Ceticismo e Ufologia

por Fernando José M. Walter, do CETESbr

Brasília, DF, 12 de agosto de 2001

"William James* tinha o hábito de pregar "a vontade de acreditar". De minha parte, preferiria pregar a "vontade de duvidar" (…) O que é necessário não é a vontade de acreditar, mas o desejo de descobrir, que é o oposto". – Bertrand Russell , Sceptical Essays(1928)

Não fosse fato extremamente corriqueiro ao longo da história da humanidade a crítica exacerbada à todas as pessoas que possuem opiniões contrárias àquelas vigentes e ““ claro – aceitas pela maioria, causaria ainda maior espanto a veemência das críticas àqueles que propõem uma análise criteriosa e balanceada de fatos e eventos divulgados, não só em áreas vinculadas à Ufologia como em searas eventualmente encaradas ou declaradas como "paralelas" a ela.
Ceticismo não significa a busca incansável da negação dos fatos, em função de alguma mórbida idiossincrasia. Ao contrário: diríamos mesmo que a adoção de uma postura cética, particularmente no caso da Ufologia, é a única alternativa desta, como forma de afastá-la da conotação circense através da qual é constantemente explorada pela nossa mídia – como de praxe seguindo decadentes exemplos estrangeiros, existindo cada vez mais a preocupação em vender desgraças e emoções baratas para os distintos (e leigos) consumidores.
Enormes listas de "casos ufológicos" são apresentadas e mantidas, porém em termos práticos possuem pouco, ou mesmo nenhum valor, posto que são casos sem investigação, sem evidências concretas, com testemunhos anônimos e/ou sem qualificação, vagos. Caem logo a seguir nos arquivos e viram meros números sem nenhuma consistência, ou utilidade. Desses casos, aqueles que possuem "claras evidências" em sua grande maioria tem sido desmascarados – porém o processo de desmonte desses "casos" quase nunca recebe a mesma divulgação dada ao fato originador. Fica, assim, a impressão de que "casos concretos" amontoam-se, "evidências" correm à farta, o que é uma inverdade absoluta.
Entendemos que milhares e milhares de eventos que tiveram nenhuma ou pouca investigação não contribuem como prova concreta de nada; deveríamos, sim, centrar esforços naqueles poucos eventos (e os temos, inclusive aqui no Brasil) que permitam criteriosa investigação; que contem com grande número de testemunhas, provas materiais para análise qualificada, etc. Um processo de avaliação, enfim, no qual alto grau de ceticismo deva ser praticado como única opção para a obtenção de resultados efetivos.
Lamentavelmente, vivemos em uma sociedade que, através de seus programas oficiais de ensino, estimula – cada vez mais despudoradamente – o desenvolvimento nas pessoas do sentido da astúcia, o qual não é vinculado, necessariamente, à um padrão médio de inteligência e conhecimento científico, como aliás definiu brilhantemente o pensador norte-americano Thorstein Veblen em seu livro “˜The Theory of the Leisure Class”™(1899). Isso significa, dentre outras coisas, que cada vez mais nos deparamos com pessoas ignorantes quanto aos fenômenos básicos da natureza, e ainda mais com relação a eventos raros e/ou que possuam origem ainda não bem compreendida pelos próprios cientistas. Torna-se assim, a cada dia mais fácil o ser humano "padrão" iludir-se(ou ser iludido) através de fatos para ele incompreensíveis em termos científicos; e pior ainda: sempre contando com a abundante oferta de produtos, disponíveis nas prateleiras dos supermercados do ramo, confeccionados cuidadosamente e dentro das mais adequadas técnicas de marketing, voltados para o segmento "místico" e "esotérico" da população.
Não deixa de ser uma curiosa contradição o fato de que muitos dos denominados pesquisadores científicos assumam postura crítica com relação à abordagem cética da pesquisa ufológica; a curiosidade mencionada fica por conta do fato de que a Ciência "cética" sempre sofreu, e continuará sofrendo, processos revolucionários radicais durante as quais conceitos tidos como líquidos e certos (alguns tidos até mesmo como sagrados) foram violentamente alterados; exemplos existem em grande quantidade, em todos os segmentos – Astronomia, Física, Química, Biologia, Antropologia e Medicina, para citarmos alguns setores. Já na Ufologia – que não é ciência, mas possui, repetimos, defensores da utilização de métodos científicos em sua análise – observamos que com raríssimas exceções cada pesquisador adota uma determinada linha de opinião e dali não se move, de forma muitas vezes inexplicavelmente obstinada, haja vista que muitas vezes todo o conhecimento que possui foi obtido através do processo que chamamos "cópia da cópia da cópia" de informações, com as distorções e omissões de praxe. Aqui sim, e de forma correta, podemos pensar em um modelo idiossincrático, o que torna as pesquisas no campo ufológico engessadas e perdidas no tempo e no espaço, através da utilização de teorias que nunca são completamente desenvolvidas ou que tenham suas possibilidades esgotadas, de forma a permitir sua revisão. Paira sempre no ar uma desagradável sensação de deja vù, de nanismo intelectual.
Muitos classificam o chamado "Caso Roswell" como prova fechada e definitiva da queda de uma nave alienígena. Quantos no entanto já leram o relatório da USAF sobre o Projeto Mogul ““ ainda que seja para manter seus pontos de vista, porém com embasamento? Quantos já leram o completo conteúdo do Relatório Condon (que sabidamente possui muitas falhas)? Quantos já leram os documentos da Marinha Americana sobre o "Vôo 19", nos quais podemos ver que os tripulantes dos aviões desaparecidos não eram tão experientes quanto se apregoa, ou sobre o caso do destróier Eldridge ("O Experimento Filadélfia")? Como dissemos, a análise isenta, sem preconceitos é fundamental para o entendimento de qualquer questão. Sejam mantidas ou revistas as opiniões originais, o fundamental é que a Ufologia deixe de funcionar na base do "nós contra eles" porque não estamos num campo de futebol. A coisa é , evidentemente, muitíssimo mais séria e importante do que isso.
Muitos até irão pensar: "mas sabemos que Ufologia é coisa séria". De fato? então, vamos praticar a seriedade. 
Citando Carl Sagan, as pessoas aceitam os produtos da Ciência; por que então são relutantes em utilizar seus métodos? 
Ratificamos assim que a abordagem cética da fenomenologia OVNI e de outras áreas a ela relacionadas direta ou indiretamente é a única saída para que a questão passe a ser tratada – e identicamente seus pesquisadores, por indução – não mais com ares de aberração exposta em mafuás de beira de estrada, mas sim com a importância devida.

***

Notas

* William James: filósofo e psicólogo dos EUA(1842-1910)

2 comentários sobre “Ceticismo e Ufologia

  1. Olá amigo, vim aqui para deixa o link onde estão todas as obras do Cientista Herbert Alexandre Galdino Pereira da área de Eletromagnetismo Aplicado e Aviónica. Ele é autor da Teoria do Triângulo das Bermudas, que visa explicar o que ocorre com os aviões ao entrarem nessa zona, Teoria dos Celulares e Eletricidade Estática, e Orientação aos Aviadores Brasileiros ao voarem a Serra do Cachimbo, em Mato Grosso, pois existe campo Magnético na área do Brasil (relaciona-se ao vôo 1907 e com o Tráfico Aéreo). Entre outras obras.
    Deixo o Link aqui em baixo para Leitura e Downloads das Obras deles.

    http://www.scribd.com/people/documents/13555060-fuma-a

    Um abraço.

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