O OVNI da Ilha de Trindade: Um estudo detalhado das Fotografias 1 e 2

Martin J Powell, publicado na revista "Unopened Files", N.11 (Verão 1999)
agora conhecida como Revista "Eye Spy!"

Pouco depois do meio-dia do dia 16 de janeiro de 1958, uma série de fotografias foi tomada de um navio ancorado próximo da Ilha de Trindade, a aproximadamente 650 milhas da costa do Brasil. O fotógrafo, um brasileiro chamado Almiro Barauna, alegou ter visto um objeto cinza-escuro se aproximar da ilha, voar atrás do pico de uma montanha e então virar e voltar por onde veio, desaparecendo em alta velocidade no horizonte. O objeto brilhava e estava rodeado por uma névoa verde, e exibiu um movimento ondulante, mudando a uma posição inclinada enquanto passava sobre a ilha. A bordo do navio com Barauna estavam outros 300 membros da tripulação, e alega-se que em torno de 50 deles teriam visto o objeto. O caso está bem documentado e há vários bons livros de referência ao leitor para um relato completo dos eventos. 
As imagens da Ilha de Trindade foram selecionadas recentemente como um dos 19 casos OVNI em um relatório enviado a vários oficiais do governo de alta posição. O relatório procura chamar a atenção deles à melhor evidência disponível para a existência de naves extraterrestres.1 De fato, o consenso geral dos investigadores hoje é que as fotografias podem mostrar uma genuína nave alienígena. 
Entretanto nem todos os investigadores do caso acreditaram que as fotografias fossem tão convincentes. Em 1959 o astrônomo de Harvard Donald Menzel pensou que o objeto nas fotografias era simplesmente uma aeronave vista através de névoa, embora ele posteriormente tenha revisado sua opinião, afirmando que elas eram provavelmente imagens de um modelo de disco voador que Barauna havia sobreposto em fotografias comuns da ilha.2 O relatório do Adido naval dos EUA sobre o caso, submetido ao Projeto Blue Book (a investigação da Força Aérea americana sobre o fenômeno OVNI) também concluiu que as fotografias foram forjadas, e o painel Blue Book subseqüentemente apoiou esta conclusão.3 Um fator determinante em muitas destas condenações era a credibilidade do próprio Barauna. Ele tinha sido conhecido por produzir falsas fotografias (não exclusivamente de OVNIs) e alguns anos antes havia mesmo escrito um artigo mostrando como uma famosa fotografia de OVNI tirada alguns anos mais cedo poderia ter sido forjada.4 
Neste artigo eu examinarei em mais detalhe as alegações feitas por Menzel e o Oficial do Adido naval americano, isto é:
(a) avaliar a probabilidade de que o objeto que Barauna fotografou fosse uma aeronave, e tentar identificar a aeronave em questão, e
(b) avaliar alegação do oficial de que as fotografias de Barauna mostravam uma imagem invertida do objeto mostrado em duas das outras fotografias (deduzindo que as imagens sofreram dupla-exposição e conseqüentemente eram forjadas). 
Descrições das Fotos

As fotografias foram examinadas por numerosas organizações ao longo dos anos, e quase todas elas concluíram que as fotografias não foram forjadas. Estas incluem o Laboratório de Reconhecimento Fotográfico Brasileiro, o Serviço Aerofotogramétrico Cruzeiro do Sul (uma organização civil brasileira), e as organizações americanas GSW, NICAP e APRO.5 O GSW acreditava que as fotografias não mostravam nenhuma aeronave conhecida ou balão experimental. Eles estimaram que o objeto teria mais de 50 pés de diâmetro, e concluíram que estava a uma vasta distância do fotógrafo. 
