Quando o inimigo está dentro: Cronologia de um caso de anticeticismo na Argentina

Alejandro J. Borgo [@]
traduzido com sua gentil permissão

Este é o relato de um episódio que eu nunca teria desejado escrever. Mostra como os céticos não são imunes ao erro e enfatiza a importância da prevenção para que não se repitam fatos como este nas organizações céticas.

Em 15 de novembro de 2001, o ufólogo argentino Francisco Fazio foi convidado ao programa "Movete". Ali apresentou o vídeo das Torres Gêmeas, onde se podia ver um OVNI voando próximo das Torres (supostamente em 24 de julho de 2000) (1). O vídeo havia sido originalmente transmitido ao ar há mais de um ano, como um clipe promocional (2).

No dia seguinte, em 16 de novembro de 2001, Christian Sanz, presidente da organização cética ASALUP (3), apareceu no mesmo programa para mostrar o outro lado da moeda. O ufólogo Fazio também esteve lá e ambos tiveram um áspero debate. Sanz leu o seguinte enquanto os telespectadores assistiam ao vídeo:

"Este vídeo foi criado por Edefex SA para uma cadeia de televisão que se chama Sci Fi. Não só o fizeram, como agora admitem que o fizeram porque Sci Fi estava com pouca audiência e queriam fazer uma brincadeira como a de Orson Welles. Não só o fizeram como explicam como o fizeram. […] Este vídeo foi desmascarado pixel por pixel. Isto foi admitido por uma companhia chamada Edefex."

Esta era a primeira vez que Sanz mencionava a companhia Edefex. A seguinte foi em 17 de novembro de 2001, um dia depois do debate com Fazio, quando publicou um artigo intitulado "El ovni que no fue" (O Ovni que não era) na página web da ASALUP (www.asalup.org)


Imagem do vídeo de supostos OVNIs nas Torres Gêmeas, do canal Sci Fi

O pedido privado

Este artigo chamou a atenção do jornalista Alejandro Agostinelli, que queria saber sobre a fonte mencionada por Sanz. Não havia sinal da companhia Edefex na internet. A única coisa que pôde encontrar foi uma breve menção, do ano de 1995, em uma página brasileira, como "The Edefex Group USA". O jornalista, que na época estava produzindo um especial de TV, enviou um e-mail ao Sci Fi Channel de onde obteve uma resposta automática. Um produtor que vivia em Los Angeles também ligou ao Sci Fi e ninguém lhe respondeu quando perguntou sobre a autoria do vídeo das Torres. Daí em diante, Agostinelli insistiu a Sanz em reiteradas ocasiões. Sanz lhe respondeu que havia obtido a informação de uma página mexicana, a qual havia sido confirmada por fax por um técnico que trabalhou para o Sci Fi. Sanz disse que estava enviando os "papéis", mas nunca surgiu nada.

Assim, em 29 de janeiro de 2002, Agostinelli escreveu novamente a Sanz perguntando-lhe por alguma fonte onde ele pudesse checar a existência de tal companhia. Sanz lhe respondeu que o documento (que provava que Edefex era a responsável pelos efeitos especiais que se viam no vídeo do Sci Fi) estava perdido entre outros papéis. Em uma mudança, o documento havia desaparecido:

…"Eu nunca busquei na Internet a empresa Edefex e só confiei em um papel que um mexicano me enviou que tem um logotipo que poderia ter sido feito por qualquer pessoa que tenha um programa de gráficos. Fico mal porque talvez tenha caído em uma imbecil armadilha e o mais triste é que não chequei a informação pela pressa em fazer a nota. Acredite em mim, sou muito exaustivo na hora de buscar as fontes que respaldem minhas afirmações. Penso que vou colocar uma nota na página esclarecendo o sucedido e a partir de agora não cometerei mais tamanha imbecilidade."…

Agostinelli, que conhecia a confiabilidade e seriedade das revistas que haviam publicado o artigo, aconselhou a Sanz que escrevesse uma nota esclarecendo a questão.

