“Gauche Encounters”: Filmes B e o mito OVNI

Martin Kottmeyer, tradução gentilmente autorizada [de Talking Pictures]

A ciência, Jacques Barzun disse uma vez, é um glorioso entretenimento. Longe de ser um mero empreendimento pragmático, é um drama vasto e estético. Chame-a de busca, o esforço mais nobre do gênero humano. É a aventura para encontrar a verdade universal. Não é um esforço calculado por melhores padrões de vida ou chances de sobrevivência. Ao invés, é um reflexo de ambições criativas e uma expressão de desejos humanos profundos.

O estético explorado na ciência é elitista e nitidamente discriminativo em seus ideais. As idéias não nascem todas iguais. A ciência boa deve ser separada da ciência ruim. Padrões críticos são aplicados em uma revisão obrigatória por pares e só o que é bom é permitido na ‘literatura’. O ruim vai se abrigar em tablóides e talk shows.

Enquanto o debate sobre vida extraterrestre é um dos esteios de especulação filosófica e um tópico aceitável em periódicos astronômicos, o tema da ufologia foi exilado ao efêmero da cultura popular. É ciência ruim. Cientistas têm uma desconfiança intuitiva do assunto. A ufologia viola teorias aceitas postulando vontades arbitrárias. Seu dados são pouco sólidos, anedóticos e irreproduzíveis. Há uma aura de sensacionalismo em polêmicas OVNI. O desejo de supostas formas de vida de se esconder é a priori pouco provável. É uma situação em geral incômoda.

Além das preocupações da ciência, a arte do fenômeno OVNI é arcaicamente falsa. Os aliens são uma mistura indigesta de chauvinismos humanos. Aliens bons são sempre ideais de raça arianos de pele branca. Aliens ruins são um pot-pourri de clichês de filmes de horror – os Homens de Preto, Cérebros Grandes, Insetos Grandes, múmias, reptóides, olhos fantasmagóricos. Embora os aliens supostamente possuam uma tecnologia séculos à frente da nossa, parecem freqüentemente atrasados e incrivelmente estúpidos. Ainda precisam descobrir drogas que apaguem memória a curto prazo; algo que os terráqueos já fizeram. Há um caso de uma abduzida capturada por um braço mecânico que parece uma bugiganga inventada por um fã de Buck Rogers com Alzheimer. Cirurgiões amadores em campo de batalha freqüentemente ultrapassam os super-veterinários do fenômeno OVNI. Os aliens nem mesmo atualizam seu equipamento. No caso de Schirmer, aliens estão usando computadores com rolos de fita. Ao invés de sondas robóticas nanotecnológicas e scanners de mão inteligentes, eles ainda usam agulhas, bisturis e pesadas máquinas de laboratório. Em vez de programadores de genes, eles ainda têm que colher óvulos e esperma como ladrões de corpos de estilo gótico juntando partes para experiências malucas estilo Frankenstein. Sua incompetência se estende a ter restrições tão ruins que um espécime, Travis Walton, consegue escapar e ganhar acesso à sala de controle do disco.

A fuga de Walton lembra muito as fugas absurdamente fáceis vistas comumente em filmes de aventura. Realmente muito do fenômeno OVNI tem o ar da licença dramática. Há perseguições, seqüestros, batidas e explosões demais para ser levado a sério. Há uma mentalidade criativa “vale-tudo” por trás do fenômeno que toma descaradamente emprestado recursos que se originaram na ficção científica como anti-gravidade e motores magnéticos, raios da mente, campos de força, invisibilidade e interpenetração de matéria. Escritores de ficção científica contudo apreciam que são só recursos e que são provavelmente impossíveis.

É tentador considerar o fenômeno OVNI como um exercício em teatro de improvisação. Talvez até mesmo seja um campo projetado especialmente para o fã de filmes ruins. Certo, a ciência ruim também é. Ainda é estranhamente divertido. Ainda são produtos criativos vindos diretamente do id. Crus, puros e imaculados pela lógica, eles têm uma autenticidade e poder emocional que trabalhos de ficção trabalhados não alcançariam porque eles não lhe pediriam que acreditasse no impossível.

Aqueles que experimentam encontros OVNI admitirão às vezes que suas histórias parecem incrivelmente toscas até mesmo para eles mesmos. Quando Tom Snyder entrevistou o abduzido autor do best-seller autobiográfico, Comunhão, Whitley Strieber, Snyder observou que seus aliens tinham um tom como o da ficção científica embrionária ou dos primeiros filmes de ficção científica. Longe de ser surpreendido, Strieber concordou:

“Bem, talvez sejam. A experiência inteira tem esse tipo de qualidade. A coisa inteira não – A história que eu há pouco lhe contei parece algo fora do que eu vejo naqueles cartazes antigos de filmes de ficção científica – que você veria em um filme de ficção científica de 1953. Não é nem mesmo ficção científica muito boa.”

Como um escritor, o julgamento de Strieber não pode ser condenado. Ele escreveu livros de horror best-seller e realmente não há nenhuma comparação no senso de que Communion é relativamente tosco tendo enormes buracos em lógica e falhando em remover na edição materiais que não funcionam. É até mesmo derivado de outros trabalhos. A cena onde Strieber nota como o quarto parece imundo justamente enquanto uma agulha será fincada em seu belo cérebro é uma cena roubada do romance de espiões paranormais de Strieber “Black Magic“. Naquele livro uma mulher comenta como o lugar é imundo justamente enquanto seus atormentadores perfuram um buraco em sua cabeça para implantar uma agulha eletrificada.