Barauna tirou seis fotos no total, mas o suposto disco não apareceu em duas delas, aparentemente por causa dos empurrões e excitação geral dos marinheiros testemunhando o evento. Para examinar metodicamente as fotografias seria sábio clarificar a ordem na qual Barauna as tomou. Para os fins deste estudo eu as chamarei de Fotografias 1 a 4 (abreviadas F1, F2, etc.). A primeira fotografia (F1) mostra o objeto se aproximando da ilha, a uma curta distância sobre o mar. F2 mostra o objeto sobre a ilha, e é esta imagem que o Oficial afirmou estar invertida quando comparada a F1 e F3. O objeto então desapareceu durante alguns segundos atrás de uma montanha chamada Pico Desejado. F3 mostra o objeto depois de seu reaparecimento em seu ponto (aparente) mais alto no céu (estranhamente, Barauna alegou que o objeto reapareceu a uma elevação mais baixa que antes, mas as fotos não confirmam isto). F3 é certamente a imagem mais intrigante das quatro. Mostra um objeto elíptico com um anel escuro cercando-o (alguns escritores o compararam ao planeta Saturno). F4 mostra o objeto saindo para o mar, perto do horizonte. Barauna tomou esta imagem final, em suas próprias palavras, quando ele pareceu parar em pleno ar por um breve período. 
Teoria de Aeronave – Considerações Iniciais
Apesar da afirmação do GSW e outros escritores de que o objeto nas imagens não apresenta nenhuma relação com qualquer aeronave conhecida na época, e sua rejeição da hipótese de Menzel, eu acredito que há bases razoáveis para comparar uma das imagens a uma aeronave. Enquanto pesquisava o caso encontrei uma imagem melhorada em computador (pelo GSW) da F1 a qual eu achei que mantinha alguma semelhança com uma aeronave bimotor leve.6 Com um pouco de concentração, uma pessoa pode ver um avião leve aproximando-se da ilha, visto ligeiramente inclinado à direita. O aspecto do avião, como descrito, é consistente com a direção na qual o objeto foi visto se originando. Exame adicional da imagem melhorada do GSW (e, de fato, da F1 original) revela outros detalhes que poderiam ser interpretados como partes individuais de uma aeronave. A fuselagem principal pode ser vista, iluminada de cima, de forma que o lado inferior da aeronave está em sombra. Dois distúrbios na linha das asas podem ser vistos a uma pequena distância de cada lateral da fuselagem, i.e. no local aproximado dos motores da aeronave. O que foi assumido como a cúpula do disco voador (a seção escura ao topo) pode ser visto agora como o pára-brisa da cabina do piloto. Finalmente, uma protrusão peculiar abaixo da aeronave – sobre a qual eu nunca vi qualquer referência prévia – pode ser interpretada como um trem de pouso extensível (ou retrátil) no nariz. 
Seleção da Aeronave
Para testar este conceito, eu precisei determinar se qualquer aeronave em serviço poderia combinar as características mostradas na F1 de Barauna. Eu recorri a uma longa lista publicada de aeronaves em serviço durante 1957-58,7 e selecionei algumas delas usando os critérios seguintes:
(a) Aeronave em serviço em janeiro de 1958,
(b) Aeronave leve (para este propósito, tendo um peso vazio de menos de aproximadamente 2000 kgs),
(c) Monoplano,
(d) Bimotora, e
(e) Trem de pouso retrátil em triciclo (i.e., não do tipo fixo ou apoiado na cauda). 
A procura resultou em cinco aeronaves, e elas estão listadas na Tabela 1, junto com seu tamanho e dados de desempenho. Os alcances das aeronaves são incluídos para prover uma indi
cação de se a aeronave poderia chegar à ilha do ponto em terra mais próximo (a viagem de regresso à Ilha de Trindade do continente tem ao redor de 1300 milhas – não há nenhuma pista de aterrissagem na ilha). O arquiteto e escritor científico Steuart Campbell aponta que o objeto na fotografia apareceu/desapareceu a um azimute de ao redor 259°, i.e. um pouco a sudoeste.8 Campbell usa este azimute para apoiar sua alegação de que o objeto era uma miragem do planeta Júpiter, porém também vale mencionar que esta é muito proximamente a direção de Rio de Janeiro (a cidade mais próxima da ilha). A Tabela 1 mostra pelo menos algumas das aeronaves selecionadas que poderiam ter feito a viagem de regresso a Trindade. Isto fortalece a possibilidade de que o objeto de Trindade era uma aeronave, porém por razões que explicarei depois, a pergunta de se uma aeronave poderia alcançar a ilha poderia muito bem provar ser irrelevante ao caso.
