Roubo de Órgãos

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artigo de Peter Burger, publicado em Magonia 56, junho de 1996
Tradução gentilmente autorizada, colaboração de Vitor Moura

Por quase dez anos uma história horrível tem assombrado a mídia mundial: crianças da América Latina têm seus rins e córneas roubados para o benefício de americanos ricos. Uma análise mais aprofundada dessas histórias de horror revela que são baseadas apenas em rumores e lendas. Seqüestro de órgãos, a versão contemporânea de uma lenda antiga e universalmente conhecida.

As primeiras imagens do documentário mostram um homem com uma barba rala balançando a cabeça para frente e para trás como se estivesse em transe. A câmera dá um zoom em seu rosto, mostrando-nos que nos seus olhos faltam a íris e a pupila. A cena seguinte é feita a portas fechadas. Um parente mais jovem pergunta em espanhol: “O que eles tiraram?“ O cego responde: “Minhas córneas“. O menino puxa as pálpebras do olho direito. Sobrepondo-se ao tecido branco nebuloso, o título aparece dizendo: Ladrões de Órgãos.

O nome do homem cego é Pedro Reggi. Ele tem 26 anos e vive em uma pequena vila a quase 100 km de Buenos Aires. Suas córneas, diz a voz do narrador, foram roubadas durante um período que passou na instituição mental Montes de Oca.

Ladrões de Órgãos (“˜Voleurs d”™yeux“™) foi dirigido pela jornalista francesa Marie-Monique Robin, uma das mais influentes divulgadoras da mensagem chocante de que na América Latina os órgãos dos pobres são roubados em benefício dos ricos. Os destinatários podem ser americanos ricos, mas as córneas roubadas são obtidas também por cirurgiões para transplantes na França. A mensagem de Robin não foi ignorada. Seu documentário foi exibido em vários países e mostrado três vezes em reuniões das Nações Unidas. A reprise na televisão francesa em janeiro de 1995 atraiu mais de três milhões de espectadores.

Robin também vendeu sua história para revistas estrangeiras. Em Life (outubro de 1993) ela descreve Reggi como tendo “o rosto emaciado de Jesus Cristo“. Em um semanal holandês [1] Reggi é descrito como “o menino com o rosto de anjo“, que “uma vez teve um belo par de olhos castanhos, onde agora existem apenas dois buracos“.

Esta última afirmação é um exagero: os olhos de Reggi podem parecer horríveis, mas qualquer um pode ver que eles não são buracos. Além do mais suas córneas ainda estão lá também, como alguém com conhecimentos técnicos em cirurgia oftalmológica pode dizer. Eu assisti a Ladrões de Órgãos com a oftalmologista holandesa Sra. H. Volker-Dieben, membro do conselho da Dutch Cornea Foundation. “As córneas estão nubladas“, ela me disse. “Isto se parece com o tecido da cicatriz causada por infecções antigas, tanto quanto posso julgar a partir das imagens do vídeo. Para estar completamente certa, eu teria que examinar os olhos eu mesma, usando o tipo certo de luz“.

Então as córneas de Reggi não foram roubadas? Não, o alegado roubo teria certamente deixado suas órbitas vazias. Normalmente, para retirar as córneas de um doador falecido o cirurgião do transplante irá extrair o olho na sua totalidade, substituí-lo com uma bola de plástico do mesmo tamanho e, por fim, colar as pálpebras juntas.

A observação da oftalmologista holandesa coincide com os registros médicos que se tornaram públicos depois da aparição de Reggi em um documentário britânico-canadense anterior sobre o tráfico de órgãos, The Body Parts Business: Reggi nasceu com glaucoma bilateral. Ele perdeu a visão devido a doenças oculares. [2]

Os Olhos de Jeison

A história de Pedro Reggi não é o único episódio controverso em Ladrões de Órgãos. Em uma inspeção mais cuidadosa do clímax emocional do documentário, a história de Jeison Cruz Vargas, de 10 anos, o menino cego fotogênico com a flauta, acaba por ser igualmente duvidosa.

No documentário Robin encontra Jeison no Institute for the Blind, em Bogotá, Colômbia. Sua mãe Luz se lembra de levar Jeison para um hospital nas favelas quando ele precisou de tratamento para uma diarréia. Ao vê-lo novamente no dia seguinte, seus olhos tinham sido removidos. O prontuário médico do seu filho havia sido destruído, ela disse. “É um hospital para os pobres, é por isso que essas coisas estão acontecendo aqui. É o pior hospital do mundo.”

Desde que Robin veio a público com a história de Jeison, esta versão dos acontecimentos foi veementemente contestada, tanto pelos envolvidos do hospital ““ Salazar de Villeta ““ quanto pelo governo colombiano. De acordo com uma declaração (4 de fevereiro de 1994) do ouvidor colombiano para a Saúde e Segurança Social, Jeison nunca passou por uma cirurgia ocular. Aos quatro meses de idade ele foi internado sofrendo de desnutrição severa, desidratação e uma série de doenças graves, incluindo uma infecção do globo ocular com Pseudomonas e infecção da córnea. Provavelmente porque os seus pais eram muito pobres, eles pararam o tratamento e levaram a criança a um médico herbalista. A infecção destruiu sua visão.

A contenda sobre os olhos de Jeison atingiu um clímax após o documentário de Robin ter recebido o Prêmio Albert Londres em maio de 1995, a mais prestigiosa honraria paras os jornalistas franceses. Consciente do fato de que as declarações pelos médicos e funcionários colombianos não possuem muito peso na França, a embaixada colombiana levou Jeison (agora com 12 anos de idade) num vôo para Paris em agosto de 1995, a fim de ter seus olhos examinados por dois renomados especialistas franceses em doenças infecciosas e oftalmologia. Um pediatra avaliou os prontuários do menino. [3]

Em seu relatório, os médicos franceses observaram que os globos oculares, apesar de atrofiados, ainda estavam lá, assim como partes da córnea. A infecção que irremediavelmente prejudicou a sua visão é muito comum em crianças desnutridas do Terceiro Mundo. Novamente, os olhos de Jeison não foram roubados.

Além disso, os médicos afirmam, é impossível remover as córneas de um doador vivo sem causar uma hemorragia severa, e nenhum cirurgião em sã consciência usaria as córneas infectadas de Jeison para transplante já que elas iriam matar o destinatário. Pode-se acrescentar que, com suas 28.000 mortes violentas por ano, a Colômbia não tem escassez de doadores de qualquer tipo. De acordo com a lei colombiana, todos são doadores em potencial a menos que a família faça objeção. [4]

Envergonhado pelo resultado do exame médico, o júri do Albert Londres suspendeu o prêmio de Robin e prometeu reanalisar o seu documentário. [5] Robin, enquanto isso, não saiu do lugar. Para sustentar que os olhos de Jeison foram roubados, ela recorreu a teorias da conspiração cada vez mais improváveis e argumentos ad hominem. Os arquivos poderiam ter sido forjados ““ afinal, por que o hospital colombiano levou dois anos para produzi-los? “O que vale mais“, ela perguntou, quando confrontada com o relatório, “o testemunho oral de uma mãe, ou a palavra de um grupo de especialistas que intervêm 12 anos após o fato e cujo interesse é fazer as pessoas duvidarem da existência do tráfico de órgãos (por razões de solidariedade profissional, um gosto comprovado de sigilo, amizades internacionais estabelecidas durante o curso das suas carreiras)?“ [6]

Ela também não acha que o establishment médico é o único culpado. Quando eu falei com ela em fevereiro de 1995, Robin afirmou que a mãe de Jeison e outras testemunhas e autoridades todas retiraram suas queixas sob pressão da United States Information Agency. [7]

Na verdade, a USIA, uma instituição governamental que combate a propaganda anti-americana, quer empreender uma campanha contra Robin. Desde 1988 ela tem publicado uma série de relatórios de forma sistemática, repudiando as acusações de roubo de órgãos. Isso começou como uma reação à propaganda da guerra fria da KGB, em que os Estados Unidos seriam os responsáveis “‹”‹pelo assassinato de crianças sul-americanas. A KGB desapareceu, mas as histórias de atrocidades ainda estão entre nós assim como está a campanha anti-rumor da USIA. Robin culpa o oficial responsável pelo pessoal da USIA, Todd Leventhal, por muitos dos seus contratempos, e até mesmo sugeriu que ele estava implicado no roubo de seu carro. Mais tarde, ela recebeu ameaças de morte por telefone e na internet. Como ela várias vezes me disse: “É como um thriller.”