Mas a acusação de ser derivado de outras obras é uma falha geral do fenômeno OVNI. Seqüestros OVNI só se tornaram populares uma década depois dos filmes de invasão alienígena. Há um empréstimo visível de convenções incluindo névoas, vestimentas metálicas de corpo inteiro, mundos agonizantes e aliens sem emoções. Não há nada no fenômeno OVNI que não apareceu primeiro de alguma forma na ficção científica como Bertrand Méheust, um francês, detalhou em um pequeno tesouro acadêmico desconhecido intitulado Science Fiction et Soucoupes Volantes.
Defensores do caráter alienígena do fenômeno OVNI negaram repetidamente que haja qualquer influência cultural dessa natureza. O raciocínio é bastante curioso. Jenny Randles, que se tornou uma autoridade no campo de abduções, achou significante que Spock nunca apareceu em um relato de abdução. Deixando de lado a incongruência de caráter implicada em Spock seqüestrar humanos inocentes, é uma expectativa fácil porque nenhum investigador escreveria sobre um caso assim para um periódico OVNI. James Harder, investigador de abduções pioneiro, por exemplo, se encontrou uma vez com uma referência a um disco ser impulsionado por cristais de lítio. Ele reconheceu prontamente a influência dos cristais de dilítio de Jornada nas Estrelas e assim descartou essa parte da história do abduzido.

De forma similar, Allan Hendry ouviu a respeito de um abduzido em uma nave que viu estrelas passando rapidamente na maneira das convenções visuais de Jornada nas Estrelas e pensou que era um indicador provável da origem mental da experiência. As únicas influências de Jornada nas Estrelas que passam pela peneira do escrutínio serão aquelas enigmáticas ou ambíguas. Isto parece ter acontecido no caso do sargento Charles Moody, um conto de abdução semi-popular do meio dos anos 1970. Em um certo ponto os aliens de Moody usam a expressão, “você foi absorvido.” Isto lembra um episódio de Jornada nas Estrelas chamado “O Retorno dos Archons” em que as pessoas falam sobre ser “absorvidas”, isto é, dominadas pelo Corpo. Nós poderíamos descartar isto talvez como uma coincidência de alguma variedade exótica não fosse pelo fato de que Moody parece ter emprestado algo mais de “Retorno dos Archons.” Ufólogos acharam intrigante a qualidade luminescente das paredes do disco de Moody, com uma ausência de fonte luminosa. Um Trekkie não estaria intrigado. Um personagem tira uma folha de metal luminescente que leva Spock a concluir sobre a presença de uma tecnologia no planeta muito mais avançada do que era geralmente aparente. Claramente o detalhe foi emprestado para provar a natureza avançada da tecnologia do disco. É um detalhe pequeno, um adorno, e um que só um Trekkie notaria. Nenhuma surpresa, então, que os ufólogos não o notaram.


Esquerda
: Cabeçudos Talosianos de “The Menagerie”/ “The Cage”
[Star Trek ““ The Magazine, Fev 2001, p. 66]
Direita: Extraterrestres de Travis Walton e Charles Moody
[Budd Hopkins, Missing Time / Richard Marek, 1981, pp. 162-3]

Outras discussões de ficção científica e ufologia por ufólogos expõem erros idênticos. Eles falam sobre como as experiências OVNI são diferentes de grandes sucessos como Guerra dos Mundos e O Dia em que a Terra Parou, mas ignoram o efeito de rejeição de relatos por investigadores, sem contar a rejeição pelas próprias pessoas que teriam tal experiência em primeiro lugar. Nenhum relato apareceu em uma história de extraterrestres entre nós contada em uma conferência MUFON em St. Louis em 1985, porque a audiência notou que ela tinha sua gênese um uma esquete do programa Saturday Night Live, “Coneheads”. Apenas quando as influências vêm de fontes esotéricas ou esquecidas o material cultural se infiltra na literatura OVNI. O fã de filmes ruins tem assim uma vantagem em reconhecer as fontes de certos detalhes de experiências OVNI.

O caso mais importante de abdução OVNI na história da controvérsia OVNI deve ser a história de Betty e Barney Hill. Recebeu atenção nacional na revista Look, foi descrita em detalhes em um livro de John Fuller e foi adaptada para a TV no filme The UFO Incident. Todos admitem a influência seminal do caso Hill na geração de relatos de abdução subseqüentes. Na noite de 19-20 de setembro de 1961 os Hill viram e ficaram amedrontados por um OVNI enquanto voltavam para sua casa em New Hampshire. Várias noites depois, Betty teve uma série de pesadelos sobre ser seqüestrada por extraterrestres e sujeita a um procedimento médico incomum envolvendo uma agulha sendo introduzida em seu umbigo. Finalmente os Hill foram colocadas sob hipnose pelo doutor Benjamim Simon para investigar a angústia emocional associada com o incidente. Embora o Dr Simon considerasse as histórias contadas sob hipnose como fantasia, os Hill e certos ufólogos passaram a acreditar que os pesadelos de Betty representavam um incidente real de abdução que tinha acontecido na noite do avistamento do OVNI, mas que tinha sido empurrado para a memória inconsciente.

As dúvidas de Simon são bem fundadas já que pesadelos raramente consistem em recordações revividas eideticamente. Às vezes ocorre que as pessoas que passaram semanas em combate entre os horrores indizíveis da guerra têm sonhos traumáticos de choque em que revivem ocorrências verdadeiras, mas a regra geral é que pesadelos apenas misturam resíduos de recordações recentes e constroem cadeias de associações criativas indo mais fundo à medida que o sonho progride. Adicionalmente, o material em sonhos de trauma de choque são relembrados conscientemente, de fato são horrores obsessivamente inesquecíveis e não eventos perdidos e enterrados cobertos por uma amnésia de tempo perdido. Os pesadelos de Betty parecem derivar claramente de resíduos da memória de seu avistamento OVNI, sua ansiedade ao ver como seu marido estava apavorado durante o avistamento do OVNI e seus ocupantes; e seus medos de ter sido exposta à radiação. Nós sabemos que ela leu o livro de Donald Keyhoe The Flying Saucer Conspiracy depois do avistamento, mas antes dos pesadelos. O livro de Keyhoe leva a sério alguns incidentes venezuelanos que incluem; primeiro, uma pessoa que é arrastada a um OVNI brilhante por quatro homens pequenos e, depois, um homem que foi encontrado inconsciente depois de ser levado por um anão peludo. O sonho de Betty de ser arrastada por quatro homens pequenos enquanto estava quase inconsciente pode ser uma montagem destas duas histórias. Os aliens de Betty se comportam de uma forma consistente com as especulações de Keyhoe sobre marcianos que fazem um estudo científico de nosso planeta por ‘curiosidade neutra’ ou como um prelúdio para um pouso em massa.