Quando Agostinelli perguntou a Sanz, umas poucas horas depois, quem era o mexicano que poderia tê-lo colocado em uma "estúpida armadilha", Sanz respondeu:
"O tipo em questão se chama Hugo Giménez Moreno e é mexicano. Não troquei muitas cartas com ele, apenas duas vezes. Com relação ao esclarecimento, estava trabalhando justamente nisto."

Note-se que ele disse que havia trocado correspondência com um mexicano chamado Hugo Giménez Moreno. Em outro e-mail que Sanz enviou à lista interna da ASALUP, dizia que tudo havia sido manejado por correio convencional. Não ficava claro o que havia ocorrido, principalmente porque Sanz parecia ter uma resposta diferente para cada pessoa.

Dez meses depois, a fins de setembro de 2002, não havia nota, esclarecimento ou resposta alguma. Agostinelli havia solicitado e esperado a informação durante mais de dez meses. Não só não recebeu resposta, como fez um descobrimento surpreendente: na página mexicana X-Files Mexico (que já não está on-line) havia um artigo de Arturo Lugo e César Buenrostro com parágrafos inteiros idênticos aos do artigo de Sanz (5). E algo mais: Sanz não mencionava nenhuma fonte e nem citava nenhum autor. O artigo publicado por ASALUP estava assinado por Sanz como se fosse dele mesmo. Contudo, parecia um plágio. E esse plágio citava uma companhia de duvidosa existência.

Pouco depois, o Lic. Carlos Domínguez informava a Agostinelli e a mim sobre outro plágio realizado por Sanz. Tratava-se de um artigo anterior sobre as irmãs Fox, "La Casa de los Espíritus" que havia sido publicado no boletim No. 12 do CAIRP (Janeiro-Fevereiro de 2001), assinado por Sanz (6). O artigo original pertencia a Claudio Trivisonno e seu título era "Charlando con Elvis. Uma explicación cientifica del espiritismo". Sanz adicionou um parágrafo ao início e outro ao final, e deixou todo o artigo em seu nome.

Começam as solicitações públicas

Agostinelli e eu decidimos que havíamos chegado a um ponto onde tínhamos que tornar pública esta questão. Havia se passado mais de dez meses sem resposta nem esclarecimento.

Foi então que, em 9 de outubro de 2002, enviei uma mensagem à lista "Incrédulos", que pertence à ASALUP e cujo administrador é Sebastián Bassi, dizendo que havia observado estas irregularidades e pedindo um esclarecimento sobre o assunto. Responderam que não havia evidência de que Sanz tivesse plagiado o artigo mexicano, e que a citação de Edefex poderia ser um erro.

É muito estranho manter um "erro" on-line durante 10 meses, sobretudo quando o autor, presidente da associação, havia sido notificado do mesmo e havia dito que iria corrigi-lo.

ASALUP retirou o artigo da página web, dizendo que estava "em revisão". De modo que se alguém quisesse checar que o que nós dizíamos era verdade, não poderia fazê-lo. Retiraram a evidência do plágio e a duvidosa citação a Edefex. Com respeito aos parágrafos do artigo de Sanz, 40 por cento eram uma cópia exata do artigo da página mexicana "X-Files Mexico" (7).

Porém, em 9 de outubro de 2002, em uma mensagem enviada à lista "Incrédulos", Sanz dizia:

"… O que eu disse a Agostinelli é que me desse tempo para lhe mostrar um fax enviado pelos 1º investigadores do tema.."

Até esse e-mail, Sanz nunca havia falado a respeito de um fax em uma lista pública. Havia mencionado um documento, um papel, mas não um fax. Também se referiu a um fax na lista interna da ASALUP (asalup-int) em
7 de outubro de 2002:

"Escrevi aos sujeitos perguntando a respeito de vários pontos, entre eles o tema Edefex e me responderam em seguida. No mail me perguntam se tenho uma máquina de fax. Disse-lhes que sim […] e me enviaram o que eles tinham. Esse papel foi mostrado no dia seguinte no programa de Carmen Barbieri".

