O Incrível OVNI

Kentaro Mori - 15 de Novembro de 2003


Este é um rápido sumário de novos trabalhos sendo realizados no caso da Ilha da Trindade. Trabalhos prévios relevantes ao que é apresentado aqui são:
Martin Powell: O OVNI da Ilha de Trindade: Um estudo detalhado das Fotografias 1 e 2
Luis R. Noguez
: El OVNI de la Isla Trinidad
Kentaro Mori: Trindade: Dúvida, Boatos e Fraude and Trindade- Doubt, Rumour and Hoax
Espero poder apresentar em breve a informação indicada aqui de forma mais concisa, e com mais evidências.


A fonte para todas as imagens abaixo são arquivos digitais gentilmente cedidos por Vicente-Juan Ballester Olmos. São scans de fotos produzidas diretamente dos negativos originais.

Todo o processamento foi realizado usando o Corel Photo-Paint 11. Animações feitas com Macromedia Flash MX.


Tese
Todas as quatro imagens do OVNI da Ilha da Trindade são versões de apenas uma imagem original. Em todas fotos, a imagem é apenas: girada, espelhada, e possivelmente redimensionada e encolhida.


Correção inicial
Embora todos os arquivos pareçam ser scans tomados com a mesma resolução, e todas as fotos originais pareçam ter o mesmo tamanho, a escala das imagens parece diferente se assumirmos que as quatro fotos foram tomadas sem nenhum ajuste da câmera entre elas. Para perceber isto, é conveniente que seja possível criar um panorama a partir das quatro fotos, uma vez que há partes sobrepostas, redundantes, da Ilha fotografada. O resultado é este, mas apenas se redimensionarmos algumas das fotos (o panorama não é muito preciso):


(Clique para ampliar)

Para aqueles interessados, há também este panorama (o mesmo que acima, mas maior e sem trnsparência).

A partir das partes sobrepostas, podemos anotar o redimensionamento necessário para haver a combinação, e presumir que ele pode ser aplicado a toda a foto para ajustar todas aproximadamente à mesma escala, presumidamente em relação aos negativos originais. Todas as fotos foram redimensionadas em relação à primeira. O resultado foi:

 

Assim, precisamos apenas redimensionar P2 a  80% e P3 a 95%, e todas as imagens estarão na mesma escala aproximada. É com essas imagens redimensionadas/corrigidas queiremos lidar abaixo. Logo, quando "sem redimensionamento" é assinalado abaixo, de fato houve essa correção de escala inicial de P2 e P3.

Por que essas fotos parecem ter escalas diferentes em relação com os negativos presumidamente tomados com os mesmos ajustes na câmera, é incerto. E, sobre isso, deve ser notado que também seria apropriado procurar uniformizar o contraste e brilho das quatro imagens antes de começar, já que ele parece variar entre elas. Poderíamos novamente tentar tomar a Ilha como referência, mas neste trabalho isto não foi feito.


Comparação entre P1 e P2. Aumento de contraste:

P1

P2 - girado 180 graus, mesmo aumento de contraste que acima

P2 - girado 180 graus, aumento de contraste diferente


Animação comparando P1 e P2 acima (valores de contraste diferentes), sem redimensionamento.


Comparação entre a imagem do OVNI nas Fotos 1 (P1) e 2 (P2), girada 180 graus. Ambas imagens processadas com o filtro threshold, mesmos valores.

P1

P2


Animação comparando as imagens acima, sem redimensionamento, P2 girada em torno de 180 graus.


Comparação ente o OVNI em P1 e P2. As imagens foram processadas usando o filro "local equalization". Mesmos valores para ambas imagens. Sem redimensionamento.

P1

P2 (girado 180 degrees)


Animação comparando as duas imagens acima. Novamente, sem redimensionamento, e os mesmos valores aplicados com o mesmo filtro.


Comparação ente P1, P2 e P3. Processados com o filrto threshold, valores diferentes para cada. P3 desta fonte tinha resolução baixa, assim usei P1 e P2 com a mesma resolução baixa:

P1 (girado 180 degrees):

P2

P3


Animação comparando P1 e P3 acima:
P1P3 (Sem redimensionamento, ambos girados)

Animação comparando P2 e P3 acima:
P2P3 (Sem redimensionamento, P3 girado)


Comparação entre P1, espelhado horizontalmente, e P4. Ambos com diferentes valores de aumnto de contraste.

P1 espelhado horizontalmente

P4 REDIMENSIONADA


Animação das imagens acima. NENHUMA ROTAÇÃO OU REDIMENSIONAMENTO FOI  REALIZADA!