O resto dos pesadelos de Betty parece envolver distorções do filme clássico de invasão alienígena Invasores de Marte. Em seu sonho original, Betty compara os narizes de seus captores aos de Jimmy Durante. Um relance ao cartaz do filme confirmará rapidamente que os mutantes no filme tinham narizes que rivalizam os de Durante. Betty descreve seus captores como Mongolóides, em si mesmos uma mutação genética. Há alguns testes preliminares e então Betty se deita em uma mesa de exames. A abduzida em Invasores de Marte também se encontra em uma mesa de exames. Agulhas são colocadas em várias partes do corpo de Betty Hill, incluindo na parte de trás do pescoço. Algumas mechas de cabelo também são tomadas de sua nuca. Em Invasores de Marte, uma agulha é usada para tentar implantar um dispositivo na parte de trás do pescoço da abduzida. Betty Hill então vê uma agulha mais longa que qualquer outra que viu antes. É colocada em seu umbigo. Ela experimenta grande dor. O examinador põe suas mãos sobre seus olhos, esfrega, e a dor pára. Em Invasores de Marte, a abduzida luta primeiro quando colocada na mesa de exames e então uma luz é jogada em seus olhos e ela se acalma, ficando inconsciente. Então uma imagem curiosa aparece na tela do filme. Tem um caráter ambíguo. Corretamente interpretada, é uma visão de cima do teatro cirúrgico extraterrestre que revela algo da arquitetura do disco. Dominante na imagem está uma viga tubular grande que conecta o teto ao chão. Possui uma semelhança estilística marcante com a agulha usada na operação de implante. Uma confusão é sugerida. A viga tubular e sua envoltura de plástico assumem a aparência da agulha hipodérmica. A iluminação do chão do disco dá a ilusão da curvatura de um abdômen. O lugar onde o chão e a viga se encontram é claramente rodeado por um entalhe circular. É o umbigo. Esta, eu acredito, é a origem da bizarra imagem de Betty da agulha no umbigo. Ou ela confundiu isto ao assistir ao filme, provavelmente em uma TV em preto e branco, ou sua consciência criou essa interpretação alternativa ao construir o pesadelo.

Após a cena de operações, Betty Hill tem uma conferência com seus captores durante a qual lhe mostram um mapa estelar. Os abduzidos em Invasores de Marte não têm uma conferência com os extraterrestres, porém há uma conferência mais cedo no filme na qual os protagonistas vêem um grande mapa estelar. Isto acontece na cena do observatório quando eles conhecem o Dr Kelston. Kelston aponta para o mapa enquanto discute a proximidade de Marte com a Terra. A parte mais notável desta discussão para o fã de filmes ruins é que Kelston está blefando na cena. Não há nada lá quando ele aponta para a Terra.

O mapa de Betty tem os dois planetas que faltavam no mapa de Kelston. Mas quando o alien pergunta a Betty se ela sabe onde a Terra está no mapa, ela revive sua perplexidade como espectadora de filmes.

Ela, novamente, não tem nenhuma idéia de onde está. Talvez seja bom notar que há semelhanças marginais entre o esboço de mapa estelar de Betty e o campo de estrelas retratado abaixo dos créditos do filme – planetas de mesmo tamanho, mesma iluminação de corpos, arranjos sem eclipses, densidade de estrelas semelhante. Há porém uma grande diferença: não há linhas de trajeto conectando os planetas e estrelas no retrato dos créditos. Isto provavelmente representa uma combinação com outra memória relativa a mapas: uma possibilidade especulativa é que as quatro linhas que conectam os dois planetas maiores são derivadas de quatro linhas conectando Concord e Manchester perto do local da casa dos Hill em Portsmouth: Rt. 3, Rt. 3A, uma estrada de pedágio e o rio Merrimack. Têm aproximadamente o mesmo ângulo entre si que os planetas no mapa estelar. A pequena ramificação à direita seria a Rt. 4 para Portsmouth. As outras linhas no mapa estelar estão sujeitas a possibilidades múltiplas e são difíceis de discutir convincentemente. Muito provavelmente nunca saberemos se isto é certo, mas indica o fato de que alternativas para a aceitação literal são facilmente imagináveis.

Poderia ser contestado que seguramente um sonho favoreceria recordações mais vívidas e imagens como os cortes repetidos para o implante ameaçadoramente impelido para o pescoço da abduzida que a transformaria em uma espiã extraterrestre (como a propósito ocorreu na abdução de Raymond Shearer em 1978) ou a cabeça sem corpo da Mente Marciana em um Globo (como a propósito aconteceu no encontro da senhora Everett Steward em 1966), mas essa não é uma característica fiel dos sonhos. Eles apanham estímulos triviais e incongruentes tão prontamente quanto imagens vívidas. Também poderia ser discutido que estes pontos de semelhança são acidentais e exagerados. Assista filmes o bastante e você eventualmente achará algo que lembre o caso Hill. Para que conste, eu não inspecionei dúzias de filmes procurando uma fonte para a história dos Hill. Um amigo me deu a dica da imagem da agulha neste filme. O resto das semelhanças emergiu quando eu adquiri um vídeo do filme. Retrospectivamente, Invasores de Marte parece uma fonte previsível de material associativo dadas as idéias de Keyhoe sobre Marte ser o lar dos discos voadores. Poderia ser realmente um acidente que os aliens de Betty compartilham com este filme uma série de correspondências como narizes de Durante; mesas de exame; agulhas; técnicas de pacificação ópticas e mapas estelares?

