De graça, até furo na cabeça

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Farnsworth 1: “Eu estava experimentando para ver se conseguiria remover meu próprio cérebro!
Farnsworth: “Claro! “¦ Como foi?”
Farnsworth 1: “Bem, retirar o cérebro foi a parte fácil. A parte complicada foi retirar o cérebro!”.

Em verdade não é de graça, mas é algo mais comum do que seu cérebro possa imaginar. Incrivelmente, evidências de trepanação ““ i.e., crânios com furos deliberados ““ foram encontradas em restos com mais de 8.000 anos de idade. A prática milenar também foi descrita em detalhe por Hipócrates e Galeno, tendo sido conduzida até a Idade Média e Renascença, pelas mais diversas superstições ““ sessões de descarrego não são nada em comparação. Com o advento da medicina moderna, furar a cabeça saiu de moda, já que a cirurgia por si só não é realmente útil exceto em casos muito específicos.

Mais incrivelmente, contudo, é que como não é ilegal, ainda hoje há pessoas que resolvem furar a própria cabeça, em busca dos supostos benefícios espirituais ou psicológicos sonhados há milênios. É o caso de Heather Perry, inglesa que aos 29 anos resolveu fazer a delicada cirurgia em si mesma, no conforto da própria casa e usando um espelho.

As coisas não se saíram muito bem, Perry furou um pouco além da conta, atingindo uma membrana cerebral. Foi levada às pressas ao hospital, mas passa bem hoje, anos depois do incidente. O blog Neurophilosophy está conduzindo uma entrevista com Perry.

Se você tiver estômago (e entender inglês), também pode acompanhar este relato de outro voluntário da trepanação, completo com fotos. Neste caso, a cirurgia foi conduzida por um amigo, e não houve grandes complicações. Mas o comentário final não deve animá-lo. Ele descobriu por si mesmo que os benefícios que sentiu inicialmente “eram apenas um placebo, “¦ não é um fenômeno fisiológico”.

O que não impede que você encontre na rede grupos defendendo esta prática de medicina muito, muito alternativa. De forma preocupante, muitos daqueles que recorrem à cirurgia caseira sofrem de depressão. Como alguém que esteve lá aconselha:

“Eu recomendo que as pessoas não se submetam a este procedimento, principalmente a qualquer um considerando-o como uma forma de aliviar a depressão crônica. Se alguém passasse por isso esperando que seja a panacéia para todos seus problemas, e acabe não sendo, então isto pode incentivá-lo a ir além. Também não recomendo pela razão mais óbvia de que dificilmente alguém conseguirá conduzi-lo de forma apropriada e segura“.

É comum ouvir argumentos sobre como uma prática deveria ser válida, por ser milenar. Ou por ser praticada por muitas pessoas, descrevendo resultados positivos. De toda forma, esperaria-se que uma pessoa jamais faria algo como furar a própria cabeça.

Pois bem, as pessoas não só o fazem, como ainda pagam para fazê-lo. E não é uma questão de estupidez: ignorando o ato em si, o relato do sujeito que tentou a trepanação sugere uma inteligência acima da média ““ ou ao menos uma que deveria evitar criar buracos desnecessários no crânio.

Seres humanos são bichos complexos e comumente irracionais. Em meio a esta loucura, a única forma comprovada de expansão da mente é a ciência. [via Mindhacks]

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