Pi de Pirâmides

por Frank Doernenburg, original em ‘Mysteries of the Past

Por muito tempo antes que qualquer um expressasse a suspeita de que Atlantes ou Aliens construíram as pirâmides, acreditava-se que elas eram sinais de Deus. Antigos historiadores cristãos e islâmicos acreditavam que elas eram depósitos, construídos para sobreviver ao Dilúvio. 

No século XIX algumas descobertas pareceram fortalecer a idéia de que a edificação dos monumentos foi influenciada por algum ser superior. Isto levou diretamente à assim chamada "Matemática ou Numerologia Piramidal". Muitos acreditam que as conexões misteriosas encontradas são um sinal certo de um plano maior nestes monumentos. O sinal mais famoso é indubitavelmente o misterioso Pi, embutido na própria construção do maior monumento da humanidade, a pirâmide de Queóps. 

O que é o Pi, e como ele pode ser encontrado na Pirâmide? 

O Pi em si não é uma construção misteriosa ou mesmo mágica. O Pi é simplesmente o valor ao qual você tem que multiplicar o diâmetro de um círculo para obter sua circunferência. O valor aproximado de Pi pode ser obtido através de experiências simples. Você pode pegar uma roda de 1 metro de diâmetro, rolá-la na terra uma volta completa e medir então a distância que ela percorreu. Sem segredo, será algo ao redor de 3,14 metros. Ou você pode enrolar uma corda em torno de uma roda e medir seu comprimento. Os antigos egípcios usavam simplesmente 3 como um multiplicador, e isto é preciso o suficiente para as aplicações cotidianas. Muito mais tarde, centenas de anos após a construção das pirâmides, eles usariam 3 + 1/7. 

O verdadeiro segredo: O Pi é um número irracional com decimais indefinidos, e só pode ser calculado a mais de dois decimais se você tiver bastante conhecimento teórico sobre geometria – e isto os antigos egípcios nunca tiveram! É impossível conseguir com qualquer roda um resultado mais preciso para o Pi do que "3,14 +/- 0,05", assim um valor mais preciso encontrado nas dimensões de um monumento deve ser a prova irrefutável de alguma participação mais elevada. 

A pirâmide de Queóps tem uma base com 230,38m de comprimento, e uma altura de 146,6m. Se você pegar duas vezes o comprimento da base e dividir pela altura, você chega a um valor de "3.14297…". Não muito bom, mas melhor do que os antigos egípcios jamais poderiam ter estimado. Seria isto um sinal dos assim chamados antigos astronautas que estamos procurando? 

Como você poderia supor, os cientistas respondem "Não". Mas por que, será que eles têm uma explicação melhor? Alguns cientistas argumentam que o valor do Pi é coincidência pura. Que coincidência construir o Pi até a quarta casa decimal, não? Aliás, há diversas outras pirâmides com o Pi, inclusive com uma precisão maior! Mais coincidências? 

Não, outros cientistas inventaram uma outra teoria para explicar o Pi. Infelizmente sem dedicar muita inteligência ao esforço. Eles alegam que as pirâmides contêm o Pi por causa dos métodos da medida usados nos tempos antigos. Os egípcios mediam distâncias em cúbitos reais com 52,36 centímetros por cúbito. A base da pirâmide de Queóps tem exatamente 440 cúbitos de comprimento e altura de 280 cúbitos. Mas como medir tais grandes distâncias? O engenheiro T.E.Conolly afirma que cordas desse comprimento tenderiam a arrebentar ou mudar de comprimento devido à força necessária para mantê-las retilíneas. Assim esta maneira de medir distâncias seria imprevisível para distâncias grandes, e ao invés os egípcios usaram rodas ou cilindros com um cúbito de diâmetro. Para medir unidades do comprimento, eles simplesmente rolaram os cilindros sobre o chão e contaram as voltas. Para medir a altura, empilharam os cilindros, sem nenhum segredo para causar preocupação. 