A versão de Barney Hill dos eventos não combina com a de Betty em todos os particulares. Uma característica que ele enfatiza nas sessões de hipnose é que os extraterrestres têm olhos “oblíquos” se estendendo ao longo da cabeça. A fonte desta característica apareceu uma noite por acaso diante de mim enquanto assistia a reprises de A Quinta Dimensão [The Outer Limits] na estação PBS local. Tendo recentemente examinado os conjuntos de desenhos de aliens dos Hill, reconheci imediatamente que o extraterrestre do episódio ‘O Escudo Bellero’ tinha que ser a inspiração para o alien de Barney. Eu percebi simultaneamente que era um absurdo já que os eventos da Viagem Interrompida pertenciam a 1961 e A Quinta Dimensão foi ao ar em meados dos anos 1960. O paradoxo foi rapidamente solucionado depois de alguma pesquisa. Barney não disse ou desenhou nada sobre “olhos oblíquos” até uma sessão de hipnose datada de 22 de fevereiro de 1964. ‘O Escudo Bellero’ foi ao ar no dia 10 de fevereiro de 1964. Corroboração adicional da ligação emergiu ao descobrir que Barney declarou “os olhos estão falando comigo“. Descartando telepatia, o extraterrestre do Escudo Bellero analisa olhos e explica “todos que têm olhos, têm olhos que falam“.


Esquerda: Acima, o primeiro desenho de Barney como reproduzido
em “The Interrupted Journey” de John Fuller.
Abaixo, o esboço feito em colaboração com David C. Baker
e publicado em UFO Investigator do NICAP em abril de 1972
Direita: Imagens do extraterrestre em “O Escudo Bellero
destacando a estrutura alongada do olho e similaridades do crânio.

“Olhos Oblíquos” se tornaram um termo comum na literatura OVNI nos anos seguintes à popularidade do caso Hill. Eles apareceram em alguns casos notáveis como os de Betty Andreasson, Harrison Bailey e Jack T. (Banda de Rock Canadense Abduzida). Contudo o primeiro exemplo disto é revelado agora como uma pseudo-memória – um elemento nada incomum de investigações hipnóticas. Em vez de ser confirmação independente de uma característica externa real da fisionomia alienígena, tais casos demonstram a transmissão cultural de um erro e constituem uma lição sobre a necessidade de ter cautela com semelhanças entre casos OVNI.

A próxima abdução alienígena importante a aparecer depois do caso Hill teria que ser o encontro de Herb Schirmer no dia 3 de dezembro de 1967. Foi a única abdução estudada pelo Comitê Condon. Foi destacada em dois livros por Eric Norman e um livro popular de capa mole da Bantam por Ralph e Judy Blum. Alguns agora o consideram como o primeiro caso a mencionar explicitamente o programa híbrido por causa da declaração de um extraterrestre de que eles submetem os humanos a uma “análise de procriação.” Olhando para o caso com a perspectiva de três décadas, é divertido ver como está repleto de baboseiras com o folclore OVNI específico de seu tempo, coisas como OVNIs roubando eletricidade de fios de alta tensão, motores magnéticos vulneráveis ao radar e bases secretas na Terra. Particularmente engraçado é como ninguém parece notar que os extraterrestres de Schirmer roubaram o departamento de figurino de Mars Needs Women (1966). O esboço de Schirmer dos aliens em trajes equipados com dispositivos de rádio na cabeça de aparência já então obsoleta não admite nenhuma dúvida sobre a influência do filme. Uma pessoa poderia adivinhar do título como a idéia de análise de procriação poderia surgir desta fonte, embora seja necessário dizer que o tema de mulheres seqüestradas para propósitos de procriação era uma noção comum em filmes do período. Alguns ufólogos acharam útil a noção expressa neste caso de que extraterrestres querem confundir as pessoas; “Eles estão tentando confundir a mente do público”. Pode valer notar que esta estratégia alien é expressada explicitamente por um líder marciano em outro filme do período, Pajama Party (1964). Eles enviam um de seus membros mais estúpidos como homem de frente para sua invasão com a idéia de que “os confundirá – Isso faz parte do plano”. Curiosamente, ambos filmes estrelam Tommy Kirk como um marciano. O traje alienígena de Schirmer ocorre periodicamente em outros casos posteriores, notavelmente o de Iris Cardenas de 21 de fevereiro de 1979. (Publicado em Ufo Contact from Undersea)


Esquerda: Mars Needs Women (1966) [Sinister Cinema video]
Direita: Desenho da abdução alienígena de Schirmer
[Ralph & Judy Blum, Beyond Earth, Bantam, 1974]

Em 1968, os Lorenzen exibem um caso vindo do Peru em seu livro UFOs Over the Americas. O homem é designado pelas iniciais C.A.V. e descreve um encontro com um trio de múmias espaciais. Um detalhe notavelmente exótico a emergir neste incidente era que estes extraterrestres não tinham os problemas sexuais que os humanos possuíam porque “eles tinham a habilidade de se separar no meio e se dividir em duas criaturas”. Embora liberdade da sexualidade seja uma característica cinemática comum de aliens, por exemplo, A Coisa, Invasores de Corpos e Visit to a Small Planet, este modo particular de reprodução parece apontar à possível influência de Kiss me Quick (1964). Um Dr Breedlove está mostrando strippers para um extraterrestre chamado Sterilox de Drúpiter na Galáxia Buttless. Ele deve encontrar um espécime perfeito de mulher “e levá-la de volta para fins de procriação”. Ele conta para o Dr Breedlove que eles não têm nenhuma mulher. “Nós não nos multiplicamos, nós nos dividimos”. A evidência de empréstimo direto não é muito forte neste exemplo já que podemos imaginar tanto C.A.V. quanto os produtores do filme se valendo de material mais antigo na cultura de piadas. Também deve ser considerado se este filme foi exibido no Peru. Parece um filme muito ruim para ter sido traduzido. Porém, dado que esta característica de divisão nunca ocorreu novamente em casos OVNI posteriores, algum tipo de relação cultural parece implicada.