Joãozinho e Maria

Marie-Monique Robin não foi a primeira a chamar a atenção para a máfia de órgãos. Histórias sobre órgãos roubados apareceram pela primeira vez na imprensa mundial em 1987. [8] Em 2 de janeiro desse ano um jornal hondurenho relatou que crianças com deficiências foram vendidas para os EUA como uma fonte de “˜peças de reposição”™. Treze crianças haviam sido descobertas em quatro casas de engordes (“casas de engorda” ““ tons da fábula de “˜João e Maria”™). A fonte destes relatos foi Leonardo Villeda Bermudez, secretário-geral da comissão de Honduras para o bem-estar social. Em 3 de janeiro, no entanto, este funcionário se retratou de suas acusações, explicando que ele apenas tinha repetido as hipóteses não confirmadas dos assistentes sociais.

Posteriormente casos na Guatemala e Peru seguiram o mesmo padrão: relatórios alarmantes mas não fundamentados que foram removidos assim que foram publicados. Porém, como a má notícia é mais interessante do que a boa notícia, as divulgações iniciais foram freqüentemente relatadas pela imprensa, enquanto que os posteriores desmentidos foram ignorados. Este é um vício profissional dos jornalistas, o que pode ser ainda mais forte para aqueles que têm um machado ideológico para amolar. Sem surpresa, no final dos anos oitenta as histórias de horror sobre roubo de órgãos eram avidamente recolhidas e publicadas pela imprensa soviética, que no mesmo período endossou o boato de que o vírus HIV havia sido criado artificialmente em um laboratório americano de guerra biológica. [9]

O Parlamento Europeu também duas vezes se pronunciou contra o roubo de órgãos. Em 1993, aprovou uma resolução condenando o tráfico de órgãos. A resolução foi baseada em um relatório do socialista euro-parlamentarista Leon Schwartzenberg. Neste relatório, o ex-ministro francês da saúde pública descreve as conseqüências médicas, éticas e sociais da falta de doadores de órgãos e salienta a existência de uma máfia de órgãos homicida.

A própria idéia de que traficantes cínicos literalmente vendem a carne de crianças do terceiro mundo evoca fortes sentimentos de tristeza e compaixão. Isso em nada facilita uma análise imparcial e clínica dos fatos. Schwartzenberg ainda desclassificou os céticos igualando-os aos negadores do Holocausto: “Negar esse tráfico é comparável a negar a existência das câmaras de gás na última guerra“.

Ninguém nega que em alguns países (como por exemplo, Brasil, Índia e Egito) os pobres oferecem os seus órgãos para venda. A este respeito, o tráfico de órgãos é uma realidade. No entanto, os peritos em transplantes não estão preparados para assumir a existência de um comércio de órgãos de grande escala controlados por uma máfia. Casos específicos, como os de Pedro Reggi e de Jeison não resistem a uma análise. Em geral, o roubo de órgãos não é plausível porque transplantes clandestinos exigem uma equipe altamente qualificada e equipamentos médicos sofisticados que não são encontrados nos países onde se diz que os ladrões de órgãos agem. Como o diretor médico do euro-transplante Guido G. Persijn me disse:

“Claro que é possível seqüestrar pessoas, anestesiá-las e roubar um de seus rins, mas para isso você também precisa de um destinatário, e o destinatário precisa ter um grupo sanguíneo e um grupo de tecidos compatíveis. Você precisa de uma tipagem HLA … E como você pode ter certeza que este Sr. X que você tirou das ruas é um doador adequado em primeiro lugar? Ele não está sofrendo de uma doença renal, nefrite, ou HIV? Você precisaria de uma organização imensa. Simplesmente não vale a pena”.

Mesmo os mais fortes indícios de roubo de órgãos, tais como os relatórios de retirada dos rins na Índia que surgiram em fevereiro de 1995 [10], são ambíguos, na melhor das hipóteses. Os pobres habitantes de uma aldeia de Bangalore se candidatavam a um emprego na cidade e eram destituídos de seus rins, sob o pretexto de um check-up médico de rotina. Um especialista, um médico e dois atravessadores foram presos. A revista alemã Der Stern deu a notícia com um artigo intitulado “˜Roubo de órgãos na Índia comprovado pela primeira vez“™.

Na verdade, as fotos do Der Stern de homens e mulheres indianas ostentando enormes cicatrizes apenas mostram que a Índia tem uma proporção significativamente maior de habitantes com apenas um rim do que países mais ricos. Em março de 1995, mais oitenta pobres supostas vítimas foram registradas na polícia de Bangalore. Ainda de acordo com o comissário de polícia da cidade, apenas uma pequena fração delas realmente foram roubadas; supostamente, as outras venderam um de seus rins e estão esperando receber uma remuneração mais elevada, mediante o registro de uma queixa. [11]

Mas por que esperar que evidências conclusivas sejam encontradas? Quando liguei para ele em fevereiro de 1995, Stan Meuwesse, diretor da sucursal holandesa da Defence for Children International (uma organização que combate o trabalho infantil, a escravidão, a prostituição infantil e outras formas de abuso infantil) afirmou que o roubo de órgãos é uma realidade. “Os fatos e dados aceitos sobre o abuso de crianças são tão avassaladores, que isto tem que ser verdadeiro também“, ele disse, repetindo um argumento expresso por outros representantes de Organizações Não-Governamentais no campo dos direitos humanos. Quem poderia acreditar, perguntou Meuwesse, que aos seis anos de idade meninos paquistaneses são forçados a trabalhar como jóqueis de camelos nos Emirados Árabes? Ainda assim, este é um fato incontestável.

Meuwesse ressaltou que ele nunca tinha visto um relato “consistente, confiável e claro“ sobre as córneas e os rins roubados. Tudo o que continuava a haver eram as histórias que estão sendo repetidas uma e outra vez: histórias, Meuwesse disse, que convencem a todos na comunidade dos direitos das crianças.

Criminosos Lendários

Em Ladrões de Órgãos uma daquelas histórias recorrentes é contada pelo deputado mexicano Hector Ramirez, membro da comissão parlamentar encarregada da investigação do tráfico ilegal de órgãos. Ramirez relata o caso de um menino que foi seqüestrado no mercado no quarteirão Extapalapa e apareceu dois meses depois no mesmo local com uma cicatriz nas costas marcando o lugar onde um de seus rins havia sido extraído.

Ramirez: “A mãe dele o fez ser examinado por um médico. Isto confirmou as suspeitas dela. Quando o menino voltou para a sua família, ele levava 2.000 dólares com ele. Entrei em contato com sua mãe, mas ela não quis dizer nada. Ela estava muito assustada. Com o dinheiro ela poderia cuidar dele.“

Por falta de nomes, imagens ou documentos, é impossível verificar essa história. O relatório oficial de Ramirez não a menciona. A equipe de Robin não conseguiu localizar uma vítima ou uma testemunha no México. A história parece improvável: por que esses criminosos supostamente implacáveis simplesmente não mataram a testemunha em vez de devolvê-la à cena do crime, com 2.000 dólares no bolso? Atos ocasionais de bondade como este nunca haviam sido relatados em outros ramos do crime.

Se esta história é convincente ou não pouco importa, o apelo não está em seu realismo, mas no ponto de vista moral que aborda. A história graficamente expressa uma mensagem que fala ao coração dos mexicanos pobres e dos ativistas dos direitos humanos em todo o mundo: os americanos pensam que podem usar os habitantes da América Latina da maneira que quiserem em troca de um pouco de dinheiro no bolso. Tudo na história de Ramirez lembra uma lenda contemporânea: um conto que aparece repetidas vezes em diferentes formas, mas sempre parece ter ocorrido recentemente. É só virar a esquina onde vive o contador de histórias. Histórias fantasiosas como esta, entretanto, podem ter conseqüências reais. Na Colômbia, Argentina, França, Suíça, Holanda e em outras partes do mundo, as doações de órgãos caíram muito como resultado desses rumores, afirmam as organizações de transplante.

E “tiveram um efeito devastador“ sobre as adoções internacionais, diz Susan Cox, presidente da Holt Adoption Services em Oregon, uma das agências que ajudam anualmente 8.000 crianças a encontrar um lar com pais americanos. Na Turquia, os funcionários proibiram adoções por estrangeiros depois que o mito dos ladrões de órgãos pegou. [12] Como os sociólogos estão acostumados a observar: Sempre que as pessoas experimentam uma situação como se fosse real ela irá se tornar real em suas conseqüências. A verdade desta máxima é revelada de forma ainda mais dramática pelo pânico de roubo de órgãos da Guatemala em 1994.

