançamento e de (assembly) de alumínio, três ou quatro para quedas de pergaminho reforçado de cor vermelha ou laranja e três alvos reflectores de radar de um modelo não normalmente usado no continente dos Estados Unidos. 

De acordo com o diário do Dr. Crary, um dos responsáveis do projecto, o voo NYU 4 foi acompanhado pelo radar até que desapareceu a cerca 27 km de distância do Rancho Foster. As cartas meteorológicas da altura demonstram contudo, que de acordo com os ventos prevalecentes na altura, é possível que o mesmo se tenha vindo a despenhar no local onde Mac Brazel os encontrou dez dias depois. 

Os Destroços

Estabelecemos que existe uma grande probabilidade de os destroços vistos e recolhidos por Brazel e Marcel serem do voo NYU 4 do projecto Mogul. Todavia a força desta teoria apenas se pode comprovar quando comparada com as descrições dadas dos destroços pelas testemunhas que estiveram no Rancho Foster. Nesta parte seguiremos de perto a comparação feita por Lynn Picknett[54] e Karl Pflock[55]. Vejamos. 

Mac Brazel descreveu os destroços como “tiras de elástico, papel de alumínio, um papel bastante duro e paus“ e que nos destroços eram possível ver “fita-cola com flores desenhadas nela”. A sua filha Bessie disse que “Havia o que pareciam ser pedaços de um papel extremamente encerado e um material semelhante a papel de alumínio. Alguns desses pedaços tinham uma espécie de números e letras, mas nenhumas palavras que conseguíssemos perceber. Alguns dos pedaços de papel de alumínio tinham uma espécie de fita-cola presos neles, que quando expostos à luz mostravam uns desenhos ou pastel de flores”. Jesse Marcel descreveu como “pequenas varas rectangulares de 12 mm quadrados com uma espécie de hieróglifos que ninguém conseguia decifrar. Que alguns destroços pareciam “balsa-wood”, que “tinham o mesmo peso mas que não eram de madeira, que eram muito duros mas flexíveis e que não se conseguiam queimar”. Afirmou ainda que “havia uma grande quantidade de um material castanho parecido a papel pergaminho que contudo era extremamente forte e uma quantidade enorme de pequenos pedaços de uma substancia parecida ao papel de alumínio mas que não era papel alumínio” e que o Capitão Sheridan Cavitt tinha descoberto “uma caixa metálica preta que era a única coisa que parecia algum tipo de instrumento de navegação ou electrónico” e finalmente o seu filho, Jesse Marcel Jr, afirma ter visto nos destroços varas em forma de I[56] contendo hieróglifos roxos e que o material depois de amachucado, voltava à sua forma natural. Por último temos a descrição do fotógrafo J. Bond Johnson que fotografou os destroços na sala do General Ramey e que descreveu um “forte odor a lixo”.

Confrontado com estas descrições, o Prof. Charles B. Moore do projecto Mogul, curiosamente testemunha a 24 de Abril de 1949, de um dos mais impressionantes e ainda por explicar relatos OVNI[57], encontrou as seguintes explicações; quanto à existência de tiras de borracha, papel alumínio reforçado e paus de madeira, são materiais efectivamente utilizados na construção daquele tipo de balões, as referências a um papel tipo pergaminho castanho e resistente seriam muito provavelmente os para quedas que apesar de serem pintados de vermelho ou laranja, com o passar do tempo e expostos ao Sol (como parece ter sido o caso) ficavam acastanhados. Quanto à caixa preta encontrada por Cavitt, explicou que normalmente os balões tinham essas caixas que continham as baterias[58]

Quanto às varas que continham “hieróglifos” roxos e que não se conseguiam queimar, o Prof. Moore explicou que muitas vezes era utilizada uma fita-cola para reforçar a estrutura dos alvos reflectores de radar, que tinha sido adquirida numa empresa construtora de brinquedos de Nova Iorque e que tanto quanto se lembrava era de cor clara, semi-opaca, com cerca de duas polegadas de largura e que continha impressa figuras de flores de cor roxa e cor-de-rosa. Explicação muito semelhante à descrição dada por Irving Newton (ver infra). 