Os anos setenta levaram à proeminência um caso envolvendo um personagem chamado Brian Scott. Foi descrito em um livro chamado The Etherian Invasion e foi dissecado criticamente em um trabalho de Alvin Lawson para a conferência do CUFOS de 1976. Os aliens de Scott são clones de uma inteligência anfitriã central na forma de um vasto computador de bordo. Há um segundo andar no disco onde clones jovens são cultivados em cilindros. Durante uma sessão de hipnose inicial Scott sente que seu coração deixou seu corpo. Na terceira sessão de hipnose ele tem uma visão de um cataclismo varrendo a Terra e descobre que isto aconteceria no dia 24 de dezembro de 2011 segundo seu Anfitrião alienígena.

Embora profundamente impressionado pela emoção das histórias de Scott contadas sob hipnose, os investigadores acharam aspectos suspeitos ao caso que os fizeram duvidar da credibilidade de Scott. Embora não tenham desempenhado um papel em descartar as alegações de Scott na ocasião, fatores culturais foram eventualmente descobertos para aspectos do caso. Lawson conferiu a programação de TV local no horário das regressões hipnóticas e encontrou uma reprise de um piloto de programa de TV que não vingou, The Questor Tapes, que tinha uma cena de clones humanos armazenados em cilindros transparentes fortemente rememorativo ao relato de Scott. A remoção do coração implica fortemente uma cena de Killers from Space (1954) onde Peter Graves conta sobre extraterrestres removendo seu coração para conserto depois de um acidente de avião, embora Lawson advirta que terrores somáticos deste tipo são uma constante em experiências alucinatórias e podem conotar padrões mentais arquetípicos; considere a cena de remoção de coração em Indiana Jones e o Templo da Perdição (1984) como um paralelo a estas imagens em um cenário não-extraterrestre. A data do cataclismo de Scott é o detalhe mais avassalador de tudo. 24 de dezembro de 2011 é a data dada para a chegada dos visitantes extraterrestres no notório clássico Sunn, The Outer Space Connection. Foi lançado em julho de 1975 e quase certamente ainda estava sendo exibido em alguns cinemas durante a terceira sessão de Scott. Tecendo um folclore de fascinações então correntes como deuses astronautas, o Triângulo das Bermudas, piramidiotices e experiências de clonagens, rivaliza Mysteries from Beyond Earth e Overlords of the Ufo como título de documentário OVNI mais estúpido já produzido.

Outro piloto de seriado fracassado por Gene Roddenberry chamado Genesis II (1973) introduziu na cultura a imagem surpreendente de uma mulher com dois umbigos sendo caracterizada em anúncios e programas de auditório. Interpretada por Marriet Hartley, supunha-se que a mulher fosse uma mutação projetada que possuía habilidades superiores. Alguns anos depois, um contatado OVNI chamado Jim Frazier introduz a alegação de que ufonautas vindos de Epsilon Eridanus têm pele branca, cabelos ruivos, uma aparência poderosa e que as mulheres têm um ciclo de nascimento de sete meses e dois umbigos ao invés de um.

O caso de Sandra Larson de 1975 propôs uma alegação particularmente sofrível. Esta senhora afirmou que extraterrestres removeram seu cérebro e o colocaram de volta. Eles o conectaram de forma diferente, contudo, e indicaram que ela não podia controlar o que dizia. Trekkies não terão dúvidas ao pensar que isto é uma reedição do episódio ‘O Cérebro de Spock’. O cérebro é removido e ajustado para fazer funcionar o equipamento de uma civilização avançada nesta homenagem a revistas antigas de ficção científica. A idéia é claramente roubada de ‘Enslaved Brains’ de Eando Binder (Wonder Stories, agosto de 1934). Este episódio foi oficialmente classificado como pior de todos, 79º de 79 episódios, na “Edição especial obsessivo-compulsiva de colecionador” da Entertainment Weekly (18 de janeiro de 1995) dedicada ao fenômeno de Jornada nas Estrelas.

Embora o ‘Encontro em Dapple Gray Lane’, relatado na antologia de 1980, UFO Abductions, de D. Scott Rogo, não tenha nenhuma honraria por credibilidade ou excitação de ufólogos, é notável como um encontro com duas testemunhas envolvendo extraterrestres que parecem ser em si mesmos cérebros sem corpo. Filmes de cérebros malvados são um gênero icônico em si mesmo, é claro, e decidir qual filme particular inspirou que este caso provavelmente representaria um tolo desperdício de esforço. O que é engraçado é que os investigadores do caso o apresentaram sem meditação sobre sua família cinemática como The Space Children (1958), The Brain from Planet Arous (1958) e Evil Brain from Outer Space (1964). Um trabalho europeu recente fala de forma similar de um cérebro alienígena encontrado no caso de Norbert Schuster de Lubeck, Alemanha, em 1963, sem sugestão de seus parentes.


À esquerda, o desenho de Peter Rodriguez da coisa parecida com um cérebro, em 1976.
O olho de Ciclope, as reentrâncias corticais e a forma geral de um monte de purê
de batata lembra o cérebro hipnótico em Urano
do filme Journey to the Seventh Planet, de 1961, que pode ser visto à direita.


O desenho de John Hodges de 1976 parece diferente mas também é similar
a um cérebro. Compartilha a forma e a área elíptica de descoloração
do cérebro-bolha anti-nuclear do filme Space Children (1958).
Talvez significativamente, o relato de Hodges também lida com armas nucleares.

No início dos anos 1980, uma famosa investigadora de campo do CUFOS chamada Barbara Schutte surgiu com temores de que teria sido uma abduzida. Submetida a hipnose regressiva pelo Dr Leo Sprinkle, ela produziu um esboço de seu abdutor Quaazgaw que de forma singular envolvia um extraterrestre vestido com um traje possuindo grande triângulo invertido indo do tórax ao abdômen, um símbolo de estrela no centro e uma fivela de cinto quadrada. Esta declaração de moda interessante foi tomada bastante claramente de Pajama Party (1964). Don Rickles, interpretando o Big Bang Marciano, usa exatamente um traje assim, com um grande triângulo com bordas, uma fivela quadrada e um símbolo no centro. Embora não seja uma estrela de cinco pontas como Quaazgaw, o símbolo central pode ser confundido com um símbolo de estrela.