Muitos "racionalistas" rapidamente aceitaram esta teoria, contentes de ter uma explicação simples para este mistério indesejado. A teoria foi publicada em muitos livros, e no popular show de ciência alemão "Querschnitte" o apresentador de TV Hoimar von Dithfurt explicou a seus milhões dos espectadores que esta era a solução final ao mistério. 

Muito bom. Mas errado. Tudo bem, este método pode explicar a pirâmide de Queóps. E a pirâmide em Medum. Mas não muito mais pirâmides. Se você calcular o valor de Pi para a pirâmide vizinha de Quéfren, você chegará a um simples "3" como resultado. Nenhum Pi à vista. Ou seu vizinho, a pirâmide de Miquerinos. Seu valor de Pi é 3,26…, nenhum Pi à vista por lá também. Se eles realmente usaram tal método, o Pi deveria estar construído em cada uma das 90 pirâmides do Egito, e não apenas em duas ou em três delas. 

Ah, e não vamos esquecer de um outro problema. A pirâmide de Queóps tem 440 cúbitos de largura, como pode ser visto das linhas desenhadas no platô da base. Mas como você pode medir 440 cúbitos contando as voltas de um cilindro? Você deve girar o cilindro exatamente 140,564 vezes. Você encontrará situações similares com outras pirâmides também. 130,825 voltas é o necessário para medir o comprimento da pirâmide de Quéfren. Para construir os comprimentos de base de todas as pirâmides, os egípcios teriam que saber o valor exato de Pi para saber quantas voltas e frações de voltas eram necessárias. E isto eles não sabiam e assim não poderiam medir as dimensões das pirâmides encontradas como estão. Esta teoria é baboseira. 

A despeito disso tudo, há de fato uma explicação realmente simples para o mistério do Pi. Tem algo a ver com a maneira com que os egípcios mediam ângulos. Nosso conceito de medir a inclinação entre linhas e chamá-la de "ângulo" não é e não foi de conhecimento de todas as culturas. Os egípcios usavam uma outra maneira: Eles mediam a distância horizontal de uma inclinação necessária para cobrir a altura de um cúbito. Esta distância era medida em palmas ou dedos, 28 deles cabiam em um cúbito. 

O sistema egípcio de números também era diferente. Eles usavam um sistema decimal simples, mas de uma outra maneira como nós conhecemos. Nós temos 10 algarismos diferentes de 0 a 9, e a posição de tais algarismos em um número define seu valor, por exemplo. "12" tem um valor definitivamente diferente de "21", embora ambos os números usem os mesmos algarismos. Os egípcios usavam símbolos diferentes para múltiplos de 10: Um traço para um único número, uma ferradura para 10, uma medida de fita para 100 e assim por diante. A Figura "12" era expressada por dois traços e por uma ferradura, "21" como duas ferraduras e um traço. A posição das ferraduras e dos traços na escrita era absolutamente irrelevante! Tais representações de números onde a posição não importa não têm nenhum conceito para zero, e normalmente nenhum conceito para frações também. Um egípcio não poderia ter usado valores como "2,537 dedos&q
uot;. Os únicos tipos de fração que o Egito posterior conheceria seria "um dividido por algo", marcado com uma elipse no alto do número. 

Os engenheiros egípcios usaram somente dedos inteiros para a construção de seus edifícios. Por causa disto, o número de ângulos "normais" usáveis em pirâmides estava limitado a 28, entre 1 dedo a 1 cúbito (quase 90 graus.) e 28 dedos a 1 cúbito (45 graus). E, de fato, todas as pirâmides encontradas no Egito são construídas em tal relação de dedos inteiros! 