No que diz respeito à resistência ao fogo admite que talvez seja derivado à cola que utilizavam na ponta das varas, o que as fazia ter alguma resistência ao fogo[59]. Por último quanto ao cheiro testemunhado por Johnson, explica facilmente dizendo que haviam dois motivos para os balões de neoprene cheirarem mal. O primeiro porque é isso que ocorre quando os balões rebentam e segundo, explicou que antes de serem lançados os balões eram submersos em água quente o que aumentava a sua resistência e durabilidade e que infelizmente intensificava também o cheiro emitido aquando de um rebentamento. 

Sob esta perspectiva entende-se agora porque motivo nem Mac Brazel, nem Jesse Marcel, nem mesmo os militares da base de Roswell conseguiram identificar os destroços e afirmaram não ser os de um balão meteorológico. De facto o que estavam a testemunhar era algo diferente, conhecido apenas senão por um grupo restrito de cientistas e que continham instr
umentação não acessível nem reconhecível à maioria das pessoas. Por outro lado o tamanho do balão corresponde com as informações dadas por Marcel sobre o tamanho do campo de destroços. 

Inconsistências

Se é por de mais evidente que as explicações do Prof. Charles B. Moore e que podem ser verificadas nos ficheiros e diagramas do projecto, respondem à maioria das descrições feitas pelas testemunhas mais credíveis e que tiveram contacto directo com os destroços, dois pormenores parecem contudo não bater certo. O primeiro quanto ao testes que Marcel afirmou terem sido feitos, nos quais os materiais não podiam ser dobrados nem amolgados. Todavia não existem testemunhas ou evidências destes testes, e tendo em conta outras inconsistências e exageros na história de Marcel, estas informações não devem ser tomadas muito em consideração. O segundo pormenor é a capacidade muitas vezes relatada de que o material depois de amolgado regressar à sua forma original. Todavia há que ter um aspecto em consideração estas propriedades anómalas associadas também a uma grande resistência e um peso diminuto[60], aparecem pela primeira vez no livro “The Roswell Incident” em 1980 e exceptuando Marcel e o seu filho, quando todas as outras testemunhas informaram os investigadores das propriedades dos destroços que teriam visto, o livro já tinha saído e é curioso notar, como faz Kal Korff, que nenhuma das outras testemunhas avança com outro tipo de propriedades ou de pormenores quanto a um material tão “exótico”. Consideremos ainda como já foi visto que muitas das testemunhas passaram de apenas ter ouvido descrições do objecto para as terem visto. Mas, de facto, a ser verdade que o material podia ser amachucado e depois voltava ao normal, não é consistente com nenhum tipo de material utilizado no Balão Mogul, o que todavia não é indicação de que o material seja extraterrestre[61], não se aplicava à totalidade dos fragmentos e nem é corroborado por todas as testemunhas.

Para terminar há contudo que admitir que tirando esta descrição, todas as outras são inconsistentes com o material de uma nave interplanetária, que deste modo seria formado por paus que parecem madeira, tiras de elástico, um duro papel pergaminho castanho e material semelhante a papel de alumínio.

O Encobrimento

Logo no primeiro livro alguma vez publicado sobre Roswell os autores avançam com a ideia de ter havido um encobrimento, tendo a Força Aérea divulgado a história do balão meteorológico para ocultar a queda e recuperação de um OVNI de origem extraterrestre.

Esta ideia lançada pelo Major Jesse Marcel tem também apoio nos testemunhos de Bessie e Bill Brazel que afirmam que o seu pai foi obrigado a fazer um juramento em como não contaria a ninguém o que tinha descoberto no terreno, acordo que cumpriu até à sua morte. A ideia de um encobrimento é corroborada nos testemunhos e amigos de Mac Brazel que afirmam que nos dias posteriores à sua descoberta este era acompanhado e vigiado pelos militares. Dados demasiado importantes para ignorar.