Linchamento para Seqüestradores de Crianças

Guatemala, 8 de março de 1994. [13] A turista norte-americana Melissa Larson (37) está bebendo um copo de suco de abacaxi no mercado da aldeia de Santa Lucia Cotzumalguapa. De repente ela se encontra cercada por moradores indignados e é acusada de ser uma seqüestradora de crianças. Para protegê-la da multidão, Larson é presa e levada para fora da aldeia pelas autoridades. Quando os moradores descobrem que ela foi embora, eles se voltam contra os seus protetores, queimando a delegacia de polícia e incendiando dez carros. Foram necessários 500 agentes policiais, reforços do exército e carros blindados para restabelecer a paz. Larson, após 19 dias de prisão, teve a sorte de escapar.

Menos sorte teve June Weinstock, de 51 anos de idade, que chegou a San Cristóbal para assistir as celebrações da Páscoa. Em 29 de março os moradores perceberam-na fotografando os seus filhos no mercado e acariciando um menino. Uma mulher que perdeu de vista seu filho de 8 anos de idade na azáfama olha para Weinstock com desconfiança. “Talvez a gringa tenha posto o rapaz na mala“, brinca o vendedor de sorvetes.

Weinstock se torna o centro de uma multidão cada vez maior: há uma ladra americana de crianças na cidade! Ela também precisa de proteção policial, já que mil habitantes cercam a delegacia. Cinco horas depois, ela é arrastada para fora e brutalmente espancada. Weinstock entra em coma e tem que ser hospitalizada. Ela sofreu oito facadas, teve uma fratura da base do crânio e os dois braços quebrados. Por então o menino perdido já estava há algum tempo de volta para a sua mãe. Isso nunca teria acontecido sem os rumores que precederam os acontecimentos. Dizia-se que os estrangeiros de cabelos compridos faziam as crianças de vítimas. Um menino de rua tinha tido as suas córneas roubadas; o bolso estava recheado com cédulas de dólares americanos. Oito bebês foram encontrados com os seus corações arrancados. Um tinha uma nota de cem dólares presa na ferida aberta com uma nota dizendo “Obrigado por sua cooperação“.

Pichações advertiam os americanos de que não eram bem-vindos: “Gringos ladrões de crianças, voltem para o seu país“. A histeria foi alimentada em La Prensa Libre (13 de março de 1994), o diário de maior circulação da Guatemala, retratando o comércio de órgãos na forma de um panfleto publicitário. Dez órgãos utilizáveis “‹”‹são exibidos como carne em um supermercado, com os preços que eles valeriam nos Estados Unidos. Na etiqueta do preço do coração se lê $ 100.000, um rim vale US $ 65.000 e uma córnea valia uns meros $ 2.500 no mercado negro.

Êxodo de Crianças

Então, de onde essas histórias vêm? Como as famílias de Jeison e Pedro Reggi vieram a acreditar que a cegueira de seus filhos foi causada por ladrões? Aparentemente, essas histórias não foram inspiradas em crimes reais. Assim, elas poderiam ser o fruto de propagandas esquerdistas enganosas disseminadas por jornalistas, como a Agência de Informação Americana tem repetidamente sugerido? Em seu mais recente relatório sobre Os Rumores do Tráfico de Órgãos de Crianças (dezembro de 1994), a USIA não é tão pesadoa com os “grupos de vanguarda soviética“, como costumava fazer; ela fornece informações muito úteis, mas ainda não explica o fenômeno.

Ambas as partes ““ os crentes humanitários e os céticos do governo americano, mas acima de tudo os crentes ““ subestimam o poder das próprias pessoas de desenvolver e difundir explicações não oficiais como uma reação às circunstâncias e tensões do momento. Em outras palavras, eles subestimam a sua capacidade de criar rumores. Essas histórias se originaram em cidades latino-americanas, não em um ministério russo da era comunista.

O estudo mais detalhado desses boatos foi feito pela folclorista Véronique Campion-Vincent de Paris. Campion-Vincent, que chegou a acompanhar o boato de roubo de órgãos durante anos, sustenta que isso é muito mais do que propaganda cínica. Em vez disso, o boato é a síntese irreal de duas conseqüências reais da pobreza que afligem a América Latina: adoção e tráfico de órgãos. [14]

As crianças de países latino-americanos são muito procuradas no mercado de adoção. Na época dos atentados de turistas americanos na Guatemala, em média vinte crianças por semana eram adotadas desse país, metade delas por americanos. Nem todos os pedidos de casais americanos e europeus para a adoção de uma criança latino-americana são satisfeitos por meios legais. Os documentos são forjados, as mães vendem os seus bebês e até seqüestros ocorrem. Casas clandestinas de adoção de fato existem e são freqüentemente descobertas pelas autoridades. O povo se refere a este êxodo das crianças com sentimentos mistos: como será o futuro dos filhos? Será que eles não pertencem mais ao nosso país?

Como vimos, a venda de partes do corpo pertence à realidade dos países do terceiro mundo também. Rumores sobre o roubo de órgãos, disse Campion-Vincent, postulam uma conexão imaginária entre os dois fenômenos: de acordo com o boato, as adoções servem ao comércio de órgãos.

Um terceiro fato da vida na América Latina que alimenta o boato é o elevado nível de violência cotidiana, vividamente descrito pela antropóloga Nancy Scheper-Hughes em um capítulo deprimente de seu livro Morte Sem Lágrimas. [15] Scheper-Hughes compartilhou a vida dos pobres em uma comunidade no Nordeste do Brasil, uma região onde o “desaparecimento” é uma forma assustadora e de maneira alguma imaginária de deixar esse mundo. Os corpos das vítimas anônimas podem aparecer de um lado da estrada, seus órgãos genitais cortados e os olhos arrancados. A violência é uma característica tão rotineira do mundo em que essas pessoas vivem que elas não podem tomar por certo serem donas sequer de seu próprio corpo. E assim, a partir de meados da década de 1980, a ansiedade dos pobres produziu os rumores do tráfico de órgãos.

“Dizia-se que os hospitais de ensino do Recife e grandes centros médicos em todo o Brasil estavam engajados em um tráfico ativo de partes do corpo, um tráfico com dimensões internacionais. Os moradores de favela relataram vários avistamentos de grandes vans azuis ou amarelas conduzidas por agentes externos (geralmente norte-americanos ou japoneses), que se acreditava patrulhavam as vizinhanças à procura de pequenas crianças de rua a quem os motoristas erroneamente pensavam que ninguém nas favelas superpovoadas daria por falta”. [16]

Segundo Scheper-Hughes, os habitantes do primeiro e do terceiro mundo defendem pontos de vista incompatíveis da doação de órgãos:

“Enquanto os europeus ocidentais e os norte-americanos continuam a pensar nos transplantes de órgãos como “presentes” doados livremente por pessoas amorosas e altruístas, para as pessoas do Alto, cujos corpos são tão rotineiramente abusados pelos ricos e poderosos (nas trocas econômicas e simbólicas que tenham dimensão internacional), o transplante de órgãos implica menos num presente e mais numa mercadoria […] Os rumores brasileiros expressam as percepções das pessoas pobres, baseadas em uma realidade econômica e biotecnomédica de que seus corpos e os corpos de seus filhos podem valer mais mortos do que vivos para os ricos e poderosos”. [17]

Estes sentimentos de impotência diante da exploração impiedosa são anteriores à introdução do transplante cirúrgico. Na verdade, histórias de assassinos brancos espreitando sul-americanos pobres querendo partes de seus corpos cabem numa tradição nativa que já existia muito antes da adoção e do transplante se tornarem questões importantes. Um dos ogros brancos que abundam nestas lendas tradicionais é o “˜pishtaco”™ dos “‹”‹índios andinos, um ladrão da noite que recolhe gordura humana. [18] Ele vende o seu espólio para fábricas (como um lubrificante) ou às empresas farmacêuticas (como base para medicamentos). Dizia-se que a gordura indígena também era usada para dar a partida em motores a jato. Os monstros não desapareceram com o tempo e estão atualmente à procura de córneas e rins.

A Gangue do Euro-Rim

O temor de médicos cruéis que prosperam sob os telhados de chapa de ferro corrugada da América do Sul existe também no oeste americano e nos apartamentos de luxo europeus. Embora as emoções não se elevem tanto como no terceiro mundo, os holandeses, por exemplo, têm os seus próprios rumores sobre partes de corpos roubadas. Em 1990, uma lenda urbana circulou na Holanda, que é um espelho das versões latino-americanas. Uma história conhecida e acreditada contava como um empresário ou um turista visitando o Brasil (ou a Tunísia ou a Turquia) é anestesiado por seqüestradores e ao voltar a si descobre que um dos seus rins está faltando. [19]

Desde 1992 uma nova versão está circulando, desta vez estrelada por uma criança, em vez de uma vítima adulta. Em uma excursão com os pais para a Disneylândia de Paris eles perdem de vista um dos seus filhos. Depois de um tempo o menino [20]  é encontrado em um banco, pálido e confuso, com uma grande cicatriz que marca o local onde seu rim foi extraído.

