Nova Espiral na Austrália identificada como Foguete Falcon 9

r579014_3626685

Duas notícias agitaram os observadores do espaço ontem, sexta-feira, 4 de junho de 2010: o sucesso do lançamento da plataforma de lançamento Falcon 9, um marco da iniciativa privada na conquista espacial ““ com a qual a própria NASA está contando ““ e algo que provocou um pouco menos barulho, pelo menos em todas as partes do mundo. Exceto na Austrália.

Por volta das 5h50 da manhã muitos australianos da região de Queensland viram um novo show nos céus com uma espiral de luz com um ponto brilhante ao centro, em um fenômeno que durou um par de minutos. Acima, uma das várias fotos capturadas por várias testemunhas, enquanto Destin em Brisbane partilha 16 imagens em sua conta no Flickr e a ABC publica ainda mais registros.

E há, como não poderiam faltar, os vídeos:

O espetáculo lembra, em verdade é praticamente idêntico, à espiral vista na Noruega em fins do ano passado. O caso norueguês foi explicado como o lançamento mal-sucedido de um míssil russo, explicação que não convenceu alguns. Seria o caso australiano outro foguete com problemas?

“Assim que ouvi falar deste novo avistamento australiano, a primeira coisa em que pensei foi em um foguete lançador”, escreve o astrônomo Phil Plait. “Assim fui ao teclado do computador e ia digitar no Google “˜agenda lançamento foguete”™ ou algo assim, quando subitamente parei. Inclinei-me e ri comigo mesmo: que foguete foi lançado ontem pela manhã? O Falcon 9 da SpaceX!”.

As duas notícias espaciais de ontem eram a mesma notícia, afinal.

O teste foi iniciado às 18h45 UT, ou 4h45 da manhã, hora local da Austrália. A trajetória do Falcon 9 o coloca justamente sobre o leste do país, onde a espiral foi vista, e exatamente no horário correto, enquanto o segundo estágio levou ao redor de uma hora para atravessar metade do mundo, coincidindo assim perfeitamente em hora e local com a espiral vista.

4671573213_053b523d7a_b

Mais do que isso: exatamente como o míssil russo, aqui o segundo estágio do Falcon 9 estava girando e liberando gás. No míssil Bulava russo este foi um dos sinais de problemas, e aqui também não foi um bom sinal: não se pretendia que o segundo estágio do Falcon 9 girasse, contudo o objetivo principal da missão foi atingido e a carga foi lançada com sucesso.

Exatamente como no caso do míssil russo visto da Noruega, o show de luz se devia ao fato de que os observadores estavam na penumbra, enquanto os gases liberados pelo foguete a dezenas de quilômetros de altura eram iluminados pelo Sol. Relembrando, a espiral australiana foi vista pouco antes do amanhecer. A espiral vista na Noruega o foi próxima do círculo ártico.

Caso encerrado?

“Ufólogos” e entusiastas já questionam que a espiral australiana fosse o foguete privado americano. O australiano dos discos voadores Doug Moffett, por exemplo, questionou como o foguete poderia ser visto uma hora depois de seu lançamento se o vôo durou menos de dez minutos?

“Esta não é uma espaçonave [de filmes], é um foguete, e leva algum tempo para circular a Terra”, responde Plait. “Uma órbita geralmente leva 90 minutos, assim são 45 minutos aproximadamente para ir da Flórida à Austrália. Além disso, como este foi um lançamento, o foguete não se movia a velocidade orbital todo o tempo; levou alguns minutos para acelerar. Isto resulta em uma coincidência perfeita de horários”.

Moffett ainda questiona como um foguete poderia produzir uma espiral tão brilhante, o que revela que não entendeu o mecanismo pelo qual foguetes, lançando gases em atmosfera rarefeita que reflitam a intensa luz solar produzam tais espetáculos. Eles são ainda mais destacados, como já notamos, quando os observadores estão na penumbra, seja ao anoitecer ou amanhecer, enquanto os gases do foguete são iluminados pelo Sol a grandes altitudes.

Isto é, o brilho não é causado pela queima do combustível. Não é um brilho próprio. É o reflexo da luz solar, pelos gases liberados a grande altitude. Abaixo, o lançamento de um míssil Minuteman III ao anoitecer próximo da base de Vandenberg na Califórnia, EUA. Deve estar claro que os gases não estão incandescentes, seu brilho se deve unicamente à luz solar. Pode-se mesmo ver como os gases mais próximos do horizonte têm um brilho gradualmente menor.

P9192040

Outra confusão se dá na forma espiral: muitos pensam que o rastro espiral indicaria a trajetória de um foguete descontrolado, como na imagem abaixo.

trident_missile_misfire_lg

Não é o caso nos eventos recentes. Os gases foram expelidos pelos lançadores à medida que avançavam em uma trajetória retilínea, mas enquanto giravam. É uma combinação de dois movimentos, em uma dinâmica mais complicada de visualizar. Felizmente foram criadas animações ilustrando o efeito:

Ainda outra contestação avançada se refere a por que foguetes passariam sobre áreas populosas, ainda mais um teste de míssil russo sobrevoando a Noruega? Novamente, a enorme altitude oferece a resposta. A espiral vista na Noruega não estava sobre a Noruega. No vídeo abaixo, em inglês, explica-se como o lançamento se deu no Mar Branco e como o próprio míssil nunca passou sobre a Noruega.

Já o Falcon 9 sim passou sobre a Austrália, mas é um foguete civil, de fato uma iniciativa privada, e satélites e lançadores passam sobre todos os países e cidades a todo momento. Incluindo o Brasil, levando mesmo a reentradas confundidas também com OVNIs, evidentemente.

Finalmente, podem se perguntar por que espirais assim se tornaram tão comuns subitamente. Menos de seis meses depois, vemos uma segunda. A verdade é que espirais similares já haviam sido vistas na China há um par de décadas, mas naquela época havia menos pessoas com câmeras de vídeo. Mais do que isso, o número de lançamentos e países, bem como de grupos privados, tentando alcançar o espaço é agora maior do que nunca.

4670037651_689fff1997_b

Devemos esperar ver mais e mais registros de espirais brilhantes no céu, um belo espetáculo ““ mas que cientistas de foguetes não apreciam tanto, afinal são geralmente um mau sinal. [via Bad Astronomy, Manuel Borraz, José Ildefonso. Obrigado!]

15 comentários sobre “Nova Espiral na Austrália identificada como Foguete Falcon 9

  1. Kentaro, sua referencia a espirais na China se refere aos acontecimentos deste doocumento?

    http://www.dod.mil/pubs/foi/ufo/ADA133326_UFO.pdf

    Será que a alta atmosfera possui propriedades de meios excitáveis? Os sprites (fenomeno novo relacionado a relampagos) sugerem isso. Se for o caso, entao uma teoria alternativa seria a formação de espirais auto-organizadas em um meio excitável, ver aqui:

    http://www.dam.brown.edu/people/sandsted/research.php?project=spirals

  2. Outra coisa:
    Conhecem o HAARP???
    É um projeto em pleno vapor na califórnia…
    Um amigo meu que viu o vídeo acima disse que acha que os efeitos vistos podem ser uma consequência….
    Tirando o misticismo de lado
    Existem documentários sérios do history channel explicando as chamadas guerras climáticas………..
    O que vcs acham disso?
    abs

  3. vai toma todo mundo no cu, quem gosta de ser enganado que seja, sempre vai ter uma explicação facil pra alguem desesperado pra encobrir algo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *