Nêmesis, a estrela acompanhante do Sol

por Paul Schlyter, original em Nine Planets
Suponha que nosso Sol não esteja só, mas tenha uma estrela acompanhante. Suponha que esta estrela acompanhante que se mova em uma órbita elíptica, com sua distância solar variando entre 90,000 UA (1,4 anos-luz) e 20,000 UA, com um período de 30 milhões de anos. Também suponha que esta estrela seja opaca ou pelo menos muito lânguida, e por causa disso nós ainda não a tenhamos percebido.

Isto significaria que uma vez a cada 30 milhões de anos esta hipotética estrela acompanhante do Sol atravessaria a nuvem de Oort (uma nuvem hipotética de proto-cometas a uma grande distância do Sol). Durante tal passagem, os proto-cometas na nuvem de Oort seriam perturbados. Algumas dezenas de milhares de anos depois, aqui na Terra nós notaríamos um aumento dramático no número de cometas passando pelo sistema solar interno. Se o número de cometas aumenta dramaticamente, assim também o faz o risco da Terra colidir com o núcleo de um desses cometas.

Ao examinarmos o registro geológico da Terra, parece que uma vez a aproximadamente cada 30 milhões de anos uma extinção em massa da vida aconteceu. A mais famosa dessas extinções em massa é obviamente a extinção dos dinossauros há uns 65 milhões de anos atrás. Aproximadamente 15 milhões de anos a partir de agora será época da próxima extinção em massa, de acordo com esta hipótese.

Esta hipotética “companheira da morte” do Sol foi sugerida em 1985 por Daniel P. Whitmire e John J. Matese, da Universidade da Louisiana do Sul. Ela até mesmo recebeu um nome: Nêmesis. Um fato inconveniente da hipótese de Nêmesis é que não há nenhuma evidência de uma estrela acompanhando o Sol. Ela não precisa ser muito luminosa ou massiva, uma estrela muito menor e mais escura que o Sol bastaria, até mesmo uma anã marrom ou negra (um corpo parecido com um planeta mas sem massa suficiente para começar a “queimar hidrogênio” como uma estrela). É possível que esta estrela já exista em um dos catálogos de estrelas fracas sem que qualquer pessoa tenha notado algo peculiar, isto é, o enorme movimento aparente dessa estrela contra o fundo de estrelas mais distantes (i.e. sua paralaxe). Se ela for encontrada, poucos duvidarão que seja a causa primária de extinções em massa periódicas na Terra.

Mas esta também é uma noção de poder mítico. Se um antropólogo de uma geração anterior tivesse ouvido tal história de seus informantes, o tomo acadêmico resultante usaria indubitavelmente palavras como ‘primitiva’ ou ‘pré-científica’. Considere esta história:

Há outro Sol no céu, um Sol Demoníaco que nós não podemos ver. Há muito tempo, até mesmo antes do tempo da bisavó, o Sol Demoníaco atacou nosso Sol. Cometas caíram, e um inverno terrível varreu a Terra. Quase toda vida foi destruída. O Sol Demoníaco atacou muitas vezes antes. Ele atacará novamente.

É por isso que alguns cientistas pensaram que a teoria de Nêmesis era uma piada quando ouviram falar dela primeiro — um Sol invisível que ataca a Terra com cometas parece uma ilusão ou mito. Merece uma porção adicional de ceticismo por causa disso: nós sempre corremos o perigo de enganarmos a nós mesmos. Mas mesmo que a teoria seja especulativa, ela é séria e respeitável porque sua idéia principal é testável: você acha a estrela e examina suas propriedades.

Entretanto, desde o exame de todo o céu em infravermelho distante pelo IRAS sem nenhuma “Nêmesis” encontrada, sua existência não é muito provável.

6 comentários sobre “Nêmesis, a estrela acompanhante do Sol

  1. Caro senhor,

    Não sou astrônomo ou físico, mas creio que esta hipótese não é de todo absurda, visto que, ainda que tenhamos recursos tecnológicos avançados (radiotelescópios, telescópios óticos, etc.), não é difícil que um corpo celeste passe despercebido pelos astrônomos. Sedna, por exemplo, foi descoberto há poucos anos, e ainda há, com certeza, muito o que descobrir em nosso vasto universo, seja na vizinhança de nosso Sistema Solar ou longe dele.

    Parabéns pela página, é sempre bom ver a ciência ser divulgada.

    Sandro Malta Moran

  2. na  minha opinião embora tudo e todos digam que a existência de Nibiru  ou planeta x é mentira eu continuo credo que ele exista , não é pq  não encontraram  ela não significa que  não exista !
    adorei a matéria *_*
    bjssss

  3. Pois é, recentemente buscando informações correlatas sobre astronomia deparei-me com um blog falando desse planeta, não sou cético, mas não me prendo em uma única fonte de informação e fui atrás de mais, e no wikipedia tem um artigo sobre esse suposto sol, e que o mesmo linka para o site do G1, em uma publicação de 2010, muito completo e falando também sobre o lançamento do Satélite Wise, lançado naquele ano, para fazer varredura em infravermelho do espaço a uma distância de 25 anos luz. Ora, nota-se um interesse notável por parte da NASA, e em uma distância astronômica tão curta, de fato eles estão levando mais em consideração sobre essa anã-marrom do que os desinformados de plantão !!!

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