Esquerda: Don Rickles como excêntrico marciano calvo de Pajama Party (1964)
Direita: Desenho de Quaazgaw de UFO Annual 1983,
Gray Baker, New Age Books, 1983

Uma declaração de moda um pouco diferente foi feita pelos aliens na abdução de Longmont, Colorado, 1980. Um artista chamado Michael é seqüestrado em um raio ofuscante de luz que lembra o encontro do cruzamento de via férrea em Contatos Imediatos de Terceiro Grau e se encontra com um extraterrestre de cabeça grande e rosto com brânquias que remove sua mente, mas a repõe com novas habilidades e conhecimento. O alien tem dedos extraordinariamente longos. Usa um macacão folgado sem zíperes, botões, insígnias e padrões de cor. Usa um cinto sobre a cintura; nenhuma fivela. A fonte desta imagem é quase certamente um episódio de A Quinta Dimensão chamado ‘O Guardião do Crepúsculo Roxo’. Um alien vaidoso e cabeçudo chamado Ikar troca de mente com o protagonista para que o cientista possa adquirir o conhecimento e habilidades para terminar um projeto em que ele tem trabalhado. As brânquias em Ikar são maiores e algumas diferenças interessantes envolvendo um colarinho ornamental e os olhos e orelhas existem, mas a combinação com respeito a dedos longos, o macacão folgado e o cinto é muito boa para deixar de lado.


Esquerda: “O Guardião do Crepúsculo Roxo“, de The Outer Limits, 5 de dezembro de 1964
Direita: Desenho de 19 de novembro de 1980 da abdução de Longmont, Colorado,
relatada na capa da edição de setembro-outubro de 1982 de International UFO Reporter.
Veja meu artigo “This One”™s a Keeper“, The REALL News 4, 8 agosto 1996
para uma discussão mais detalhada.

A ufologia nos anos oitenta foi dominada por Budd Hopkins e seus estudos de abdução Tempo Perdido e Intruders. O último é uma defesa direta da proposição de que extraterrestres estão conduzindo experimentos de cruzamento e hibridação com a humanidade. Esta fascinação é menos interessante por seu absurdo biológico que por sua reivindicação de ser alguma novidade. Hopkins parece acreditar que nunca houve qualquer ficção com o tema de alienígenas levando mulheres e as impregnando para seus próprios propósitos misteriosos. O filme de TV de 1974 de Barbara Eden, The Stranger Within, é um precursor óbvio, assim como seria a história de 1953 que o gerou, ‘Mother by Protest’ de Richard Matheson. Então há filmes como Night Caller from Outer Space (1966), Mars Needs Women (1966), Village of the Damned (1960) e The Mysterians (1957). Pode-se voltar até mesmo para 1939 e encontrar Sinister Barrier de Eric Frank Russell para ver especulações sobre alienígenas brincando de inseminação artificial, nascimentos imaculados e a criação de estranhos humanos híbridos oferecidos em uma veia Fortiana.

Os incidentes Gulf Breeze introduziram no conjunto de imagens OVNI um tipo novo de OVNI com um halo de anel de força em seu lado inferior. Isto levou Bruce Maccabee no programa de Montel Williams em janeiro de 1992 a usar isto para responder a um questionador que perguntou, “você não acha muita coincidência que muitas vistas ou relatos ou fotografias mostradas são semelhantes àquelas de filmes que nós vemos de espaçonaves e alienígenas?”. Ele replica, “De fato eu gostaria de notar algo, as fotografias foram divulgadas muito brevemente – estão em um livro que foi publicado um ano e um meio atrás de Gulf Breeze que não se assemelham a nada que você vê nos filmes. Quando estas fotografias foram apresentadas primeiro ao público e a investigação começou, os investigadores tinham duas posições sobre isto porque era tão divergente que não se assemelhava a seu disco clássico com uma cúpula por cima ou tudo aquilo que você vê em numerosos filmes”. Obviamente, Maccabee e seus colegas nunca assistiram à série de TV Greatest American Hero no começo dos anos 1980 para ver uma nave-mãe pairando com anel de força brilhando em sua parte inferior exibida todas as semanas na seqüência de abertura.


Esquerda: Fotografia 17 de The Gulf Breeze Sightings, Ed & Frances Walters, Avon Books, 1991, 170-1
Direita: A nave-mãe decola, piloto da série Greatest American Hero, 18 de março de 1981

Outro detalhe curioso para o caso Gulf Breeze era que o extraterestre parecia estar cercado por um escudo segmentado parecido com uma caixa. É tentador afirmar a influência de uma imagem da muito criticada versão cinematográfica de Duna (1984) – os efeitos especiais da proteção elegante eram igualmente parecidos com uma caixa. Não se pode provar isto porém com muita segurança porque o senhor Ed restringiu sua descrição com muitas incertezas e não há nenhum detalhe corroborativo de apoio.

Como nós procedemos nos anos noventa, o folclore de abdução se expandiu com o trabalho dos discípulos de Hopkins. David Jacobs expôs o programa híbrido em uma visão de horror que cada vez mais se assemelha ao filme de terror Inseminoid (1980) também conhecido como Horror Planet. As mulheres estão nuas e paralisadas, deitadas em mesas de exame de alta tecnologia, enquanto humanóides de grandes olhos inserem embriões em um terror impessoal. Por outro lado, John Mack pinta uma visão mais cósmica repleta de apocalipses futuros para acompanhar o abuso cirúrgico. Meu momento favorito é quando um dos abduzidos de Mack, Arthur, relata que seus extraterrestres estavam caçoando de nós humanos, “caras, vocês são idiotas completos”. Esta é tão claramente uma paráfrase do discurso de Eros em Plan Nine from Outer Space, “… todos vocês da Terra são idiotas”, que a questão de influências culturais na experiência de abdução é sublinhada além dúvida adicional. A única reserva poderia ocorrer se alguém levar a sério a advertência de Criswell de que Plan Nine estava baseado em fato documentado.

Finalizarei com um achado. Brad Steiger, o escritor de OVNIs mais prolífico já existente, contou certa vez que se encontrou com o chefe da operação responsável por todos os sonhos e pesadelos que compõem o fenômeno OVNI. Este líder dos Discípulos da Escuridão e enganador poderoso tinha um nome. O nome dele era Zoltar. Ninguém pode duvidar que é um erro de tipografia para nosso venerado mestre de monstros de filmes ruins – ZONTAR, O Monstro de Vênus!

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CONTATOS NADA IMEDIATOS

‘Gauche Encounters’ foi concebido e escrito originalmente ao redor de 1989. Pretendia-se que aparecesse em um zine para fãs de filme ruins chamado Zontar – A Revista de Vênus, que eu adorava. O editor o aceitou, mas o zine desapareceu antes do artigo ser usado. Eu o copiei e enviei a alguns amigos meus que também eram fãs de OVNIs. Sabia que não era o tipo de coisa que você envia a periódicos sobre OVNIs e assim nunca o enviei a qualquer outro lugar para que fosse publicado. Como os anos passaram às vezes tomava alguns pedaços dele para artigos mais curtos e volumosos para outras publicações, mas nunca pensei muito em reescrevê-lo. Ironicamente, enquanto eu fosse escrever literalmente dúzias de outros artigos pelos anos que se seguiram, este artigo se tornou meu trabalho mais citado embora permanecesse sem ser publicado. Não só meus amigos conhecidos, mas estranhos totais, incluindo psicólogos profissionais, o referenciavam em rodapés. Recentemente eu o vi nas referências de O Mundo Assombrado pelos Demônios de Carl Sagan. Claramente, circulou mais do que eu esperava.

Esta versão não é idêntica ao rascunho original. Em primeiro lugar, eu removi um par de parágrafos envolvendo Betty Andreasson. Pensei originalmente que algo de suas imagens derivava de A Quinta Dimensão, mas mudei de idéia quando vi o filme de TV do caso Hill, The UFO Incident, e percebi que fornecia os planos para suas imagens. Some a isto material tomados das abduções de Larson, Mona Stafford, Louise Smith e Herb Schirmer e percebi que a evidência de influência era mais leve que parecia com relação à Quinta Dimensão. Adicionei ao artigo coisas sobre C.A.V., Larson e Schutte para compensar a diferença. Alguma atualização de material para levá-lo aos anos noventa também pareceu aconselhável. Mexi um pouco com as palavras aqui e lá, mas está basicamente igual ao original. A força do artigo é de qualquer modo idêntica.

Eu encontrei outros dados de cultura OVNI interessantes desde 1989 que excluí do texto principal por várias razões. Evitei mencionar os contos de contatados dos anos cinqüenta em grande parte porque ufólogos não os aceitam e não só considerariam seus aspectos culturais irrelevantes como também uma tentativa de diminuir o folclore aceito através de culpa por associação.
Ainda assim, não posso resistir repassar a informação aqui de que a história de contatado de Orfeo Angelucci começou como um manuscrito de filme intitulado ‘Worlds are Mad Tonight.’ Ele acabou percebendo que tinha pouco potencial financeiro e “permanecia acumulando poeira, esquecido” antes dos alienígenas surgirem e lhe contarem que o manuscrito era verdadeiro. Poderia ser um filme tão ruim que só poderia ser um caso OVNI verdadeiro? Eu também tive um argumento tentando ligar pedaços do conto de Adamski a ‘A Dweller on Two Worlds‘(1886) de Phylos o Tibetano, um trabalho descrito por L. Sprague de Camp como um ‘romance singularmente ruim’ que gerou uma linha longa de romances ocultos ilegíveis. Considerando que este realmente não era um filme ruim, havia a preocupação adicional que não pertencia ao conjunto do artigo.

Communion apareceu em Bad Movies We Love de Edward Margulies e Stephen Rebello. Ele sem dúvida influenciou certos casos OVNI, mas sua representação como uma história verdadeira levanta uma série de problemas que eu escolhi não abordar.

Steven Kilburn de Budd Hopkins ofereceu desenhos de aliens que copiaram certas peculiaridades do alien principal no grande sucesso de Spielberg, Contatos Imediatos de Terceiro Grau. As mais importantes são olhos grandes que são completamente negros e sem traços característicos. Notavelmente as pernas são curtas em relação ao torso e há a presença de uma pequena pança no abdômen inferior. Um desenho por William Herrman no livro de Hopkins também caracteriza olhos completamente negros.

Os alienígenas de Contatos Imediatos de Terceiro Grau e os extraterrestres de  Steven Kilburn

Desenho de William Herrman (1978) [Budd Hopkins, Missing Time, pp. 162-3]

O livro de abdução de Edith Fiore tinha desenhos que me fizeram lembrar de shows como Perdidos no Espaço e Space Academy, mas eu não estava seguro de quão convincentes outros o achariam. Um par de desenhos de novos aliens exibidos na Conferência de Estudo de Abduções no M.I.T. em 1992, por outro lado, tinha alguns precursores que pareciam convincentes dos quais eu tinha fotografias. Mas eu não tinha visto os programas envolvidos e havia tão pouca informação sobre os casos dados que não me senti confortável em endossar uma relação.


Esquerda: UFO Kidnapped, imagem de Fantasy Empire #13, setembro 1984, p.5
Direita: Andrea Pritchard et al, Alien Discussions, North Cambridge Press, 1994, p. 96.


Esquerda: Do programa Out of the Unknown
Direita: Andrea Pritchard et al, Alien Discussions, North Cambridge Press, 1994, p. 96.