Análise
Tendo preparado uma lista de aeronaves candidatas, eu tentei então identificar a aeronave vista na F1 de Baraúna. Primeiramente eu precisaria identificar as características em F1 que poderiam ser combinadas com essas aeronaves reais, e nomeá-las para referência. Os pontos A a F representam partes da aeronave medidas no plano horizontal (Figura 1). Eles incluem o começo e o fim dos motores e o nariz da aeronave. Pontos adicionais H, W e N são medidos no plano vertical (Figura 2), e são todos medidos relativos à sua altura da fuselagem (F). H é a altura do motor sobre a base da fuselagem, N a altura do nariz, e W a altura do pára-brisa. Os pontos horizontais A e D não são pontos fixos e são criticamente dependentes do ângulo no qual a aeronave é vista, assim era então importante estabelecer este ângulo com precisão razoável. Claramente o ângulo era raso, sendo ligeiramente ao lado esquerdo da aeronave. Eu estimei o ângulo, usando um modelo de aeronave, como entre 11° e 13°. Eu então tirei fotocópias de planos das aeronaves candidatas de um diretório inclusivo, aumentando-os suficientemente para me permitir localizar os pontos A a F com um nível alto de precisão.9 Eu sobrepus uma grade nos planos de forma que poderia obter as coordenadas x e y para cada um dos pontos. Eu então escaneei a imagem de F1 a uma resolução alta e a nivelei de forma que poderia localizar os pontos de pixel em relação ao seu eixo geométrico correto.10 
Precisei determinar uma distância aproximada ao objeto para minimizar os efeitos de distorção. A pesquisa de Campbell havia me proporcionado uma escala altitude/azimuth necessária para avaliar, com precisão razoável, a largura angular do objeto na fotografia que no caso de F1 mostrou ser 1°.54 ± 0.26. Sabendo as dimensões da aeronave, trigonometria simples poderia então determinar uma distância do objeto. Cada aeronave foi levada em conta, usando suas dimensões apropriadas, de forma que cada uma teve sua própria distância computada em relação à largura angular do objeto de F1. Por exemplo, o Twin Bonanza foi estimado a 418 metros de distância do fotógrafo, e o Piper Apache a 375 metros. 
Eu então escrevi um programa de computador que compararia as posições dos pontos no plano com aqueles do objeto na fotografia. Usando um ponto fixo na aeronave como uma referência, o programa de computador giraria o plano da aeronave em incrementos pequenos e mediria a posição relativa dos pontos até que eles combinassem (ou chegassem o mais próximo possível) com suas posições relativas na fotografia. O ponto de referência mais óbvio a ser usado era aquele mais à esquerda na imagem, i.e. o ponto A. Ele recebeu portanto um valor de pixel de zero, e o ponto mais à direita (F) um valor de 208. São mostrados os valores de pixel medidos de F1 na fileira de topo da Tabela 2. Por causa da resolução pobre da imagem na fotografia, cada ponto tem uma gama de valores possíveis. A aeronave que melhor combinou a da fotografia teria seus pontos A para F dentro da gama de valores na fileira de topo. A Tabela 2 dá a melhor combinação calculada de pontos para cada aeronave, e também o ângulo de visão no qual isto foi alcançado. A tabela mostra que os ângulos de visão da maioria das aeronaves fica próximo dos ângulos que eu havia previamente estimado. Eu dei o número de pontos que a aeronave combinava (por definição, todas combinavam os pontos de início e fim A e F). A coluna final, o erro de pixel total, soma os pontos que não foram combinados e soma as quantidades pelas quais os pixels caíram fora do valor designado. Por exemplo, o Piper Apache satisfez todos os pontos exceto D, que caiu fora da gama designada (64 a 81) por (85-81) = 4 pixels, conseqüentemente este número aparece na coluna final. A tabela indica que as aeronaves que combinam melhor os pontos horizontais do objeto de Trindade são o Beechcraft Twin Bonanza, o Piper Apache e o Cessna 310. 
Os resultados das medidas de ponto verticais são mostrados na Tabela 3. Novamente, a fileira do topo dá os valores para o objeto de Trindade, com suas gamas de erro associadas. A tabela também dá duas outras medidas; o ângulo diedral e a altura da roda do nariz. O diedral é o ângulo, medido relativo à horizontal, da inclinação superior das asas. O objeto de Trindade tem asas que claramente se inclinam em uma direção superior. Seu ângulo diedral se compara favoravelmente com o de uma aeronave leve típica, os resultados podem ser vistos na primeira coluna. A altura da roda do nariz é só um valor aproximado (medido das fotografias e não planos) o qual eu incluí para maior completude. A aeronave que combina melhor as medidas verticais do objeto de F1 é o Twin Bonanza. Esta aeronave combina nove das onze características medidas do objeto de Trindade – mais que qualquer outra aeronave no estudo. Esta aeronave deve ser então uma candidata favorita para o objeto na F1 de Barauna. 
A Figura 3 mostra uma imagem sem tratamento do objeto da F1 contra meu desenho de reconstrução de um Twin Bonanza, visto ao ângulo (estimado) de 13°.6 à esquerda. Para enfatizar as semelhanças eu conectei ambas as imagens por linhas verticais mostrando o local de cada um dos pontos horizontais (meu desenho de reconstrução é puramente baseado nos planos do Bonanza, e não mostra a aeronave precisamente em seu aspecto correto. Para combinar a imagem de F1 mais precisamente, a aeronave deveria estar com o nariz um pouco mais virado para cima). O leitor pode tentar desfocalizar a visão e tomar uma distância ao olhar para a imagem de F1. A imagem de uma aeronave em F1 pode parecer mais vívida usando esta técnica.

Porém, se nós formos assumir que o objeto de F1 é um Twin Bonanza, está claro pela Figura 3 que a envergadura do objeto na fotografia é muito menor que deveria ser. Na realidade, por volta de metade da asa de estibordo e um terço da asa de bordo parece estar faltando na imagem d
a F1. Há duas possíveis explicações para isto: sobre-exposição ou dupla-exposição. Qualquer que fosse o caso, a seção exterior escura e estreita das asas teriam sido apagadas pelo fundo do céu luminoso. De fato, Barauna declarou que tinha usado uma velocidade de obturador de 1/125 segundos a uma abertura de f/8. Isto, como ele mesmo admitiu, resultou em uma pequena sobre-exposição da foto. 
Se o objeto de F1 é examinado de perto, uma pessoa pode ver que o objeto é assimétrico em relação ao domo central – uma geometria estranha para uma nave supostamente em forma de disco. A asa de bordo diminui gradualmente, insinuando que o objeto real se estende muito além do que a foto indica. 
Comparação das Fotografias 1 e 2
Em seguida examinei a alegação do Oficial de que o objeto da F2 estava invertido quando comparado com o em F1 e F3. O objeto em F3 mostra pouca relação óbvia a F1, mas F2 certamente se assemelha em geral a F1 em tamanho e forma (F2 mede aproximadamente 1°.3 comparado a 1°.5 de F1). 
Se qualquer duplicação das imagens foi realmente feita, é razoável assumir que F2 foi copiada de F1. Quando comparada a F1, F2 está notavelmente degradada. A roda do nariz ficou obscurecida pelo ruído ao redor do corpo do objeto, e há menos definição das características dentro dele. Isto é consistente com uma imagem ter sido copiada, tal como uma imagem é crescentemente degradada quando copiada várias vezes em uma fotocopiadora. 
Eu inverti a imagem de F1 e a ajustei usando software de computador, em uma tentativa de combinar sua aparência geral com a de F2. O resultado é mostrado na Figura 5, na qual ambas as imagens tiveram seu tamanho combinado de forma que suas características emparelhem o melhor possível. Aumentando as propriedades de contraste e gama da imagem, F1 começou a mostrar muito mais ruído ao seu redor, e depois de um tempo as semelhanças entre as duas imagens ficaram bastante claras. A maioria das características é bastante individual em forma e não seria esperado que ocorressem em outra imagem, na mesma posição relativa, por casualidade. E, contudo, elas são vistas ocorrendo em ambas as fotografias. Como a extremidade de uma imagem é seguida e comparada com a outra, notáveis semelhanças são encontradas. Por exemplo, o domo do disco (ou o pára-brisa da aeronave) e a área clara abaixo e à esquerda dele são bem parecidos em ambas as imagens. A área ao redor da roda do nariz (que é envolvida pelo ruído) e a metade esquerda da imagem também são semelhantes em ambos os quadros. O leitor deveria tentar ver estas imagens a um ângulo oblíquo; as semelhanças podem parecer mais óbvias deste modo. Como resultado desta experiência, eu diria que há um caso forte para F2 ter sido uma cópia invertida de F1, como o Oficial havia afirmado. 
Discussão

Segue-se da avaliação anterior que as fotografias da Ilha de Trindade poderiam envolver tanto uma aeronave quanto um processo de dupla-exposição. A pergunta permanece sobre se uma aeronave realmente estava na ilha para produzir a primeira imagem. Eu mostrei que era possível a uma aeronave bimotora leve chegar à ilha e voltar ao continente, embora qual seria o propósito provável de tal vôo – e quem o faria – não esteja muito claro. Navegação por 650 milhas de mar seria difícil para dizer o menos, e a maior parte fora do alcance de sinais de rádio para navegação. Certamente, não há (e presumivelmente nunca houve) qualquer rádio de orientação para navegação na Ilha de Trindade. Com um tempo de viagem de ida-e-volta de mais de seis horas teria sido uma tarefa exigente para qualquer piloto de aeronave leve. Permitindo estes fatores, eu concluo que não havia nenhuma aeronave na Ilha de Trindade. O que seria mais provável, o aeroplano foi fotografado em outro lugar e então sobreposto no fundo da ilha. Isto ajudaria a explicar por que, como o Oficial tinha notado, a ilha aparece focalizada nitidamente nas fotografias, mas o próprio objeto está borrado. 
Talvez todas as imagens tenham derivado do mesmo original – e ele teria sido uma fotografia de um Twin Bonanza ao que parece. Barauna poderia ter experimentado com uma foto desta aeronave, talvez tendo notado – bastante sem querer – como parecia como um disco voador do ângulo particular em que tinha sido fotografada. Ele poderia então ter re-fotografado imagens sucessivas da aeronave, em configurações de exposição e obturador diferentes, e talvez desfocado a máquina fotográfica, em uma tentativa de ver como sua forma de disco poderia ser refinada. 
Uma vez que F2 foi provavelmente copiada de F1, não há nenhuma razão para que F3 e F4 não pudessem ter sido derivadas de F1 ou F2. Pistas sobre o processo de manipulação de imagem podem ser evidentes nas fotografias. Se elas são examinadas, os objetos parecem ficar mais tênues e menos definidos à medida que progridem. A região escura que forma o domo do disco na fotografia original se transforma e migra erraticamente pelo objeto em cada imagem sucessiva. Está no topo da imagem em F1, mas embaixo nas outras três imagens. As asas também ficam mais curtas e grossas. Seja de que forma Barauna alcançou isto, o produto final estava muito longe do original, e parecia muito mais como uma nave alienígena. 
