Seis fatos sobre a ufologia

Com alguns dias de atraso, seis fatos sobre a ufologia. Não perca os seis fatos sobre a ufologia no Brasil.

Fato 1

O primeiro avistamento moderno de um “disco voador” não foi de um disco voador.

“Em 24 de junho de 1947, Kenneth Arnold surpreendeu o mundo ao relatar nove objetos voando sobre o Monte Rainier na incrível velocidade de 2.000 km/h. Foi um incrível mistério e tamanha sensação que chegou às primeiras páginas por toda nação americana. Logo todos estavam procurando por essas novas aeronaves que de acordo com os jornais eram discóides em forma. Em semanas centenas de relatos destes discos voadores surgiram por toda nação. Enquanto as pessoas presumivelmente pensavam que estavam vendo as mesmas coisas que Kenneth Arnold viu, havia uma enorme ironia que ninguém na época percebeu.
Kenneth Arnold não relatou ter visto discos voadores.
Em uma lembrança do incidente para o Primeiro Congresso OVNI Internacional em 1977 Arnold revelou que o termo disco voador surgiu por causa de um “grande mal-entendido” por parte do repórter que escreveu a história para a United Press. Bill Bequette perguntou-lhe como os objetos voavam e Arnold respondeu que “Bem, eles voavam erraticamente, como um disco se você o jogar pela água”. A intenção da metáfora era descrever o movimento dos objetos, não sua forma. Arnold declarou que os objetos “não eram circulares”.
O erro de Bequette pode não ser a refutação definitiva da teoria extraterrestre para todos. Mas ele realmente deixa seus defensores com um gigantesco paradoxo: Por que extraterrestres redesenhariam suas naves para ficar de acordo com o erro de Bequette?”
Do artigo de Martin Kottmeyer, “Redondamente Errados“. Sessenta anos depois, ufólogos que defendam uma realidade física literal aos discos voadores ainda precisam lidar com a fantabulosa coincidência de que as espaçonaves extraterrestres não tenham a forma dos objetos que Kenneth Arnold viu, e sim a forma que o jornalista Bill Bequette reportou erroneamente aos jornais pelo mundo.

Fato 2

O termo “UFO” foi criado por militares norte-americanos.

“UFO é o termo oficial que eu criei para substituir as palavras ‘discos voadores'”, escreveu o capitão Edward Ruppelt, chefe do projeto Livro Azul da Força Aérea Americana [“The Report on Unidentified Flying Objects“, 1956, cap.1]. “Por algum tempo depois do avistamento de Arnold, o termo ‘disco voador’ foi usado para descrever todos objetos discóides vistos voando pelos céus a velocidades fantásticas. Pouco depois, relatos de objetos diferentes de discos também surgiram, e esses também foram chamados de discos voadores. Hoje as palavras são aplicadas popularmente a qualquer coisa vista no céu que não possa ser identificada como um objeto comum. … Obviamente, o termo ‘disco voador’ é inapropriado quando aplicado a objetos de toda forma e performance concebível. Por esta razão os militares preferem o nome mais geral, ainda que menos divertido: objetos voadores não-identificados. OVNIs”.
De fato, foram os militares a introduzirem o uso do termo, que foi logo adotado por civis que então passariam a criticar os mesmos militares, e com o tempo, a acusá-los de uma grande conspiração universal. Seria a maior ironia da ufologia não fosse o primeito fato mencionado acima de que Arnold não viu discos voadores.

Fato 3

Não se comemora o aniversário do “caso Roswell” em uma data exata porque não se sabe a data exata em que alguma coisa caiu. Também não se sabe ao certo onde ou como.