Note particularmente a coincidência tripla da forma da cabeça, alongamento vertical dos olhos e a ornamentação em Y ao redor do pescoço.


Esquerda: da série Jason of Star Command [Starlog #17, outubro de 1987, p. 17]
Direita: Encounters de Edith Fiore. Note a combinação geral da relação entre largura e altura,
a torre vertical semelhante e uma população similar de retângulos, hemisférios e esferas.


Esquerda: Um dragão fêmea do episódio “The Questing Beast” de Perdidos no Espaço
Direita: Humanóide fêmea nos Encounters de Fiore

Eu contei a história do Vegeman de Invasion of the Star Creatures em Talking Pictures n. 7 e não pareceu vital recontá-la aqui. Uma estrela-do-mar alienígena em um encontro japonês de 1974 poderia ser traçado ao filme japonês Warning from Space (1956), mas poderia haver muitas fontes naquela cultura distante e eu nunca as conheceria.
Eu não estava seguro do que fazer com o relato de um menino não mencionado que viu humanos pendurados em uma parede em um estado semi-letárgico com partes do corpo faltando. Claramente é uma cópia de Alien, o oitavo passageiro, e esse não é um filme ruim por qualquer medida. Mas, aparecendo em UFO Universe de setembro de 1993, será que os ufólogos tiveram uma chance de atacá-lo? Violaria a regra de material cultural ser normalmente esotérico ou não?

Finalmente, e não tão incidentalmente, Carl Sagan informa em seu livro O Mundo Assombrado pelos Demônios (p.194) que recebeu uma carta de um indivíduo que fala de um cruzador estelar povoado por pessoas que “se pareciam com o senhor Spock da série de TV Jornada nas Estrelas“. Obrigado, Carl. A ufologia será eternamente grata.

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8 comentários sobre ““Gauche Encounters”: Filmes B e o mito OVNI

  1. Essa tipologia de ET aqui descrita não corresponde aos relatos de Travis Walton.
    Pelo que pesquisei e presenciei no seu depoimento num congresso UFO, ele não disse que havia visto algum ET careca e cabeçudo conforme aqui descrito.
    Alguém (administrador ou mediador) deste site – CETICISMO ABERTO – poderia me esclarecer isso? Por favor!!!

  2. A tipologia de ET descrita em CETICISMO ABERTO não corresponde às dos relatos protagonizados por Travis Walton.
    Pelo que pesquisei e presenciei no seu depoimento num dos congressos UFO, ele não disse, em algum momento que eu me lembre – e nem no resumo em um folder que recebi naquele congresso – que ela havia visto algum ET careca e cabeçudo conforme aqui descrito.
    Alguém (administrador ou mediador) deste site ““ CETICISMO ABERTO ““ poderia me esclarecer isso? Por favor!!!

  3. O ceticismo sempre cumpre um papel importante para a identificação de fraudes e de pessoas que querem lucrar de forma fraudulenta.
    Gostei bastante do artigo, principalmente pelo seu enfoque psíquico. Sem dúvida, muito bem elaborado.
    Faço observação quanto ao que falta no artigo: o aspecto objetivo.
    As fotografias que retratam OVNIS (ex., Gulf Breeze) que se assemelham em algum aspecto a ícones dessa subcultura são relevantes pois foram submetidas a diversas análises e o resultado é de que não foram tocadas de qualquer maneira.
    Então, se o que vemos nas fotos é similar a algum filme anterior torna-se uma conclusão irrelevante. Acabará caindo na discussão do ovo e da galinha.(lembrando que o mesmo formato desse OVNI do caso Breeze já foi visto antes da data do filme)
    A arte imita a vida ou a vida imita a arte?
    Lembro, dessa forma, que há relatos de OVNIS prévios a qualquer expressão dessa subcultura. Apenas não eram tão constantes.
    O que há nos céus está lá.
    Filmes, fotos, seja de meras pessoas ou da própria NASA, isso está lá.
    De diversas formas e cores.
    Relatados por pessoas ignorantes como as expostas por esse artigo e que são fáceis de se atacar por sua própria condição. Fáceis de se chamar de loucos, iludidos, desvairados, etc.
    Mas quando pilotos da força aérea americana, ou militares do exército brasileiro, ou até mesmo técnicos que já trabalharam para o governo especificamente para estudar esse fenômeno dão os seus testemunhos, o buraco é mais embaixo.
    A verdade é que hoje nós testemunhamos governos como França disponibilizando parte de seus arguivos para a população mundial.
    O fênomeno OVNI é real.
    Assim como a Terra não é redonda.

    Apenas quem estuda MESMO isso, mesmo que começando cético (como eu comecei) pode saber.
    Não é sentado em casa vendo filmizinhos de ficção científica e comparando com meia dúzia de casos que se pode opinar.
    O cético que fica em casa lendo livros duvidando que existe uma rodovia com carros passando ali fora continuará sempre na negação, ignorante e arrogante.
    De qualquer forma, o artigo oferece uma leitura plaúsível para alguns dos relatos do fenômeno.
    Mas está muito longe de provar a inexistência do fenõmeno.

  4. Eu estive em uma palestra (fim dos anos 80, creio) de Travis Walton em São Francisco (Niterói-RJ), acompanhei com detalhes e não vi essa imagem de ET CABEÇUDO DE STAR TREK DOS ANOS 60 aqui mostrada, em momento algum.
    Alguém poderia tirar esta dúvida.
    Estarei ficando senil?

  5. depois que inventaram as maquinas fotográficas e as maquinas de filmar muitos tentam tirar vantagem fazendo alguma graça usando mascaras como hoje são usados em muitos filmes ,ou como muitos países usam cobaias humanas para fazerem experiência científicas nas quais muitas ficam deformadas e muitas ficam desfiguradas nas quais muitas delas morrem tirando proveito destas para fazerem exibições dizendo que são ET povos de outro mundo porque até agora não tem nada que comprova na existência de seres de outros planetas

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