Essas histórias surgiram apenas duas semanas depois que o parque temático de Paris abriu as suas portas em 1992. Elas não apenas assustaram os pais holandeses: os pais alemães, suíços, austríacos e suecos também temem pela segurança dos bebês na EuroDisney. Apesar disso, nem mesmo uma única vítima ““ ou seus pais ““ jamais apareceu. A Disney nega que o incidente tenha acontecido (mas eles negariam, não negariam?). A história é um exemplo clássico de uma lenda urbana contemporânea. [21]

De maneira típica a uma lenda, também, é a forma como a história se adapta ao seu ambiente. O assustador seqüestro na EuroDisney reflete uma certa xenofobia, mas não é a expressão de um povo que se sente explorado. Assim como a sua contraparte mexicana, os ladrões de rins parisienses gentilmente retornam as suas vítimas ao local do crime, mas ao contrário dos seus colegas latino-americanos, eles nunca deixam milhares de dólares em dinheiro no bolso.

A Carruagem de Sangue

O pânico moral causado “‹”‹por contos sobre estranhos que seqüestram e matam crianças existe pelo menos desde que a lenda do Libelo de Sangue acusou os judeus de misturar a farinha do pão ázimo da Páscoa com o sangue de crianças cristãs. Entre aqueles numerosos pânicos históricos de rumores há um que é o a imagem do temível roubo de órgãos atual. [22]

Paris, maio de 1750. A cidade está em polvorosa, porque sob os olhos da população a polícia está prendendo as crianças nas ruas, colocando-as em carruagens fechadas, com destino desconhecido. As pessoas resistem; ocorrem tumultos. O oficial de polícia Labbe é pego em flagrante quando agarrava um garoto de 11 anos de idade. O rapaz é libertado pela multidão e Labbe tem que correr por sua vida. Ele entra numa casa e tenta se esconder debaixo da cama, mas seus perseguidores arrastam-no para a rua. Os guardas vêm correndo, libertam-no das mãos de seus captores e levam-no à residência do comissário de polícia. As pessoas cercam o seu refúgio e ordenam a quem está dentro que entregue o seqüestrador. No final, elas arrombam a porta. Há uma troca de tiros, a multidão furiosa leva Labbé para longe dos guardas e o mata com paus e pedras.

De certa forma os parisienses não estão enganados: os policiais ocasionalmente prendem meninos e os colocam na cadeia, sem conceder-lhes um julgamento adequado. Isso faz parte de uma operação para limpar as ruas de vagabundos. Como os policiais recebem uma recompensa para cada criança presa, eles não são criteriosos sobre aquelas que prendem, assim mesmo aqueles cuja idade, comportamento ou estatuto social não se encaixa na descrição correm o risco de serem apreendidos.

Situações ambíguas como essas são criadouros ideais para o boato, e de fato instantaneamente os boatos surgem. As crianças são cortadas, dizem, e sangradas até a morte em uma banheira, pois um príncipe enfermo ““ ou uma princesa ou até mesmo o próprio rei ““ tem de se banhar no sangue de crianças. Esta história não se originou na Paris de 1750. Ela já era contada sobre o Imperador Constantino, que se recusou a ser curado desta maneira não-cristã e viu a sua saúde ser restaurada por Deus como uma recompensa por sua retidão.

Em Paris, o então rei Luís XV foi um dos alvos do boato. Por suas atrocidades, ele foi comparado com Herodes, o assassino de crianças inocentes. De acordo com os historiadores franceses Arlette Farge e Jacques Revel, o fato de que as pessoas apontavam para o rei Luís como o autor revela o seu ódio de um governante que tinha se transformado de um benfeitor em um Herodes.

O boato era conhecido na Antuérpia do século XVIII também. [23] Os pais o usavam para alertar seus filhos contra permanecer na rua até tarde, falando-lhes sobre a “Carruagem de Sangue”, uma bela carruagem puxada por cavalos. Dentro dela haveria uma senhora rica que oferece doces para as crianças brincando na rua pedindo-lhes para acompanhá-la ao seu castelo para brincar com a sua filha. Se esta abordagem não tivesse êxito, ela só precisava arrastá-los para dentro. Em seu castelo, seus dedões eram cortados e as crianças sangravam até a morte na banheira de um rei que sofre de uma doença grave que pode ser curada apenas com o sangue de crianças menores de sete anos.

Crianças parisienses forçadas a doar o seu sangue para um membro doente da família real encontram um equivalente exato nas crianças do Terceiro Mundo que são roubadas de seus órgãos para o benefício de ricos ocidentais ““ na verdade, o boato não mudou realmente em dois séculos e meio. Uma das versões do boato, que gerou problemas em 1768, Lyon, envolvia até transplantes. [24] Para um príncipe mutilado adquirir um braço novo, uma criança nova era seqüestrada todo dia. Dia após dia os cirurgiões tentavam enxertar um novo braço, mas toda vez a operação falhava.

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Versões anteriores deste artigo apareceram nas revistas holandesas Wetenschap, Cultuur & Samenleving (abril de 1995) e Skepter (setembro de 1995), e na minha coleção de lendas e rumores contemporâneos, Der Gebraden Baby (Amesterdã, 1995). Véronique Campion-Vincent, Todd Leventhal e Eduardo Mackenzie foram todos muito generosos em partilhar as suas opiniões e materiais de pesquisa.