Contudo de fato a primeira vez que Sanz mencionou um fax foi em um e-mail privado enviado a Agostinelli em 2 de janeiro de 2002:

"A informação sobre Edefex eu retirei de uma página sobre Ufologia do México e me confirmou a informação por fax um técnico que trabalhou para o Sci Fi. Procuro os papéis e mando para você"

Daí em diante começou a falar de "documento", "papel", mas não de um "fax" até 7 de outubro de 2002, dez meses depois. Se já havia dito a Agostinelli que a informação havia sido confirmada por fax… por que ao mesmo tempo aludia a uma "correspondência" com um mexicano? Por que não permaneceu todo o tempo falando de um fax? Sanz também mencionou um "técnico" que havia trabalhado para o Sci Fi Channel. Mas no primeiro e-mail mencionado aqui, deu o nome de Hugo Giménez Moreno. E dez meses depois mencionava Arturo Lugo. Até agora, os membros da ASALUP continuam dizendo que foi Lugo quem enviou o fax. Mas Lugo desapareceu. Sanz alternava todo o tempo entre dois nomes diferentes, e além disso com a imprecisa alusão a um "técnico". Evidentemente, isto não estava nada claro.

Em 8 de outubro de 2002, um dos integrantes da Comissão Diretora da ASALUP, Max Seifert, renunciou. É o único que saiu imediatamente depois que descobriu que o comportamento de Sanz era extremamente suspeito. Seifert pedia provas e evidência (Onde está o documento? Por que Sanz assinou um artigo como se ele o tivesse escrito? Onde está a evidência de que Edefex existe?), enquanto o resto dos membros da ASALUP invertiam o ônus da prova: pediam a Seifert que provasse que Sanz estava errado. Sanz era o (suposto) autor do artigo, o que havia citado uma (inexistente) companhia e o que havia recebido o fax.
Edefex poderia ser Edefx

Em 10 de outubro de 2002, um membro da lista "Incrédulos", Carlos Alvarez, enviou um e-mail privado ao vice-presidente da ASALUP, Norberto Maraschi, no qual lhe dizia que o nome correto da companhia era Edefx (sem o "e"). Esta foi a primeira vez em que se mencionava o nome de uma companhia real, onze mezes depois que se publicava o artigo na página web da ASALUP. Realmente havia uma empresa chamada Edefx Group, mas não podíamos saber se se tratava de um erro ou não. Quatro dias depois, em 14 de outubro de 2002, Carlos Alvarez enviou outro e-mail, desta vez à lista "Incrédulos", dizendo que a companhia era Edefx e que havia sido adquirida por Miami Broadcasting Group (em realidade o nome correto é Miami Broadcast Center). E este fato fez com que Sanz e o resto dos membros da ASALUP começassem a falar de Edefx em lugar de Edefex. Desta maneira era fácil para Sanz buscar o nome na internet e obter todos os dados da companhia (8). A pergunta é: como pôde receber um fax com o logotipo de Edefex em novembro de 2001, quando ele se inteirou dos verdadeiros dados da companhia em outubro de 2002? Parece que há duas alternativas: ou recebeu um fax falso, eu ele o inventou.


Fig. 1: Suposto fax recebido por Sanz
(Clique para ampliar)

A "materialização" do fax

Em 15 de outubro de 2002 Sanz mostrou o fax aos membros da ASALUP. Onde e quando encontrou o fax? Sanz nunca respondeu a esta pergunta. O fax foi publicado na página da ASALUP em 12 de novembro de 2002 (lembre-se desta data) como a "evidência" da existência de Edefex.

Vamos dar uma olhada na "evidência" (ver Figura 1):