“A primeira grande dificuldade no caso que temos é a data do incidente. Nem mesmo os diversos investigadores conseguem concordar quanto a este simples aspecto. Stanton Friedman baseado no relato da família Wilmot indica a data da queda como sendo o dia 2 de Julho, por seu turno, Kevin Randle baseado no relato das freiras franciscanas, aponta a queda para o dia 4 de Julho. Finalmente os controversos documentos MJ12 apontam a data da operação de recuperação para o dia 7 de Julho, afirmando ter o OVNI caído uma semana antes. Por último Mac Brazel afirmou que tinha descoberto os destroços no dia 14 de Junho, quase três semanas antes. Por outro lado a mensagem da Força Aérea refere o dia da recuperação como o dia 7 de Julho.
Outro aspecto é o do número de OVNIs envolvidos e o local da queda ou quedas. De acordo com o investigador Stanton Friedman, caíram em Roswell dois OVNIs que se chocaram entre si, para Kevin Randle só um caiu devido a um relâmpago. Os documentos MJ12 falam de um OVNI mas não avança com explicações. Quanto ao local, de acordo com Friedman o OVNI caiu a duas milhas e meia a leste-sudeste do Rancho Foster. De acordo com a última versão de Ragsdale, o OVNI caiu a mais de oitenta kms oeste-noroeste de Roswell, perto da cidade de Arabella. Local que é apoiado pelo Internacional Roswell Museum fundado por Glenn Dennis e Walter Haut. Na realidade o museu tentou comprar o primeiro local identificado por Ragsdale para poder cobrar ingressos pelas visitas, mas não o tendo conseguido optaram por deslocar o local para um terreno público que compraram, recebendo Ragsdale 25% dos lucros que passariam para os netos, já que lhe haviam diagnosticado um cancro terminal. Por último os documentos MJ12 asseguram que o local era a 75 milhas a Norte de Roswell.
Outro problema é o número de cadáveres apontado e as suas descrições. Por um lado a enfermeira “contou” a Dennis Glenn que “viu” três cadáveres mortos, o sargento Melvin Brown viu entre três a quatro cadáveres e Frank Kaufmann cinco. A primeira tal como Ragsdale descreve os cadáveres como sendo pretos ou cinzentos escuros, grandes olhos negros e de intenso odor, o sargento como tendo uma pele de textura réptil amarelo-alaranjado e Frank Kaufmann, semelhantes a humanos, sem olhos negros pretos e de cor de azeitona. Nenhum deles se referiu ao odor. Por outro lado de acordo com Frank Kaufmann o OVNI e os corpos foram logo recuperados, o que entra em contradição com o testemunho de Glenn Dennis que afirmou lhe terem perguntado sobre modos de preservação de corpos expostos ao Sol e aos elementos durante dias, assim como o odor.
Noutro ponto onde há discórdia é no que diz respeito às descrições do OVNI. Os Wilmot descreveram como dois pratos colados um no outro, Jim Ragsdale em forma de disco e com pequenas asas e finalmente Frank Kaufmann como sendo triangular.”
Do artigo de Nuno Silveira, Roswell: Avaliando o mito.

Fato 4

Praticamente todos os aspectos relatados na ufologia soferam mudanças significativas ao longo de seis décadas.

Se o fenômeno OVNI fosse resultado do contato com seres extraterrestres, esperaria-se alguma coerência não só entre relatos espalhados ao redor do mundo, como entre aqueles feito ao longo dos anos. Embora alguns ufólogos defendam que tal coerência exista, a situação dificilmente poderia estar mais distante da realidade. Em 1947 nos Estados Unidos, a maior parte dos “discos voadores” relatados possuía menos de trinta centímetros de tamanho. Eram literalmente pratos voadores (“flying saucers”). Com o tempo o tamanho relatado de OVNIs foi gradualmente crescendo, e atualmente relatos de objetos quilométricos não são incomuns — alguns teriam o tamanho da Lua. A forma, velocidade, movimento, horário de avistamento, formação, mesmo formas de propulsão relatadas também sofreram grandes transformações. Hoje não é muito comum ouvir falar de discos movidos a hélice. Tal variação não se limita aos OVNIs. O diagrama abaixo foi compilado por Joe Nickell e é apenas uma pequena amostra da enorme disparidade da aparência relatada de extraterrestres ao longo dos anos.

O padrão “Grey” popularizado nas últimas décadas, e hoje quase onipresente, levou mais de três décadas para se fixar no imaginário popular. Os extraterrestres descritos pelo casal Hill na década de 1960, por exemplo, embora enquadrados como “greys” por ufólogos, não possuíam olhos completamente negros e incluíam mesmo alienígenas com enormes narizes.

Fato 5

A hipótese de que OVNIs sejam espaçonaves extraterrestres não é a única hipótese explorada na ufologia.