Alguns poderiam argumentar que esta mutação aparente simplesmente reforça a possibilidade de que o objeto era mesmo uma nave alienígena. Porém, eu diria que a colocação irregular do ponto preto, a inversão súbita do objeto em F2 e sua forma mutante pelas imagens demonstra uma falta de consistência no comportamento e aparência do objeto. Nenhuma das supostas testemunhas fez qualquer referência a uma mudança em forma ou uma inversão súbita enquanto o estavam assistindo.11 
Outros aspectos do caso têm no passado colocado em questão a integridade das fotos. Ronald Story aponta ao fracasso da Marinha brasileira em obter declarações das testemunhas imediatamente depois do evento.12 Conseqüentemente o número real de testemunhas não é conhecido e se tornou o produto de especulação em lugar de fato estabelecido. Peter Brookesmith explica como Barauna tinha retido os negativos durante dois dias antes da Marinha os obter dele para análise, sendo que ele já os tinha cortado do resto do filme.13 Parece que ele teve bastante oportunidade para modificar os negativos. Acima de tudo, dada a habilidade comprovada de Barauna para produzir fotografias forjadas, é uma coincidência notável que ele deveria posteriormente testemunhar e fotografar um OVNI ele mesmo. Talvez Barauna estivesse tentando criar sua própria versão das fotografias da Barra da Tijuca (1952), também no Brasil, com as qual as fotos de Trindade se assemelham tanto na aparência do OVNI como na paisagem. Neste estudo eu chamei atenção para aspectos chave das Fotografias 1 e 2 que, eu acredito, dão boa razão para duvidar da autenticidade das imagens da Ilha de Trindade – consideradas durante mais de 40 anos um dos casos irrefutáveis do arquivo de fotos de OVNIs. 
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Referências
1. UFO Magazine, July/August 1996, pgs. 34-38. 
2. UFO: The Government Files by Peter Brookesmith, Brown Packaging Books Ltd., London, 1996, pgs. 131-135. 
3. The report is reproduced in full in The Hynek UFO Report by Dr J. Allen Hynek, Sphere Books Ltd., London, 1978, pgs. 246-251. 
4. The article was entitled ‘A Flying Saucer Hunted Me At Home’ and was published in a
popular Brazilian magazine in 1953. It referred to a series of photographs taken by magazine writers Ed Keffel and Joao Martins at Barra da Tijuca in Brazil in May 1952. The Preparing Officer also referred to the article in his report. 
5. The GSW analysis was performed by William Spaulding in 1978 and the APRO analysis by John Hopf in 1960. NICAP’s results were published in The UFO Evidence, ed. by Richard Hall, NICAP, 1964, pgs. 90-91. 
6. UFOs and the Limits of Science by Ronald Story, New English Library, London, 1981, Plate 6. 
7. Jane’s All the World’s Aircraft edition 1957-58, ed. by Leonard Bridgman, Jane’s Publishing Co. Ltd., London, 1958. 
8. The UFO Mystery Solved by Steuart Campbell, Explicit Books, Edinburgh, 1994, pgs. 109-117. Campbell claimed that what Barauna had photographed was a daylight mirage of Jupiter, which was thrown about the sky by a weather phenomenon called a thermocline. Campbell’s excellent research into the case unearthed many interesting details, much of which I have drawn upon for this study. 
9. The Observer’s Basic Civil Aircraft Directory by William Green and Gordon Swanborough, Frederick Warne and Co. Ltd., London, 1974. 
10. The best quality image for the scan of Photos 1 and 2 was found in Story (ref. 6), Plate 7. 
11. Story (ref. 6), pg. 110. 
12. Story (ref. 6), pg. 111. 
13. Brookesmith (ref. 2), pg. 134. 

3 comentários sobre “O OVNI da Ilha de Trindade: Um estudo detalhado das Fotografias 1 e 2

  1. o próprio Barauna confessou que estas fottos foram forjadas, na verdade são colheres que foram atiradas para o alto e posteriormente foram fotografadas pelo mesmo.

    1. Discordo o Barauna não confessou nada, quem falou isso foi sua filha num programa da globo sabe-se lá porque? Falar que era um avião para um leigo é uma coisa, mas quem estava naquele navio eram profissionais militares competentes que sabem muito bem a diferença entre um avião, um balão ou um planeta.

    2. Informe-se melhor, isso não saiu da boca dele, quem falou sobre colheres foi sua filha, e pasme somente a “GLOBO” noticiou isso. Sabe-se que a Globo “dança conforme a música” e sempre fez “jogo” de “direita” posicionando-se discreta e sutilmente favorável às FFAA, pois precisava sobreviver a Ditadura, e como ficou uma dívida antiga até hoje a Globo age da mesma forma. Assim ela atinge uma grande massa da população divulgando aquilo que lhe convém, ou convém ao governo, como sempre foi.

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