1) A nota, por si mesma, não tem data (exceto a do fax)
2) Abaixo do logotipo, há um endereço: 7355 NW 41 St., Miami, Fort Lauderdale, 33166. TE. 305-593-9785. É em Miami ou em Fort Lauderdale? Não há duas cidades com o mesmo código postal. Nos Estados Unidos, a abreviatura comum para "telefone" é "Tel.", "Phone" o "Ph.". Alguma vez viram "TE."? De fato, TE. é a abreviatura argentina (pertencia a Teléfonos del Estado, a antiga companhia estatal de telefones na Argentina). Isto sugere um autor argentino.
3) O logotipo diz "The EDEFeX Group", mas a verdadeira empresa era Edefx Group. Então deram uma estranhíssima "explicação" afirmando que esta diferença se devia uma razão fonética: se havia modificado o nome para que a população latino-americana pudesse compreender e pronunciar o nome corretamente (?)
4) A imagem escaneada é quadrada. É uma forma estranha para uma folha de papel. Poderia ser uma folha tipo A4, carta, ou ofício. A maioria das notas tem uma linha abaixo, mostrando os dados: endereço, telefone, e-mail, etc. Aqui não se mostra. Por quê?
5) O fax, que supostamente provinha do México, foi recebido por Sanz justo uma ou duas horas antes de sua suposta aparição no programa de TV.
6) Não há maneira de localizar o homem que supostamente enviou o fax a Sanz (que supostamente pode ser Hugo Giménez Moreno ou Arturo Lugo). De todos modos ninguém pôde entrar em contacto com Arturo Lugo, quem supostamente deu a Sanz autorização para reproduzir fragmentos de seu artigo.
7) De acordo com o número impresso pela máquina que recebeu o fax, este foi enviado do número de telefone 52 (código de país do México) 5 2117533. Este número pertence a uma empresa chamada Televinet, e não tem nada a ver com Arturo Lugo. Em Televinet não sabem nada sobre César Buenrostro (co-autor do artigo plagiado) nem tampouco de Hugo Giménez Moreno.
Há algo aqui que quero esclarecer. No ponto 5) digo que Sanz recebeu o fax justo antes de sua suposta aparição em um programa de televisão, porque até esse momento ele havia dito que havia recebido o fax no mesmo dia que se apresentou para debater com Fazio na TV, embora em outro e-mail (ver mais acima) tenha dito que havia recebido o fax e que no dia seguinte o havia mostrado na TV. Bem, em 13 de novembro de 2002, o vice-presidente Maraschi enviou um e-mail a "Incrédulos" respondendo a Pedro L. Gómez Barrondo, editor do boletim eletrônico "El Escéptico Digital", sobre a data exata do debate televisivo com Fazio. Escreveu:
"O debate foi em 19 de novembro de 2001 às 17 horas, no mesmo dia do recebimento deste fax…"

Como se pode observar, a data do fax é 19 de novembro de 2001, de maneira que uma pessoa poderia esperar que o debate tivesse sido realizado no mesmo dia, como Sanz e Maraschi haviam dito. Isto não é verdade. Grande foi a minha surpresa quando consegui uma cópia do debate com Fazio. Não foi em 19 mas em 16 de novembro de 2001, três dias antes da data em que Sanz e Maraschi afirmavam que se havia recebido o fax! E, é claro, Sanz não mostrou nada na TV simplesmente porque o fax não poderia ter existido nesse dia (9).


Fig. 2: Cartão verdadeiro de Jamee Houk, do EDEFX

Sanz renuncia à ASALUP

Quando os membros da ASALUP se deram conta dos "erros" que o fax continha, não tiveram alternativa: pediram a Sanz que renunciasse à presidência da ASALUP. Mas todos estes "erros" foram
descobertos por Seifert, Agostinelli e por mim em um par de horas. Apesar de terem a "evidência" vinte e oito dias diante de seus olhos, não encontraram nada! Devemos recordar que Sanz mostrou o fax aos membros da ASALUP em 15 de outubro e o publicaram na página em 12 de novembro.
Imediatamente nos demos conta de que o fax era falso. Uma das desculpas que nos deram foi "somos céticos, não detetives". Mas todavia, entramos em contato com Jamee Houk (não James Houk como aparece no fax), quem havia trabalhado no Edefx Group. Ela nos disse que não tinha nada a ver com essa nota, e que a assinatura que aparece no fax não lhe pertence. A primeira pessoa que nos falou de Jamee Houk foi Arturo Marín, facilmente acessível na internet. Marín nos enviou o verdadeiro logotipo de Edefx, papelaria da empresa e -o que é mais importante- o cartão de visitas de Jamee Houk, ex Diretora do Edefx Group. E Marín nos explicou que EDEFX era o acrônimo de "Edit, Design, Effects" (Edição, Desenho, Efeitos) com o que fica claro que o "e" minúsculo inserido no logotipo mostrado por Sanz não tinha sentido. Também localizamos o homem que havia sido presidente do Edefx Group, Marcos Obadia, e ele nos confirmou que o logotipo e a carta contida no fax não correspondem ao verdadeiro logotipo usado por Edefx. (Ver o verdadeiro logotipo na Figura 2)

Passo a passo, estávamos fazendo o que deveria ter sido feito pelos membros da ASALUP. Supõe-se que eram eles quem tinham que investigar o caso, já que o suspeito era seu próprio presidente.