Referências

  1. Panorama (no. 50, 1993)
  2. Report by Dr Patricia Rey, Buenos Aires, 6 Dec. 1993
  3. Renard, G., M. Gentilini, A. Fischer, Rapport d”™examen de i”™enfant Wenis Yeison Crus Vargas. Paris, 10 August 1995. Para as reações de Robin e de outras partes envolvidas ver: Gillot, Nathalie, “˜Polémique sur l”™enfant aveugle.”™ France-Soir, 12 August 1995; Nau, Jean-Yves, “˜Un reportage sur les greffes de cornées en Colombie suscite un polemique.”™ Le Monde, 17 Aug. 1996; Proenza, Anne, “˜Un document violemment critiqué a Bogota.”™ Le Monde 17 Aug. 1995; Bantman, Beatrice, “˜Jeison, aveugle mais pas victime.”™ Liberation, 18 Sept. 1995; Fritisch, Laurence,”˜C”™était une maladie,”™ France-Soir, 19 Sept. 1995; Nau, Jean-Yves, “˜Un rapport medical contredit un reportage sur un traffic d”™organes en Colombie.”˜ Le Monde, 19 Sept. 1995.
  4. Proenza, op. cit.
  5. Mackenzie, Eduardo,”™Suspendido premio a Marie Monique Robin.”™ El Espectador, 26 Sept. 1995
  6. Bantman, op. cit.
  7. Isto é desmentido por seu antigo colaborador, o colombiano ativista dos direitos humanos Hector Torres, que concordou em manter um olho na mãe de Jeison. De acordo com ele, ela não se sente ameaçada. (Proenza, op, cit.)
  8. A síntese mais abrangente da história dos boatos foi escrita por Campion-Vincent: “˜The Baby-parts story: a new Latin American legend”™Western Folklore 49, (Jan. 1990), pp.9-25 and Leventhal, Todd: The child organ trafficking rumour: a modern “˜urban legend”™. USIA, Dec. 1994
  9. Soviet Active Measures in the Era of Glasnost, USIA, Washington, July 1989, pp.12-13. Para uma versão menos patriótica sobre os rumores da Aids ver Turner, Patricia A.,  Heard it through the Grapevine; rumour in African-American culture, Berkely [etc.] 1993, pp. 151-164.
  10. Penberthy, Jefferson, “˜An abominable trade”™, Time 20 Feb. 1995; Ulli Rauss & Jay Ullal, “˜Nieren-Klau in Indien”™, Stern, 23 Feb. 1995.
  11. Leventhal, Todd, “˜The illegal transportation and sale of human organs: reality or myth?”™ Paper read at the annual meeting of the International Association of Chiefs of Police, Ghent, 25 Apr. 1995.
  12. Frankel, Mark, John Barry & David Schrieberg, “˜Too good to be true.”™ Newsweek, June 26 1995.
  13. As principais fonts para o roubo de órgãos na Guatemala: “™Foreigners attacked in Guatemala.”™ New York Times, 5 Apr. 1994; Carol Morello, “˜A nation in the grip of panic”™. Philadelphia Inquirer, 10 Apr. 1994; Mark Frankel & Edward Orlebar, “˜Child stealers go home”™ Newsweek, 18 Apr. 1994; Laura Lopez “˜Dangerous Rumors”™, Time, 18 Apr. 1994; Gleck, Elizabeth, “˜Rumor and Rage”™, People, 25 Apr. 1994; “˜Body parts panic in Guatemala”™ FOAFtale News 33/34 (June 1994), pp.17-18; Shonder, John A., “˜Organ theft rumors in Guatemala, some personal observations”™, FOAFtale News 35 (Oct. 1994), pp. 1-4.
  14. Campion-Vincent, op. cit.
  15. Scheper-Hughes, Nancy, Death Without Weeping: the violence of everyday life in Brazil, Berkeley [etc.] 1992, chapter 6: “˜Everyday violence. Bodies, death and silence.”™ pp. 216-267. Pages 233-239 deal with rumours of organ traffic.
  16. Op, cit, p. 233
  17. Op. cit. p. 238-239
  18. Oliver-Smith, Anthony, “˜The Pishtaco, Institutionalised fear in highland Peru”™,Journal of American Folklore 82 (1969), pp. 363-368; Caro, Frank de. “˜The body parts panic and the Peruvian pistaco tradition.”™ FOAFtale News 36 (Jan. 1995), pp. 1-2.
  19. Burger, Peter, De Wraak van der Kangoeroe. Sagen uit het Moderne Leven. Amsterdam 1992, pp. 23-2620 Whenever the tellers specify the child”™s gender, it”™s always a boy. Why?
  20. Vários colecionadores de lendas contemporâneas em todas as partes do mundo têm registrado versões da lenda do roubo do rim. Veja, por exemplo, Brednich, Rolf Wilhelm, Sagenhafte Geschichten von Herute. Munchen 1994, pp 215-217, 310-311; Brunvand, Jan Harold, The Baby Train and other Lusty Urban Legends. New York 1989, pp. 149-154; Czubala, Dionizjusz, “˜The “Black Volga”: child abduction urban legends in Poland and Russia”™, FOAFtale News 21 (March 1991), pp 1-2; Goldstuck, Arthur, The Leopard in the Luggage. Urban legends from Southern Africa, Johannesburg, 1993, pp. 99-101; Klintberg, Bengt af, Den Stoma Njuren, Sagner och Rykten i var Tid. Norstedts, 1994, pp. 15-22, 66-68; Seat, Graham. Great Australian Urban Myths, Sydney 1995, pp. 133-135; Toselli, Paolo, La famosa invasione delle vipere valanti e altre leggende metropolitane dell”™Italia d”™oggi. Milan 1994, pp. 149-164.
  21. Forge, Arlette & Jacques Revel. Logiques de la Foule. L”™affair des Enlevements d”™enfants Paris 1750, Paris 1988. (English translation The Vanishing Children of Paris, Cambridge, MA, 1991)
  22. Roodenburg, Herman. “˜The autobiography of Isabella de Moerloose: sex, childrearing and popular belief in seventeenth century Holland.”™ Journal of Social History 18 (1984/5) pp. 522-524; “˜More on body parts abductions”™,FOAFtale News 32 (Feb. 1994), p.10.
  23. Campion-Vincent, op. cit

66 comentários sobre “Roubo de Órgãos

  1. Mori, voce esqueceu de uma lenda que circulava no Nordeste brsileiro, na década de 70, em que crianças eram roubadas para extrairem seus rins, com a finalidade de curar uma certa doença, que só curava se o doente comece rins de criança. essas pessoas eram conhecidas como “papa figo”.

    Lembro que perto da casa da minha mãe, morava um senhor, que as pessoas diziam que ele tinha essa doença, mas se recusava a comer fígado de criança.

    Já outros diziam que ele só fingia e que na realidade ele praticava esse ato.

    Muitos acreditavam nisso e por conta desse boato, o pobre senhor era visto com maus olhos.

  2. Nada como manipular as pessoas. Como se diz em algum comentario, “Uma mentira dita muitas vezes, torna-se verdade”¦”. Neste caso, ela se repete desde a decada de 90. A verdade é que o trafico e roubo de orgaos existe e esta muito mais proximo do que se pode imaginar. Canais como este, geralmente sao usados com fins duvidosos. O blogo deveria citar os casos que estao em tribunais brasileiros, e que nao sao lendas (ou sera que as lendas tambem ja estao chegando nos tribunais?). Citar textos é facil.

  3. Sr. Paulo Pavesi: o sr. poderia citar quais são esses casos que estão em tribunais brasileiros? O nome da vítima, ou a cidade, ou o tribunal em que tramita o processo?

    Leio jornais todos os dias há mais de 25 anos e nunca ouvi falar de um caso desse — a não ser através de boatos não confirmados.

    1. Marcus, eu também fiquei cético, mas dei uma olhada e Paulo Pavesi tem não só uma trágica história pessoal, existem indicações de que em seu caso pode sim ter havido no mínimo conflito de interesses por parte do médico que tanto determinou a morte cerebral quanto retirou os órgãos para transplantes em um centro de doações clandestino. É absurdo:
      http://www.youtube.com/watch?v=9xGMM5lNBds

      Pavesi tem mais detalhes de sua luta em seu blog:
      http://ppavesi.blogspot.com/

      Penso que o texto de Peter Burger ainda é excelente, no entanto, deveria sublinhar melhor que há incidentes reais.

  4. Sou cético em relação aos 2 pontos de vista, não consegui ainda ter opinião formada se existe este tráfico ou não. Talvez exista em menor escala do que o anunciado, talvez não exista.
    Sr. Paulo Pavesi, poste alguns links aqui do Brasil, ajudaria a formar opinião.grato desde já.

  5. Ah postei quase junto ao Mori, não vi os links antes. Li o texto do blog, história horrível e que para varia a justiça empurra com a barriga, um absurdo.
    Casos devem existir vários, mas uma máfia de transplantes generalizada em larga escala como no documentário é que é duvidoso.

  6. “Penso que o texto de Peter Burger ainda é excelente, no entanto, deveria sublinhar melhor que há incidentes reais.”

    Concordo plenamente , Mori.

  7. Existem vários casos de venda de orgãos, a uns 5 anos atrás o Fantástico (O Show da Vida…), apresentou uma reportagem sobre venda de orgãos atravez da Africa do Sul (rins a US$ 250.000 a Unid.), posso estar enganado, mas parece que havia gente do próprio Exército envolvidos. Há também o caso da década de 80 na cidade de Bauru/SP, onde um médico retirava orgãos de pacientes assim que morriam sem a família saber, não sei “no que deu” mas me lembro da matéria.

    Mas partir de fatos isolados há Lendas Urbanas é muito diferente, lógico que quem se propõe a vender um rin nunca vai sair por aí falando o que fez, mas o texto explora o ROUBO de orgãos. Conheço muito gente de várias esferas, vivo em uma cidade rodeada de Faculdades/universidades, a população sazional aqui chega a 25% e nunca sequer ouvimos falar em extração de um dente sequer sem concentimento do paciente. Porém, o que acontece na penumbra ninguém sabe…

    Mas eu continuo não acreditando em bruxas…

  8. Caro Marcus Pessoa. Evidentemente que posso lhe enviar tais dados. No relatorio final da cpi do trafico de orgaos realizado em 2004, que se encontra na internet, estao la todos os casos relacionados a mafia que matou meu filho. Lamento que sua cultura, ha 25 anos seja baseada em jornais. Nunca te disseram que os jornais nao publicam tudo o que sabem? Eu sou brasileiro e estou asilado na Italia, sob proteçao do governo italiano. Voce nao leu isso? Claro que nao! Se tivesse lido provavelmente eu nao teria a necessidade de ter deixado o pais apos denunciar esta mafia.

  9. De acordo com relatório da Organização das Nações Unidas, de cinco a dez por cento dos cerca de 68 mil transplantes anuais de rins realizados no mundo, decorrem de ações criminosas.