Mas a questão sobre se houve ou não encobrimento já não se debate, a própria Força Aérea admitiu-o em 1994 aquando da publicação do seu relatório: “Roswell: Facts vs Fiction in the New Mexico Desert”. A pergunta actual é antes, o que tentaram encobrir? Analisemos os dados.

De acordo com Jesse Marcel, quando este voltou do Rancho Foster foi ordenado para viajar até à Base de Carswell juntamente com os destroços e para se apresentar ao General Roger Ramey. Afirmando que quando entrou na sala do mesmo, o General mandou entrar Irving Newton o meteorologista da base, que identificou o objecto como sendo um balão meteorológico Rawin. Entretanto J. Bond Johnson tiraria as fotos que ficariam famosas mostrando Jesse Marcel com os destroços do balão meteorológico. Jesse Marcel afirmaria aos investigadores iniciais que os destroços foram substituídos e que teriam feito dele um bode expiatório, afirmando contudo que em pelo menos uma foto estão presentes os destroços verdadeiros, que de acordo com o relato do meteorologista, Marcel tentou convence-lo de que eram destroços de um disco voador (ver supra). 

Entrevistando o assistente de Ramey trinta e dois anos depois do sucedido, o Coronel Thomas J. Dubose admitiu a William Moore que tinha havido um encobrimento afirmando que: “A história do balão meteorológico foi uma invenção para “apagar o fogo” e que julgava ter sido o General Ramey a inventar essa história. Contudo, confrontando com a hipótese de os destroços terem sido substituídos por uns de um balão meteorológico afirmou: “Tretas! O material nunca foi substituído”, segundo o mesmo, foi ele pessoalmente que recebeu o avião vindo de Roswell e que transportou numa bolsa de correio os destroços para o escritório do general Ramey. Portanto, de acordo com o Coronel, o material exposto era o mesmo que tinha vindo de Roswell o que voltou a confirmar depois de olhar para as fotos tiradas. 

Como explicar esta aparente contradição? Por um lado o Coronel afirmou que tinha havido um encobrimento e que a história do balão meteorológico era falsa, por outro, afirmou que o material era o mesmo que tinha vindo de Roswell. A solução de acordo com Lynn Picknett[62] é bastante fácil, sendo o balão Mogul constituído por balões meteorológicos e outros materiais consistentes com balões normais, apenas expuseram estes na conferência de imprensa. 

Mas as evidências de um encobrimento não acabam aqui. Enquanto Irving Newton examinava os destroços ouviu o General Ramey dizer que o voo para a base Wright-Patterson no Ohio tinha sido cancelado. Todavia existem fortes indícios de que tal voo de facto aconteceu, voo corroborado pela testemunha Pappy Henderson. De facto se os destroços fossem de um simples balão meteorológico nunca teriam sido mandados para Wright-Patterson para análise, o que é demonstrado também pelo telex do FBI que é muitas vezes apresentado como prova da queda de um OVNI mas que como examinaremos de seguida, não o é.   

O Telex do FBI

Sensivelmente uma hora depois do comunicado de imprensa que desmistificava o caso, por volta das 18h17 do dia 8, o escritório do FBI em Dallas mandou um telex para o director do FBI J. Edgar Hoover em Washington dizendo o seguinte: “O disco tem uma forma hexagonal e estava suspenso a um balão por um cabo, sendo que o balão tinha aproximadamente 6 metros de diâmetro“. O telex afirma ainda que de acordo com a base de Fort Worth o disco assemelhava-se com um balão meteorológico de alta altitude acoplado com um reflector de radar, mas a Base de Wright-Patterson não concordava. E que por isso: “o disco e o balão estavam a ser transportados para esta base num avião especial”.

Portanto como vimos deste telex desclassificado na década de 70, tudo indica que de facto um voo secreto partiu de para Ohio, transportando o resto do material recuperado, contrariando a versão oficial. Material que de acordo com o telex não se assemelha em nada a um disco voador mas antes a um balão. 