A resposta "institucional" da ASALUP

A resposta "institucional" da ASALUP consistiu em um "comunicado oficial" (enviado por e-mail à lista "Incrédulos) no qual os membros da ASALUP expressavam sua decisão de terminar com a investigação. Agostinelli e eu fomos declarados "persona non grata".

Uma vez que "terminaram" com esta batata quente, continuaram organizando conferências. O conferencista era… o próprio Sanz. (Lembre-se de que os próprios membros da ASALUP lhe pediram a renúncia). ASALUP voltou a colocar on-line o artigo questionado, retirando o nome de Edefex e citando uma "autorização" que obtiveram de César Buenrostro depois deste episódio. A suposta primeira e válida autorização de Arturo Lugo nunca foi mostrada e nem Sanz nem nenhum membro da ASALUP apresentou nenhuma prova de sua existência.

Em nome do "ceticismo"

Em nome da luta contra a pseudociência, o presidente da ASALUP (agora ex-presidente) e seus membros usaram, e inclusive apoiaram, métodos tipicamente utilizados por pseudocientistas. Penso que este é o pior "favor" que uma organização cética pode fazer ao ceticismo. Mais ainda, quando se fizeram críticas, em lugar de analisar a evidência, a ocultaram. Longe de expulsar imediatamente a um membro que havia plagiado artigos e citado fontes falsas, trataram de cobri-lo até onde puderam.

Três dos membros que denunciaram Sanz e a ASALUP foram censurados e "moderados" na lista "Incrédulos", e dois deles, Agostinelli e Seifert, foram expulsos pelo administrador da lista, Sebastián Bassi.

Alguns Membros Consultores da ASALUP renunciaram depois que foram notificados deste episódio, e até alguns meses atrás, ASALUP tinha Carl Sagan como Membro de Honra, apesar de Sagan ter falecido em 1996 e a ASALUP ter sido fundada em 2001! (10) Os objetivos da ASALUP foram literalmente copiados dos do CAIRP. A única diferença é que não foram cumpridos. Esta situação caótica levou à renúncia do vice-presidente Maraschi, Germán Buela e Orlando Liguori. (11)
Um breve resumo do episódio resulta:

  • Dois artigos plagiados;

  • A citação de uma empresa inexistente. Sanz deu pelo menos três endereços e cidades diferentes para Edefex; (12)

  • Uma promessa, nunca cumprida, de esclarecer o "erro"; (13)

  • Apresentou-se como "evidência" um fax falso;

  • Uma suposta apresentação do fax na TV que nunca teve lugar;

  • Forneceram-se datas contraditórias da emissão do debate;

  • Ocultou-se a evidência e os fatos: o "fax" foi publicado na página web 28 dias depois que Sanz o "encontrou". Os membros da ASALUP minimizaram a questão do plágio dizendo que Sanz se "esqueceu" de mencionar as fontes e os verdadeiros autores do artigo OVNI. Vários membros da ASALUP apoiaram as afirmações de Sanz sem checar os dados;

  • Removeu-se o artigo plagiado, e por fim, embora não menos importante:

  • Houve uma grande quantidade de leitores que confiaram na validez deste artigo porque apareceu em um site supostamente cético.

Há muitos detalhes que não pude escrever aqui devido a razões de espaço. Os leitores interessados podem comunicar-se comigo enviando um e-mail para [email protected].