    Nesse mesmo relatório, a ONU chamou a atenção para a existência de uma prática assustadora: o “turismo do transplante”, onde pessoas ricas dos paises desenvolvidos viajam para os paises mais pobres do segundo mundo, para obter órgãos. No Brasil, além de outros “mecanismos”, pessoas humildes cedem seus órgãos em troca de dinheiro, emprego, habitação ou de outras necessidades básicas.

    fonte: http://helio-bicudo.blogspot.com/2010/04/o-trafico-de-orgaos-no-brasil.html

  10. A CPI do Tráfico de Órgãos vai pedir o indiciamento de cerca de 30 pessoas, entre médicos e profissionais de saúde de três Estados brasileiros, acusadas de integrarem uma quadrilha internacional de tráfico de córneas e rins, dentre outros órgãos humanos. Entre os denunciados está um grupo de médicos de Taubaté (SP), acusado em depoimentos de enfermeiras à CPI de acelerar a morte de pacientes para a retirada de rins. O comércio ilegal de órgãos humanos movimenta de US$ 7 a US$ 12 bilhões anuais em todo o mundo, segundo a dados da comissão.

    fonte: http://www.aids.gov.br/noticia/cpi-do-trafico-de-orgaos-vai-indiciar-30-pessoas

  11. Acho que é conveniente para Máfia do Tráfico de Órgãos destacar essas crendices citada na matéria e omitir fatos reais que acontecem no Brasil e no Mundo.

  12. Thiago, vejamos os dois lados da moeda.

    Tráfico de órgãos estão mais para lendas urbanas. Órgãos tem tempo de vida bem curto fora do organismo (poucas horas ou até mesmo minutos). E isso também pode atrapalhar quem realmente precisa de um transplante. Já imaginou se todos se recusarem a doar órgãos por medo desse tráfico?

  13. Temos que saber diferenciar as coisas.
    Essas histórias de sequestros de crianças feitos aleatoriamente na rua parecem realmente não ter nenhuma fundamentação, como o texto demonstrou.
    Agora, ABUNDAM denúncias de “listas múltiplas”, ou seja, de pessoas ricas que pagam para não ter que esperar na lista única de transplante. Parece que pagam os médicos para conseguir os órgãos “por fora”, o que se faria assassinando pessoas que estão internadas nos hospitais. É por isso que orientam a gente a não colocar nos nossos documentos que a gente é doador.

  14. Paulo Pavesi, em primeiro lugar, meus pêsames pela sua dor e revolta.

    Lí mais da metade da matéria do link do seu blog, deixado aqui pelo Mori.

    Devo confessar que não tinha o mínimo conhecimento do que voce relata, pois já deixei de me interessar por noticiários televisivos a muito tempo.

    Mesmo não o conhecendo pessoalmente, e não podendo endossar a veracidade do que voce diz, tenho quase que total convicção que voce diz a verdade, tanto pela forma de expressar sua dor, como devido o abuso de poder das instituições gonvernamentais do qual já fui vítima.

    O meu caso foi duas simples multas de trânsito, aplicadas covardemente, porque protestei do meu direito direito de ir e vir, me deixando altamente indignado ao descobrir a minha impotência perante essa quadrilha que se entilula PODER PÚBLICO.

    Instituições gonvernamentais, não estão dando a mínima para a população, a sua preocupação é exatamente manter-se no poder e aumentar os seus lucros a qualquer custo, utilizando-se dos atos mais infames possíveis.

    Para finalizar, que parabenizá-lo pela sua coragem e determinação, mas infelizmente, acredito que voce não terá muito sucesso, pois como voce mesmo disse, talvêz possa até ir a julgamento, mas com certeza não será o resultado que voce almeja.

  15. Paulo Pavesi, não vi o seu comentário e confesso que desconhecia a história. Moro no exterior há 11 anos e não tenho como saber de tudo e somando isso há (falta de) qualidade do jornalismo brasileiro vejo que não sei de nada do que acontece nesse país. Vejo que fiz bem em sair desse país que, ao contrário do que o Tiririca disse, pode ficar pior. Lerei o seu blog com mais atenção assim que me dispor de tempo.

    Sinto muito pelo aconteceu e te desejo sucesso.

    Abraços.

  16. Magno, está aí uma frase que explica bem o assunto abordado:

    Se no Brasil o crime é organizado então é a única coisa organizada no país.

    Millor Fernandes

  17. Nao é dificil comprovar que existe uma mafia de transplantes clandestinos. Basta fazer um senso e apurar quantos transplantados tem no pais, e em que ano fizeram seus transplantes. Depois, comparar com os numeros oficiais. Ainda ha outro dado interessante. Existem um numero de transplantados incrivelmente alto, que fizeram ja mais de 2 transplantes em menos de 2 anos. Algumas pessoas esperam até 5 para ter o primeiro orgao disponivel. Sao fatos incontestaveis. Quanto a afirmaçao que a divulgaçao desse tipo de “boato” causa problemas para o transplantes, entao deveremos tambem evitar em falar de acidentes de transito para nao comprometer a industria automobilistica. Por falta de provas, devemos tambem soltar todos os traficantes como Fernandinho Beiramar, preso e acusado de vender drogas, nao ha sequer um so recibo de compra e venda que comprove o fato. Acreditar que o mundo é perfeito é facil. Escrever sobre aquilo que nao conhecemos é mais facil ainda.

  18. e eu juro que não entendi o significado desse post.

    é pra que? pra dizer que não existe tráfico de órgãos ou simplesmente falar mal do documentário?

    se for falar mal do documentário, pra mim tudo bem, já que ele pode ser falso e sensacionalista mesmo.

    se for pra falar que não existe esse negócio de roubo de órgãos, meu, ai tem que ser muito estúpido pra acreditar nisso.

  19. Também tem que se analisar roubo de órgãos que é o título do artigo X tráfico de órgãos que é outro departamento. Achei que o artigo tenta falar mais de raptar uma pessoa e arrancar o órgão (córneas e rins) como se isso fosse em uma escala absurda e tenta desmistificar isso (opinião do artigo e baseando-se em analisar/desconstruir um documentário).
    Para dizer que não tráfico e roubo de órgãos teria que existir maiores análises e investigação séria. detonar um documentário não prova nada.

  20. Sr. Paulo Pavesi,

    Acho que sua ira o está cegando. Li o seu blog, não há como eu dizer Sinto Muito, pois eu desconheço o peso da sua dor, porém, comparar céticos com cegos é algo bem diferente, chega a beira da ofensa. Não duvido de tudo, falo por mim, o que faço é colocar a prova o que vejo, mesmo sabendo que é muito provávelmente a verdade, coisa que pelo jeito o Sr. não faz.

    “E o pior sao aqueles ceticos arrogantes. ”
    Todo cético leva esse rótulo, e sabe porque? Porque não compatilhamos da visão alheia, isso tem que ser assim, não é porque o Sr. tem um problema é que todos têem que ter também, o Sr. não me conhece, não sabe o que já passei na vida, como pode me rotular? Já enfrentei um problema parecido com o do Sr. que se arrastou por 20 anos acabando em 2009 em absolutamente NADA, ninguém foi punido, fora a perda financeira com custos jurídicos.

    “Se os grandes cientistas fossem ceticos, jamais acreditariam na possibilidade de gerar energia eletrica ou que a terra fosse de fato redonda.”
    Pelo jeito o Sr. não mora no mesmo planeta que eu. Pois foi justamente a capacidade de DUVIDAR que levou o homem as descobertas que regem o mundo de hoje. Foi justamente a capacidade de DUVIDAR que vem levando o Sr. a vencer.

    Me solidarizo com a luta que o Sr. vem travando, torço muito que consiga o seu objetivo, só não pise em mãos amigas, pois essas mãos poderam ser aquelas que o Sr. pecisará no futuro.

  21. Durante um grande período militei numa Unidade de Terapia Intensiva. Presenciei vários casos de morte cerebral candidatos a transplnate.
    Porém os protocolos eram bastante rígidos, tão rígidos que aliados a desorganização (foi uma período de grave crise na rede desse plano de saúde, que chegou a “falir”) e a falta de interesse da estrutura como um todo que só me lembro de um caso que acabou em transplante.
    Li no blog do Paulo sobre o caso e realmente tem alguns dados muito estranhos, como uso de Dormonid horas antes dos testes, a transferencia e tal.
    Infelizmente fico tolhido de dar uma opinião mais fundada por não conhecer o caso a fundo.

    Quanto ao artigo em si acho que é falando mais em roubo de orgãos mesmo, e não sobre tráfico.

    Volta e meia surgem algumas denúncias sobre favorecimento na fila, uso de orgãos “marginais” para transplantes na rede privada e etc…

    Como nunca participei de perto disso não sei como realmente a coisa funciona

  22. Eu achava que o ceticismo, até para algumas pessoas compulsivas em fazer oposição por pura oposição, não poderia ter seu uso como um adjetivo.

    Mas depois de ler o comentário do LEx me dei conta que o ser humano pode sim necessitar de ser ultrajante em qualquer debate com um tema que não lhe seja conveniente.

    Se isso é causado por medo ou vicio eu não sei, no entanto tenho a certeza de que é inconveniente. Senhores, há tantas bandeiras com nobres objetivos a serem levantadas, deixemos o ceticismo apenas como uma ferramenta de discussão.