O Relatório da Força Aérea Norte-Americana de 1997

Uma das principais críticas que os ovnilogistas lançaram ao relatório oficial de 1994 “The Roswell Report: Fact vs. Fiction in the New México Desert”, era o facto de não lidar com a questão dos cadáveres recuperados. Assim por alturas do quinquagésimo aniversário de Roswell e por coincidência divulgado no dia 24 de Junho, a Força Aérea publ
icou o seu mais recente e ultimo relatório intitulado: “Roswell- Case Closed”. 

Rapidamente se tornou claro que o relatório continha um sem número de afirmações e de explicações que eram simplesmente ridículas para explicar a existência de corpos, usando basicamente dois argumentos, bonecos e fiabilidade da memória, um necessariamente subsidiário do outro como veremos. Exemplificando; aclarou que os corpos eram muito provavelmente descrições de bonecos de teste lançados a altas altitudes de para quedas. Contudo como esta explicação apenas era válida a partir de 1954 ano em que começaram as ditas experiências, tiveram de explicar que todos os testemunhos se deviam a uma má memória que tinha misturado dois eventos separados no tempo por diversos anos. Se é certo que a memória (mesmo a mais recente) não é tão exacta como anteriormente se pensava e que na realidade se degrada muito com o passar do tempo, a explicação casuisticamente não se pode aplicar a todas as testemunhas do caso Roswell. Mas a Força Aérea foi ainda mais longe; como as descrição dos corpos diferiam muito das de humanos e os bonecos tinham sido afinal feitos para se assemelharem a pessoas (daí o objectivo dos bonecos), avançaram com explicações de que com as quedas os bonecos se teriam partido parecendo mais pequenos, o mesmo acontecendo com os dedos que assim se podiam adaptar às descrições de quatro dedos, etc. 

Como demonstrámos as explicações da Força Aérea não convencem e acabaram por ter o efeito contrário ao desejado, causando ainda mais suspeita do público sobre a Força Aérea, as suas actividades e contribuindo para a mistificação do caso. Mas por que falhou o relatório? Por que partiu de um pressuposto errado, o que de os relatos de cadáveres eram idóneos e que por isso teve que arranjar uma explicação à força para lidar com este aspecto do caso. Todavia como vimos, o núcleo de pessoas a quem se pode atribuir terem visto cadáveres é restrito, e não apresenta credibilidade.

Considerações Finais

Sendo formado em Direito, se fosse Juiz e se me deparasse com um caso onde não há certezas sobre a data, sobre o número de objectos envolvidos, sobre o local ou locais onde caiu/caíram, onde não há concordância entre o número de cadáveres, nem quanto às suas descrições e onde as testemunhas mudaram sistematicamente a história, aumentando os detalhes quando deveria ter sido o contrário devido ao natural passar do tempo e aumento da idade, não teria outro remédio senão declarar o caso como não provado, e com a possibilidade de elevada de ser falso, ou pelo menos as pretensões avançadas. Creio que após este trabalho, demonstrei no mínimo que este caso não é de todo sólido nem bem fundamentado e no máximo que nenhuma aeronave de origem extraterrestre se despenhou em Roswell, tendo sido antes um balão Mogul. Creio ainda que qualquer pessoa dotada de senso comum, chegará à mesma conclusão. Senso comum que deve nortear a investigação OVNI.

No fundo pretendi demonstrar que questionar o caso Roswell não é criticar a ovnilogia, não é minar a ovnilogia, nem pode ser visto como um acto de traição, ele é antes a postura natural de um investigador que deparado com questões contraditórias as expõe, faz nascer a discussão, esperando com isso contribuir para a verdade material do caso. A ovnilogia não pode criar mitos, não se pode alicerçar em dogmas, nem em tabus, sob o risco de um dia colapsar se provados falsos. A ovnilogia como ramo do conhecimento que é, deve e tem de ser um exemplo de curiosidade intelectual, de pesquisa livre e da livre discussão, caso contrário, tornar-se-á no oposto daquilo que nasceu para ser; a divulgação séria, completa e isenta de casos OVNI.