“O fenômeno OVNI permanece uma vasta e controversa parte da cultura moderna. Sem prova definitiva sobre a causa do fenômeno, nós somos forçados a deduzir a melhor explicação. Quando a totalidade do fenômeno e toda a evidência é considerada, eu acredito que a hipótese psicossocial emerge como a melhor explicação até a data presente. A hipótese extraterrestre, embora atrativa para muitos, permanece sem apoio confiável. A hipótese psicossocial também permite aos céticos sobre OVNIs a lidar com o tema como um fenômeno verdadeiro que merece uma explicação séria. A evidência aponta para um complexo fenômeno que combina mitologia moderna, narrativa literária, cultura popular e psicologia humana”.
Do artigo de Steven Novella, OVNIs: A Hipótese Psicossocial.

Fato 6

Os extraterrestres não só deveriam existir, eles deveriam estar nos visitando.

A ufologia pode não conter elementos que indiquem a existência e interação com civilizações extraterrestres, mas longe de ser algo confortante à luz da ciência, tal constatação deveria ser tantalizante. O universo tem mais de uma dezena de bilhões de anos de idade, e apenas nossa Galáxia possui mais de 200 bilhões de estrelas, boa parte das quais — hoje sabemos — possui sistemas planetários. Mesmo sem violar qualquer lei física conhecida hoje, viajando a um décimo da velocidade da luz e com tecnologia não muito mais avançada que a atual, estima-se que seria possível colonizar toda a Galáxia em menos de 100 milhões de anos. Uma única civilização em qualquer ponto de nossa Galáxia com tecnologia ligeiramente superior à nossa poderia colonizá-la por completo em uma fração do tempo em que a vida habita o nosso planeta.
Seguramente, há muito que não sabemos, e tais estimativas podem derivar simplesmente de nossa própria ignorância. Contudo, o ponto aqui é justamente frisar que nosso conhecimento científico presente sugere fortemente que extraterrestres não só deveriam existir, como deveriam estar nos visitando. Que isto não esteja ocorrendo é um paradoxo em si mesmo, formulado inicialmente pelo físico Enrico Fermi tão logo descobertas cosmológicas revelaram detalhes cruciais sobre o tamanho e idade de nosso Universo. É o paradoxo de Fermi.

6 comentários sobre “Seis fatos sobre a ufologia

  1. O “ceticismo aberto”faz parte”também”de uma conspiração que quer fazer desacreditar “algo”perturbador que tira o sono das “autoridades”? Brincadeira o ceticismo de voces…não acreditam em nada?

  2. Alguns fatos sobre o ceticismo:

    1º – Céticos são pessoas que confundem descrença com conhecimento.

    2º – Os céticos jamais apresentam contribuições para sanar os problemas existentes, simplesmente criticam tudo (e, sim, se acham espertos).

    3º – Colocando de lado alguns raros exemplos, céticos apresentam críticas saídas do senso comum, por mais que tenham formação superior.

    4º – Muitos Céticos defendem o evolucionismo teoria que apresenta problemas fundamentais que nem Darwin, nem pesquisadores posteriores conseguiram eliminar. Sem contar que trocam Deus pelo Acaso sendo que as provas científicas de ambos é o mesmo.

    5º – Céticos (que acreditam ser intelectuais ao extremo) batem sempre na mesma tecla, ou seja, tem um repertório limitado. Ainda hoje não acreditam em Deus porque há mil anos atrás outras pessoas que não as viventes atuais queimaram inocentes. Até parece que os intelectuais não cometeram erros similares.

    6º – Ceticismo é pseudo-ciência e pseudo intelectualidade, pois não apresenta justificativas palpáveis, a não ser aquelas do senso comum.

    7º – O cético é tão ignorante quanto aquele que acredita em tudo. A diferença é que o primeiro duvida de tudo e, sim, se acha “O” intelectual. E demonstra realmente alguns maus hábitos de alguns maus intelectuais, como hipocrisia – mesmo quando sua teoria é desbancada; e, principalmente, arrogância – por acreditar que é bom e que sabe das coisas.

  3. “Kenneth Arnold não relatou ter visto discos voadores (Redondamente enganados).” Mas ele relatou ter visto Ovnis, e seu testemunho não foi contestado, pelo que eu saiba. Que o erro do jornalista tenha tido impacto no imaginário e na cultura popular, isto não é culpa dele e é trabalho do ufólogo sério (e por que não também do cético?) discernir fatos de fenômenos socio-culturais. Já, tentar derrubar todos os fatos ufológicos -não alienígenas, mas ufológicos- jogando-os na conta de folclore moderno…. isto é sério?

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