    Por favor, não entendam como uma critica ao Site e os seus freqüentadores, muito pelo contrário: O Ceticismo Aberto é o único feixe de luz no meio desse mar escuro de “TDCistas”. Só penso que não há espaço para extremismo ou fanatismo aqui. Todos sabem qual é o caminho dessas duas palavras…

  23. O papel do cético não é “negar” todo tipo de acontecimento ou informação, mas sim duvidar, indagar e buscar uma resposta livre de máculas e quaisquer espécies de vícios.

    O tópico em questão foi um exemplo insofismável disto.

    O roubo ou o tráfico de órgão extrapola os limites da objetividade ceticista, e não pode ser abordado de forma linear e unitária, pois cada caso é um caso, uma vez que existem exemplos explícitos deste exercício abominável e cruel praticado pela raça humana.

    Neste sentido, usar o termo “cético” para negar qualquer espécie de asunto ou acontecimento, não lhe transformará em um cético, mas sim, em um pseudo-cético, conforme palavras de “Marcello Truzzi”, citado no Wikipédia, na conceituação de ceticismo:

    “Uma vez que o ceticismo adequadamente se refere à dúvida ao invés da negação – descrédito ao invés de crença – críticos que assumem uma posição negativa ao invés de uma posição agnóstica ou neutra, mas ainda assim se auto-intitulam “céticos” são, na verdade, “pseudo-céticos”.”

    Obs.: Desculpem usar o Wikipédia como fonte, espero em um futuro próximo montar minhas fontes literárias sobre o assunto.

  24. Carlos em 27 de abril,

    Fiquei sem entender se tu está me afrontando ou concordando comigo… Mas bem…

    Negar tudo é coisa de político ou de gente mediocre, concordar com tudo é coisa de político e gente medíocre. Por isso duvidamos, por isso os animais duvidam, pode ser a diferença entre a vida e a morte.

    É isso que um cético faz, duvida até que não haja mais caminhos a seguir, neste ponto a verdade se mostra de uma forma simples e pura muitas vezes chegando a beira do ridículo (vide fotos de ovnis).

    Ninguém aqui nega que exista tráfico de orgãos, o artigo em si está fora do contexto para esse tipo de discução, afinal de contas como sabemos que Crime Perfeito não existe?

  25. É a lei da oferta e da procura; e hoje, mais do que nunca, o homem está perdendo cada vez mais a dignidade e se transformando em mera mercadoria (e mercadoria barata devido ao excesso de produção). Tem gente para tudo neste mundo! Se existem narcotraficantes e matadores de aluguel, porque não máfias de transplantes de órgãos?

    Concordo com o artigo no caso de supostos sequestros já que é preciso equipamentos e médicos especializados para se fazer tal procedimento de retirada de órgãos; mas isso tudo podemos ter dentro de um hospital. Por isso, se existe mesmo tais máfias (e devem existir mesmo, já que gera altos lucros para pessoas inescrupulosas e não tementes a Deus), o meio mais fácil delas se instalarem seriam mesmo em hospitais do Terceiro Mundo! Mesmo porque, não é tão difícil para um cirurgião ‘deixar’ um paciente morrer (por exemplo, ‘escorregar’ o bisturi ou declarar morte cerebral para um paciente em coma) e mascarar as provas do crime.

    Não devemos nos esquecer que psicopatas e sociopatas existem em todas as classes sociais e ramos de atividades, seja militar, religiosa, médica, etc. Pedófilos, por exemplo, procuram profissões que lidam com crianças como: padres, pediatras, lider de escoteiros, professor de educação física, etc. Porém, ainda bem que são uma pequena minoria; mas o duro é saber se estamos ou não nas mãos de um ‘lobo em pele de cordeiro’, como esses doutores Roger’s da vida!

    Sempre achei estranho o número tão grande de pessoas ricas com problemas nos órgãos vitais para se compensar criar um indústria de transplantes de órgãos. É possível até (se existem mesmo tais máfias) que esses médicos assassinos não só matam os pacientes pobres para roubarem seus órgãos; mas, do outro lado, também devem envenenar ou estragar os órgãos dos pacientes mais ricos para oferecerem os serviços ilegais de transplantes de órgãos.

    Por outro lado, também é possível que grande parte de crianças desaparecidas ou encontradas sem os órgãos, principalmente o coração, não sejam vitimas de transplantes clandestinos e sim de rituais de magia negra. Já vi notícias sobre isso; como, por exemplo, aquele caso recente do bebê cheio de agulhas no corpo. Como disse antes, tem gente para tudo neste mundo!

  26. D. R. em 28 de abril 2011 às 10h48,

    A tanta controvercia neste tipo de assunto que realmente fica difícil saber o que é real. Esse seu ponto de vista é interessante, pois fica difícil imaginar tanta gente rica doente a capaz de cometer um crime assim.

  27. Com todo respeito, neste tópicos alguns (bons) céticos daqui deram tiros nos pés, mostrando que não são céticos, são apenas “do contra”.

    Nesse caso há grandes evidências de que a máfia do tráfico de órgãos existe, e elas são muito maiores do que um documentário falacioso (sim, o documentário é ruim, mas ó, mestres da retórica, vocês sabem, ou pelo menos deveriam saber que um documentário ruim não invalida as provas contundentes).

    Até hoje sempre concordei quase 100% com os comentários, posts e textos daqui.

    Mas dessa vez, colegas, vocês erraram.

    E eu posso falar sem ter suspeitas, sou ateu como a maioria daqui, não acredito na homeopatia e também estudei as falácias lógico-argumentativas o suficiente para perceber que vocês enchem a boca na hora em que as percebem, mas não hesitam em usá-las quando convém.

    E ah, tem os puxa-saco também. Se amanhã o Mori posta aqui que o Sol não existe e é uma criação do governo americano para controlar as pessoas vai ter gente concordando e dizendo “É isso mesmo!!! Tá no ceticismo aberto, então tem base!!!”.

    Pois é. Nem sempre o blog acerta. Este post foi um exemplo.

    Repensem suas posições.

  28. Não é esse o caso, Alam. O foco do texto são as histórias de roubos de orgãos, que pelo próprio teor são fabulosas, outra coisa bem diferente é a máfia de transplante de orgãos, denunciada pelo Pavesi.

  29. Sem querer ser preguiçoso. Concordo com o Prof. Alex. Há muita lenda urbana no caso do artigo postado por Mori e no caso Paveli devemos dar atenção. E quem perde com isso são os que realmente precisam de transplante.

  30. Mas nos casos os roubos são para o mesmo fim. Não vejo diferença substancial.

    O que achei interessante foi a participação do Paulo (o outro lado deve ser sempre muito bem vindo, independentemente da opinião contrária) e ver como vocês se comportam com bons argumentos.

    Falta humildade por aqui, e sobra arrogância. Porém, reconheço, sobra inteligência.

    Mas o maior erro é do ser humano é que todos achamos estar acima da média. Ninguém se acha medíocre, e acreditem, não somos nada além de disto. E me incluo.

    Como seria o tom da conversa se o Paulo não tivesse aparecido? Como seriam os ataques raivosos à alienação da mídia desinformativa e blábláblá?

    Aí aparece um cara que com um bom argumento e todo mundo põe o rabinho entre as pernas e o ladrar virou miado.

    1. Alam, ainda penso que o artigo de Peter Burger é bom. Ele mesmo menciona que na Índia, e possivelmente em outros países, incluindo o Brasil, há de fato casos de roubos de órgãos entre a muito mais comum venda de órgãos (próprios), de forma que o tráfico de órgãos é uma realidade.

      Mas essa menção é feita de passagem e parece contradizer o subtítulo que afirma que roubos de órgãos são apenas uma lenda.

      Dado o lapso — e foi um lapso, principalmente meu, como editor e responsável por CeticismoAberto — pretendo publicar um outro artigo destacando que há de fato incidentes de roubos de órgãos. Até onde tomei conhecimento, realmente não são como os retratados nas lendas urbanas, simplesmente porque há formas mais convenientes de efetuar o roubo — é muito mais simples que a estrutura existente para doação de órgãos seja desvirtuada e corrompida do que a criação de toda uma sinistra estrutura completamente paralela de rapto de crianças.

      Mas mesmo o roubo de órgãos não seria mera lenda.

      Assim que Paulo Pavesi entrou em contato criticando o artigo, ofereci espaço para que ele mesmo pudesse divulgar sua história e evidência, não só na área de comentários, como já fez, mas em um outro artigo destacado. Porém, como serei eu mesmo que terei que pesquisar o tema e redigir algo, deve demorar um tanto. A publicação de traduções de artigos aqui em CeticismoAberto é feita justamente porque eu mesmo mal consigo publicar um artigo próprio por mês, alguns levam ainda mais tempo.