Agosto de 2005


Anexo
Fotos do Balão Mogul


Tamanho do balão comparado com monumentos. Vemos que o balão era grande o suficiente para causar o volume de destroços avançado.

À esquerda vemos um esboço dos desenhos da fita-cola utilizada no projecto Mogul, à direita a recordação de Jesse Marcel Jr. dos hieróglifos nas barras em forma de I.

À esquerda uma foto de um reflector de radar Rawin, à direita um para quedas acastanhado devido à exposição ao Sol

À esquerda o esboço apresentado pelo investigador Stanton Friedman no jornal “Roswell Daily Record” em 1987. À direita o esboço apresentado por Glenn Dennis anos depois.

Nota: Todas as fotos provêm do livro “Roswell ““Inconvenient Facts and the Will to Believe”


Bibliografia

  • Crash at Corona, Stanton Friedman e Don Berliner, 1992

  • Documentos MJ-12, divulgados em 1987

  • Roswell ““Inconvenient Facts and The Will to Believe, Karl T. Pflock, 2001

  • Roswell UFO Crash Update, Kevin Randle, 1994

  • The Mammoth Book of Ufos, Lynn Picknett, 2001

  • The Roswell Incident, William Moore e Charles Berlitz, 1980

  • The Roswell UFO Crash ““What They Don´t Want You to Know”, Kal. K. Korff, 1997

  • The Truth about the UFO Crash at Roswell, Kevin Randle e Donald Schmitt, 1994

  • UFO Crash at Roswell, Kevin Randle e Donald Schmitt, 1991


* Imagem de capa: "El mago atacado por el gigante", Bene Bergado, 2001

[1] A primeira a 22 de Junho de 2005, no programa “Contrabando” da Rádio Interna do Instituto Superior Técnico e a segunda a 23 de Junho de 2005 no programa televisivo “Curto Circuito” da SIC Radical

[2] Foram descritos ao longo dos anos OVNIs de tantos formatos e feitios que é enganador e redutor chamar o fenómeno de “Discos Voadores”.

[3] Como é o caso de Jerome Clark e de Stanton Friedman que o chama de o “Watergate Cósmico”

[4] No seu comunicado à imprensa a Força Aérea norte-americana admitiu que um disco voador tinha aterrado e que o mesmo tinha sido recuperado. Não mencionou nem queda, nem destroços como a história é conhecida, antes pelo contrário, dando a ideia de que se apoderou dele intacto, certamente para não atrair curiosos para o local do impacto. 

[5] Jornal “Roswell Daily Record” de 9 de Julho de 1947

[6] Res
ponsável pelo bombardeamento de Hiroxima e Nagasaki

[7] Muitos investigadores afirmam que esta declaração foi feita sobre coacção psicológica por parte dos militares. Analisaremos esta afirmação supra.

[8] Jornal “Roswell Daily Record” de 9 de Julho de 1947

[9] Ibid.

[10] Berlitz e Moore, The Roswell Incident, pp. 86.

[11] Friedman e Berliner, Crash at Corona, pp. 83

[12] Kal. K. Korff “The Roswell UFO Crash” ““What They Don”™t Want You to Know, pp. 53

[13] Berlitz e Moore, The Roswell Incident, pp. 97

[14] Berlitz e Moore, The Roswell Incident, pp. 89 e 90

[15] Friedman e Berliner, Crash at Corona, pp 85.

[16] Berlitz e Moore, The Roswell Incident, pp. 92

[17] Randle e Schmitt, The Truth about the UFO Crash at Roswell, pp. 32

[18] Friedman e Berliner, Crash at Corona, pp. 72

[19] Berlitz e Moore, The Roswell Incident, pp. 93

[20] Kal. K. Korff “The Roswell UFO Crash” ““What They Don”™t Want You to Know, pp. 48

[21] Ibid, pp. 59.