Você pode ver alguns dos ângulos possíveis para as pirâmides na ilustração ao lado. A relação 1:22 como encontrada na pirâmide de Queóps é a mais agradável ao olho humano. Relações menores que 1:20 eram impossíveis em edifícios monumentais, como os edifícios não-terminados em Meidum, em Dahschur (pirâmide curvada) e Abu Roasch sugerem, relações maiores que 1:24 parecem um pouco mundanas. Somente duas pirâmides não estão erigidas dentro da escala "um cúbito a no máximo 28 dedos": O topo da pirâmide curvada e a pirâmide vermelha. Mas ambas também são construídas em uma relação inteira de dedos/cúbitos: 1:31. Alguns outros exemplos: Pirâmide de Quéfren: 1:21, pirâmide de Miquerinos: 1:23, pirâmide de Djedefre: 1:23, Degrau da pirâmide de Djoser: 1:25. 

Mas e quanto ao Pi? Como você pode recordar, o valor do Pi foi calculado de "duas vezes o comprimento da base, dividido pela altura". A razão de 1:22 descreve a altura na metade do comprimento da base, assim 88:28 (quatro vezes a metade da base, dividido pela altura em dedos) descreve o valor codificado em uma inclinação verdadeira de 1:22. O resultado é 3,14285714….. 

O valor medido diretamente da pirâmide de Kufu é 3,142974, ambos os valores batem com um erro menor que 0,00015! O Pi, por outro lado, tem um valor de 3,141592…, o erro entre a pirâmide de Kufu e o Pi é dez vezes maior do que o erro entre a relação das pirâmides e a relação "verdadeira" de 1:22. Um sinal certo de que o Pi não desempenhou nenhum papel na construção da pirâmide – mas ainda não uma prova. 
A prova seria se a maioria ou todas as pirâmides se ajustassem na razão 1:2x melhor do que a pirâmide de Kufu se ajusta ao Pi. Então estaria claro que os arquitetos e os trabalhadores tinham métodos de construção tão precisos que o erro em relação ao Pi na Grande Pirâmide é maior do que jamais deveria ter sido se o Pi realmente fosse planeado. E a pirâmide de Quéfren é mesmo mais precisa: A razão 1:21 está construída e leva a um valor exato de pi igual a 3,0. Esta pirâmide tem 215,25 metros de largura e 143,50 metros de altura – o valor resultante é exatamente 3,0000000! De fato, todas as pirâmides reconstruíveis do Egito estão dentro da margem de 1/1000 do ângulo teórico de inclinação, a maioria delas muito melhor. Em vez de uma pirâmide construída pelos deuses e de 89 pirâmides cujo ângulo não pode ser explicado, nós temos agora 90 ângulos de pirâmides bem definidos. 

Há também diversas outras pirâmides construídas na relação do Pi, como por exemplo a pirâmide de Huni/Snofrus em Medum. Conseqüentemente, o monumento de Kufu não é uma construção especial e isolada. De fato, das aproximadamente 14 pirâmides que podem ser suficientemente bem reconstruídas, 6 são construídas na relação "Pi" de 1:22. 

Esta é a prova definitiva de que nenhum deus, astronauta ou feiticeiro Atlante teve qualquer intenção de codificar o Pi em uma das muitas pirâmides erigidas no Egito. O Pi é simplesmente o resultado dos métodos de medida usados no Egito Antigo! Fim do mistério Pi.

***

Leitura adicional recomendada

Nota: O título original do texto é ‘The Pi Mistery’, traduzido por ‘O Mistério Pi’. Como o título original não fala de pirâmides, eu o alterei para o títula um tanto infame mas descritivo de ‘Pi de Pirâmides’. A referência final também foi adicionada.

4 comentários sobre “Pi de Pirâmides

  1. Os ângulos que constam das pirâmides estão contidos naqueles utilizados pelos egípcios. Estes teriam meios de medir tais ângulos. Não há prova nisto.

  2. É incrivel, arqueólogos demonstram, explicam, desmistificam esses mitos, aqui no site também tem várias explicações sobre essas supertições, mas a galera não aceita, ofende todo mundo nos comentários e ainda gritam em uníssono: queremos os Aliens! É triste.

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