P1 espelhado verticalmente sobre P4

CORREÇÃO: 22 NOV - P4 FOI REDIMENSIONADA NESTA COMPARAÇÃO


O pesquisador espanhol Manuel Borraz também fez suas próprias modificações e comparações sobre a imagem do OVNI nas quatro fotos. Ele redimensionou e girou as imagens originais, alterando seus valores de contraste e brilho. Também girou em torno de 180 graus a primeira foto em relação à segunda, e espelhou verticalmente a quarta imagem em relação à terceira. O resultado é:

a - P1, girado em torno de 180º para comparação com b (P2).
b - P2.
b' - P2 comprimido na horizontal; incluído como sugestão na comparação.
c - P3.
d - P4 espelhado verticalmente


Conclusões
Este trabalho confirma o anterior feito com scans da revista UFO. Também apóia o trabalho original de Martin J. Powell baseado em scans do livro de Ronald Story.

Lidamos aqui com arquivos digitais de imagem, fruto do escaneamento direto de fotos produzidas a partir dos negativos originais. Estas imagens permitiram a tentativa de colocá-las na mesma escala, presumindo que todas as fotos tenham sido tomadas com os mesmos ajustes de câmera, e ignorando como não significativas as distorções causadas por distâncias e movimento realizados por Baraúna ou o navio durante a realização das fotos da Ilha.

O resultado é que podemos agora declarar com mais segurança que todas as quatro imagens do OVNI são demasiadamente similares para serem imagens diferentes de um objeto físico real fotografado enquanto atravessava o céu. Não temos apenas rotação das imagem, sem mudança significativa (de P1 a P2), mas um espelhamento (horizontal, entre P1 e P4, ou vertical, entre P2 ou P3 e P4).

Este espelhamento não pode ser explicado por um "OVNI cambaleante", virando de ponta cabeça, mesmo um "sem efeito de sombra", como recentemente proposto pelo pesquisador Brad Sparks (cf UfoUpDates list) como uma explicação para a reconhecida inversão da imagem de P1 para P2. Sparks, adicionalmente, afirma ter em sua posse cópias de primeira geração de duas fontes diferentes.

Como Manuel Borraz escreve, "é implausível que a mancha inferior [também chamada de "domo" em outros trabalhos] apareça nessa posição assimétrica em todas as formas [girada e espelhada] em um suposto objeto tridimensional que passou pelo céu com um perspectiva diferente a cada momento". È mais provável que essas imagens sejam o resultado de trucagem fotográfica, onde uma imagem original foi copiada várias vezes, com rotação e espelhamento.

Houve comentários sobre como seria impossível que uma dupla exposição crie um objeto escuro sobre um fundo claro, como nas fotos de Trindade. Neste caso, citamos uma sugestão feita por Borraz:


"Há a dupla exposição da paisagem A e a imagem do OVNI B com um fundo branco. O resultado seria algo como C. Não houve subtração de luz até este ponto. Porém, se você escurecer o resultado, para compensar a sobre-exposição, ficará com algo como D".

Esta simulação foi feita digitalmente, usando um filtro multiplicador para mesclar as duas imagens, e não é oferecida com a intenção de ser uma representação acurada de quais seriam os resultados com um filme real. É apenas uma boa ilustração para auxiliar na explicação da sugestão àqueles que tenham uma dificuldade em entender a idéia.

O próprio Baraúna afirmou que suas fotos estavam sobre-expostas. Posteriormente, tratou quatro delas (para "aumentar o contraste") em seu próprio laboratório. É essencial analisar os negativos originais para confirmar ou negar a sugestão de que as fotos sejam de fato o resultado de dupla exposição. Mas a evidência de trucagem fotográfica pode vir a ser reconhecida em cópias de primeira geração. Espero ter mostrado isto neste trabalho. De agora em diante, é preciso apenas confirmar adicionalmente a tese.

Usando a mesma imagem do OVNI em todas as quatro fotos, Almiro Baraúna pode ter pregado uma das maiores peças da história da ufologia. Não é pouco.


Reconhecimento
Este trabalho não seria possível sem os arquivos digitais fornecidos por Vicente-Juan Ballester Olmos. Também contou com valiosos comentários de Luis Ruiz Noguez e contribuições de Manuel Borraz. A tese principal deriva do trabalho de Martin Powell, que decidiu analisar seriamente a alegação original de inversão do Cap Sunderland, e primeiro sugeriu que todas as imagens fossem versões de apenas uma original.

Certamente, contudo, todos os erros são exclusivamente meus.

FIM (por hora)