[22] Philip J Klass, Skeptics UFO Newsletter

[23] Charles Berlitz e William Moore, The Roswell Incident, pp. 67

[24]Contudo em 1993 Haut mudou a sua história dizendo que: “Estou convencido que o material recuperado era de um qualquer tipo de nave do espaço exterior”.

[25] Lynn Picknett, The Mammoth Book of UFOs, pp. 203

[26] Philip J Klass, Skeptics UFO Newsletter, pp. 124

[27] Variando consoante as suas opiniões pessoais sobre o caso, que serão demonstradas infra.

[28] Friedman e Berliner, Crash at Corona, pp. 116

[29] Friedman e Berliner, Crash at Corona, pp. 118

[30] Randle e Schmitt, The Truth about the UFO Crash at Roswell, pp. 14

[31] Lynn Picknett, The Mammoth Book of UFOs, pp 222.

[32] Esta é também a opinião avançada no relatório de 1997: Roswell ““Case Closed, divergindo contudo num pequeno pormenor. Enquanto que o investigador Karl Pflock considera que Glenn Dennis mentiu inspirando-se neste incidente para a sua história, a força aérea considera que o mortuário apenas confundiu a data dos dois incidentes e identificou erroneamente os cadáveres.

[33] Karl T. Pflock, Roswell ““The Will to Believe and Inconvenient Facts, pp. 138 a 141

[34] Karl T. Pflock, Roswell ““The Will to Believe and Inconvenient Facts, pp. 136

[35] Roswell Daily Record de 8 de Junho de 1987

[36] Karl T. Pflock, Roswell ““The Will to Believe and Inconvenient Facts, pp. 136

[37] Kal. K. Korff, The Roswell UFO Crash, What They Don´t Want You To Know, pp. 84

[38] ibid pp. 84

[39] Lynn Picknett, The Mammoth Book of UFOS, pp. 225

[40] Lynn Picknett, The Mammoth Book of UFOs, pp. 227

[41] Karl Pflock, Roswell Inconvenient Facts and the Will to Believe,  pp. 74

[42] The Truth about the UFO Crash at Roswell, Randle e Schimtt, pp. 7

[43] James MacAndrew, pp.216

[44] Karl T. Pflock, Roswell ““Inconvenient Facts and the Will to Believe pp 53.

[45] Philip J. Klass, Skeptics UFO Newsletter, pp. 145

[46] Conversa telefónica de 14 de Novembro de 1993.

[47] Para mais informações sobre a “Queda nas Planícies de San Agustin” ver “Quedas de UFOs” da colecção Revista UFO.

[48] Documentos MJ-12, pp. 3

[49] Philip J. Klass, Skeptics UFO Newsletter, pp. 146

[50] Documentos MJ-12, pp. 3

[51] Muito sucintamente Ruben Anaya afirma que enquanto motorista para o Governador-Tenente do Novo México Joseph Montoya, um dia por
volta da altura do incidente de Roswell, recebeu um telefone deste, muito nervoso pedindo-lhe que o fosse buscar rapidamente ao hangar grande da base. No carro contou que tinha visto três cadáveres de extraterrestres e um vivo. O problema com esta história é que é em segunda mão, a história mudou ao longo do tempo e os registos tanto do Governador-Tenente como da Base de Roswell não o colocam na base.                                    

[52] Kal K. Korff, The Roswell UFO Crash ““What They Don´t Want You to Know, pp. 77

[53] O primeiro lançamento soviético de uma bomba atómica deu-se a 22 de Setembro de 1949

[54] Lynn Picknett, The Mammoth Book of Ufos, pp. 236 e 237

[55] Karl T. Pflock, Roswell -Inconvenient Facts and the Will to Believe, pp. 159 a 165

[56] Em 1981 o Major Jesse Marcel contou à investigadora Linda Corley que o seu filho se tinha enganado nas descrições das varas, que seriam rectangulares e não em forma de I.

[57] Roswell ““Inconvenient Facts and the Will to Believe, Karl T. Pflock, pp. 144

[58] Ibid. pp 161

[59] De facto excluindo a afirmação duvidosa de que os militares teriam feito testes de resistência, a única referência que temos válida é a de uma tentativa de queimar com um fósforo, o que dificilmente se adequa a um teste de resistência ao calor.

[60] Testemunho de Lewis S. Rickett

[61] Materiais terrestres existem que quando amachucados voltam à sua forma original. O invólucro de plástico que envolve uma palhinha de um pacote de leite, depois de amachucado volta à forma normal.

[62] Lynn Picknett, The Mammoth Bookf of UFOs, pp. 238

7 comentários sobre “Roswell: Avaliando o mito

  1. EGRÉGIO TRIBUNAL CÉTICO

    Mas que texto esquisito! Ele, em sua maior parte, não se coaduna com as evidências – inclusive materiais e testemunhais – já apresentadas como em http://www.youtube.com/watchv=C8ZvZd5zyrY,entre outras. Ou será que este último seja também mais uma fraude?
    Acho que o autor almeja o cargo de Juiz mas parece-me que não obteve sucesso, até então. De fato, isto gera uma certa frustração.

  2. Quem ja viu discos voadores não estão mentindo é pura realidade. Aconteceu comigo eu ve de perto e creio que eu escapei por pura sorte. Vinha de uma festa de são joão campina grande rumo para casa no caminho comi u x-tudo e bastente maionese chegando proximo a minha residência não aguentei e parei na praça joão pessoa isso por volta de 2 as 3hs da madrugada fiquei de cabeça baixa segurando em um banco de cimento vomitando todo o lanche, quando v
    me deparei com uma claridade de cor rosa tipo de boates quando levantei a cabeça estava um disco parado a uam altura de 8m parado com aquela cor brilhante mirando mesmo em cima da estatua de joão pessoa bem perto de mim cerca de 5m quando levantei a cabeça as luzes se apagarar só uma janela estava acesa nunca vi um objeto desaparecer tão rápido sem fazer nenhum barulho e deixar cheiro de combustivel, por estar tão proximo a estatua acredito que a vítima seria eu minha sorte foi a claridade que na minha opinião faz a função de uma mira ou farol levei sorte, minhas pernas travou cai ao atravessar a rua rumo para casa, quando cheguei em casa avisei para minha mãe ela mandou eu ir dormir que eu estava vendo alucinações, isso foi em 1987 só agora resolvi revelar é pura verdade não tenho interesse de estar mentindo sou um funcionário publico e ja tenho 45 anos de idade.

  3. Parece que o FBI já revelou a verdade sobre Roswell, finalmente. E os ‘céticos’ quebraram a cara. Você de fato usou o senso comum, ou seja, acreditou no governo. Gozado como os ‘céticos’ são ‘crentes’ quando a fonte da informação é ‘oficial’. Tsc, tsc, tsc…

  4. Longo, longo texto. Roswell e suas datas e nomes, falsas declarações, testemunhas desmentidas. .. Invcrivelmente, muita gente de talento dedicou um bom tempo tentando decifrar o segredo do balão…. Ora, basta raciocinar o óbvio: Ufólogos afirmam que aliens estão na terra já há algum tempo, logo, deveriam ter ocorrido acidentes de naves em outras épocas (em que não houvesse o FBI, claro!), deveriam haver indícios….. Mas não existem…. Alguém poderia argumentar que os áliens teriam “limpado” o local, para não deixar rastros de sua passagem… Bem razoável, isso…. Mas então por que não o fizeram em Roswell, em Varginha, etc etc? Será que os caminhões do exército são mais eficientes em resgatar acidentados, do que naves capazes de cruzar meio universo? Então, eu me permito pensar que, se encontraram ETs em Roswell, logo, não eram ETs.

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