  31. “Mas o maior erro é do ser humano é que todos achamos estar acima da média. Ninguém se acha medíocre, e acreditem, não somos nada além de disto. E me incluo.” [2]

    “Como seria o tom da conversa se o Paulo não tivesse aparecido? Como seriam os ataques raivosos à alienação da mídia desinformativa e blábláblá?”
    O único problema é que o Sr. Paulo tomou isso como pessoal e passou a atacar todos aqui de forma direta pelo seu Blog. Mas foi bom, pelo menos me colocou no trilho. E como sempre acontece em casos assim, me sinto um idiota.

  32. “tem os puxa-saco também. Se amanhã o Mori posta aqui que o Sol não existe e é uma criação do governo americano para controlar as pessoas vai ter gente concordando e dizendo “É isso mesmo!!! Tá no ceticismo aberto, então tem base!”

    São os céticos animadoras de torcida do Sr. More pronto para levantarem o pompom assim que é publicado novo artigo. Este fã-clube do ceticismo aberto são os mesmos que assina em baixo de olhos fechados qualquer baboseira publicada de cunho oficial, este é o tal do ceticismo cego.

    Ao menos, Sr. More demonstrou imparcialidade, compromisso com verdade em seus comentários, reconhecendo que o artigo está tendencioso ou no mínimo incompleto[?]

  33. Posso afirmar que existe em vário lugares do mundo, esta prática terrível, mas o ponto do artigo foi que devemos ter cautela com histórias que deixariam até Hitchcock de cabelo em pé, no caso citado de Paulo Lavesi é um bom fato que devemos ter em mente que por mais obscura que seja a história não devemos taxá-las de lendas, no meu caso , não acredito em uma organização nacional a estes fins, mas é evidente que pequenos grupos da morte , vigiam alas hospitalares é bem plasível…!

  34. (Watha fucka-hell “Sr. MORE”? rsssss)

    Thiago em 29 de abril 2011 às 10h38,
    YA! Agente é phoda mesmo…
    Mexeu com um, mexeu com a gang inteira, “igual que nem” um bando de zealotes anencéfalos…

    E eu mi si divirto…

  35. Ainda não consegui formar opinião exata sobre o tema, me parece que roubo de pessoas para extração de órgãos é mais para ficção no caso de pessoas “devolvidas”, claro que sequestrar, extrair e matar deve existir, apesar das dificuldades já ditas de se ter uma equipe pronta, tipo saguíneo,etc. Porém tráfico de órgãos, retirados abusivamente em hospitais parece ser bem real.
    Independente disso o Sr. Pavesi em http://ppavesi.blogspot.com/ postou um texto muito mal escrito sobre os céticos, generalizando de forma grosseira a (má, segundo ele) postura dos céticos em geral, mostrando que não entende o que deveria ser um cético e como é a maioria.
    Sou solidário à sua causa, espero por punições aos que merecem, porém discordo quase que inteiramente do texto no blog.

  36. Ainda não entendi a posição do Alam. Está rodeando, rodeando e repete os mesmo argumentos, ataca o nosso posicionamente cético ao mesmo tempo que se desculpa e nos elogia.

  37. Sou solidário à sua causa, espero por punições aos que merecem, porém discordo quase que inteiramente do texto no blog.

    Adriano,

    Ele escreveu mais com a emoção do que com a razão. Vamos aguardar outros textos. Se postar…

  38. Realmente o texto do Sr. Paulo Pavesi foi muito duro e equivocado em relação aos céticos e o ceticismo. É claro que, como lembrou o Nihil devemos levar em consideração o fato dele estar escrevendo mais com a emoção do que com a razão devido ao que aconteceu com ele e família. Eu mesmo não posso garantir que se estivesse na mesma situação teria um posicionamento diferente.
    Agora, o que mais me chamou atenção de tudo isso é o fato de que muita gente aqui adora criticar posições contrárias, às vezes com violência desmedida, mas só contra que não pode se defender, sejam grupos ou indivíduos.. É claro, não podemos generalizar, tem comentadores aqui que não se furtam de um bom debate. Mas, uma parcela considerável, faz exatamente aquilo que o Alam mencionou: bate palma, faz coro ao posicionamento “oficial” do site, às vezes soltam uma agressão aqui , um deboche ali, e quando aparece alguém para rebater, simplesmente “metem a viola no saco” e deixam a tarefa de contra-argumentar para os heróis de sempre. Aí é fácil se dizer cético…
    Nesse caso em particular, foram poucos aqueles (e sempre os mesmos) que tiveram coragem de defender o ceticismo e questionar a opinião do S. Paulo Pavesi, devido a sua triste experiência pessoal. Se a mesma opinião tivesse sido postada por um daqueles comentadores que usualmente questionam e se posicionam de maneira crítica contra algumas colocações dos articulistas e usuários do site, já teríamos pelo menos uns 100 posts chamando o cara de maluco, burro, ingênuo, iludido, cego, ignorante, espantalho, “new wave”, fanático, etc. Novamente… assim é fácil se dizer cético.
    Parabéns ao Mori pela autocrítica e pela sinceridade. Força e solidariedade ao Sr. Paulo Pavesi na sua luta. E um abraço a todos.

  39. Na verdade, ainda não entendi exatamente a quem o Alam está criticando. O único que foi um tanto grosseiro foi o marcus pessoa (5º post) em sua réplica ao Sr. Pavesi, uma vez que este pareceu, por não citar fontes, um dos trolls que assombram o site.
    Leiam com atenção os primeiros posts.

  40. Você é BURRO pra cacete!

    Desde quando você acha que existe tornados no sul dos EUA? Nunca estudou climatologia? Saiba que a formação de um tornado dá para explicar com experiências feitas em casa. Tem fogão, gelo seco, vela e um recepiente de vidro ou acrílico em casa? Pois é. Assista o Mundo de Beakman que o Zaloon te explica.

    Ou será que ele também é dos Illuminati?

  41. MISTER EMO,

    Cara, seja sincero, você realmente acredita nisso tudo que tu fala? Até então eu “zoava” contigo pois acreditava que tu estava apenas tentando nos irritar ou nos testar, eu não consigo acreditar que alguém tenha idéias tão deturpadas e tétricas como as suas. Você tem amigos que compartilhem da sua visão? Tem algum site para me indicar? Vídeos do YT não vale… Quero apenas entender de onde vem tanta imaginação assim.

  42. Nihil,

    Churrasco tem, só falta matar a vaca. kkkkkkk

    ————–

    Magno,

    Brow, pense bem…. O mundo está deteriorando, daqui algumas décadas não haverá espaço para todo mundo, os recursos básicos serão racionados, e começará o fim da história humana. Então, porque esses tais Iluminatis estariam tão interessados em assumir o controle da terra agora? Não seria mais fácil jogar uma meia duzia de bombas de neutrons na China, Africa e na AL? Se são tão poderosos assim, porque não o fazem? Estão esperando o que? Nossa tecnologia já suplanta escravos, eles não precisam mais de nós, o projeto GENOMA já está praticamento pronto, qual o sentido de tudo isso?

  43. LEx, porque não é mais necessário. Assim que bombardear Marte com metano e preparar a colonização para lá e acender Júpiter com bombas de tráquions ficará tudo beleza de novo.

    Se liga, meu filho!

  44. “Lex, voce pediu e eu lhe mostrei, não quer dizer que eu acredito nisso.”

    Eu sei, só estou “emendando” a conversa…

    ——–

    Nihil,
    Vegans estão cheios de bolor Cortex, não estou nem aí para eles… Estou mais preocupado com a Elite Iluminati, vai que eles resolvem seguestrar todas as vacas? Hein?

  45. Recentemente Obama pediu desculpas à guatemala pelas experiencias feitas com seus cidadãos, recentemente em israel foi passado o filme documentario sobre as experiencias feitas no inicio do estado com crianças sefaradis, eduardo galeano escreveu em 1969 as veias abertas da america latina onde denuncia a esterilização de indigenas naquela época, realmente tem uma turma mal informada com a paranoia de que os outros são paranoicos. O mundo é um lugar tão legal e o ser humano tão bom que nada disso é possivel? Podem também dizer ceticamente que auswitz é ficção, como “provam” os neonazistas.

  46. gostei muito do que o site proporcionou para o meu aprendizado sobre este assunto, eu que estou preste a fazer um trabalho sobre este tema, garanto que vou me sair muito bem nas perguntas que vão ser lançadas. muito obrigado!

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