Agradecimentos

Agradecimentos a Alejandro Agostinelli e Max Seifert. Quero expressar meu agradecimento a Luis Gámez, Pedro L. Gómez Barrondo, Julio Arrieta, G. Brasas, Carlos Domínguez, Martín Fragoso, Arturo Marín, Jamee Houk, Marcos Obadía e Enrique Márquez por seu apoio. Obrigado a GP Producciones por fornecer os videotapes dos programas de TV.
– – –

Notas
1. O vídeo do suposto OVNI ainda está on-line em www.scifi.com/happens/happens_1.mov.
2. Sci Fi encoraja a discussão em um fórum sem fazer nenhuma afirmação sobre a autenticidade do vídeo. Muitos visitantes se referem ao filme como um "comercial promocional". Ninguém o menciona como um "documentário". Ver, por exemplo: http://bboard.scifi.com/bboard/browse.cgi/1/5/1966/602.
3. ASALUP é o acrônimo de Asociación Argentina de Lucha contra la Pseudociencia 
4. S.A. é o acrônimo de Sociedad Anónima, usado pelas empresas comerciais na Argentina. Equivale a Sociedade Anônima.
5. Sanz ignorava que a evidência do plágio permanecia no cache do buscador Google.
6. CAIRP é o acrônimo de Centro Argentino para la Investigación y Refutación de la Pseudociencia. Foi a primeira organização cética na Argentina, e funcionou até agosto de 2001.
7. Agostinelli denunciou o plágio de Sanz em um artigo chamado "Engañados por um… ¿escéptico?" no site chileno La Nave de los Locos (www.geocities.com/lanavedeloslocos) e em El Escéptico Digital-Edición 2002 N° 08 Dezembro, 2002, acessível em www.elistas.net/foro/el_esceptico/alta. Uma versão resumida pode ser vista em http://superiores.blogalia.com. Foi publicada primeiro como um "comentário" no site da ASALUP, mas foi apagada depois de apresentado o fax falso.
8. Ver www.pixar.com/renderman/artist_tools/whatsrenderman/testimonials.html; www.maxfilmpro.com/asp/MenuProdResDisplay.asp?Region=FLSO&Category=POSTPROFIL; e www.gy.com/biz/512110/954.htm.
9. A c
ópia me foi proporcionada por GP Producciones, uma companhia produtora de TV em Buenos Aires.
10. De fato, Carl Sagan era Membro Honorário do CAIRP. Enrique Márquez, um de seus ex presidentes tem a carta original, assinada por Sagan, aceitando o convite do CAIRP.
11. O artigo plagiado "El ovni que no fue" foi publicado pela página "La Nave de los Locos" (www.geocities.com/lanavedeloslocos), do Chile, e pelo Boletim Eletrônico espanhol "El Escéptico Digital" (www.elistas.net/foro/el_esceptico/alta). Diego Zuñiga e Pedro Luis Gómez Barrondo, Web master do site chileno e editor do Boletim espanhol respectivamente, uma vez notificados destes fatos, inseriram avisos e escreveram artigos explicando a situação, já que muitos leitores não estavam advertidos da situação. Eles não receberam os prometidos esclarecimentos de Sanz. Mais que isso, Sanz afirma que havia enviado um e-mail a El Escéptico Digital em dezembro de 2001, pedindo ao editor que descartasse seu artículo, mas Gómez Barrondo nunca o recebeu.
12. Diferentes lugares que Sanz deu para Edefex: Los Angeles, Califórnia; Miami e Fort Lauderdale, Flórida; e Naperville, Illinois
13. Sanz também respondeu ao investigador Martín Fragoso (que também lhe havia perguntado sobre Edefex) que iria apresentar "informação contundente" em breve na TV. Mas isto foi em 5 de dezembro de 2001 . . . dezenove dias depois do debate televisivo.

Notas do editor CA: Este relato de Borgo sobre o surreal episódio da ASALUP também foi publicado em inglês nos Skeptical Briefs do CSICOP de março de 2003. A imagem de capa (Pinóquio) foi escolhida e inserida pelo editor CA.

Um comentário em “Quando o inimigo está dentro: Cronologia de um caso de anticeticismo na Argentina

  1. hilário a história que foi criada pra ser desmentida é mais louca que qq história de ovni.

    Isso só demonstra que céticos atacam crentes na maioria das vzs com opiniões formadas e sem fundamentação cientifica alguma.

    Contesta uma prova falsa com uma suposição é mentir sobre a própria mentira.

    No mais devemos ser céticos e crentes numa medida equilibrada.

    Nem tudo é o q parece e nem tudo não é o q parece.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *