Uma farsa de A a Z
Uma farsa de A a Z
Um dos livros mais vendidos no país tem autor-fantasma. Mas esse é o menor de seus males
Ricardo Valladares
Um dos maiores best-sellers do país no momento, o livro Medicina Alternativa de A a Z é uma fraude. Apanhado de crendices e terapias não-avalizadas pelos médicos, ele ensina a tratar doenças com “remédios” à base de ingredientes frugais. Para combater o câncer, recomenda que se coma apenas um tipo de fruta nas refeições. No caso do diabetes, indica a ingestão de suco de berinjela com argila. E por aí afora. Com capa dura, fartamente ilustrado e preço de 62 reais, o livro já atingiu a marca dos 2 milhões de exemplares comercializados e apareceu no topo da lista de mais vendidos de VEJA por quase seis meses. Suas vendas foram impulsionadas por uma campanha de divulgação maciça na televisão. Os editores compraram milhões de reais em espaço em diversos canais para veicular anúncios com a dançarina Sheila Mello. Além dela, apresentadores como Hebe Camargo, Ratinho e Gugu Liberato faturaram para tecer elogios ao livro, assinado por um certo Carlos Nascimento Spethmann. O problema é que esse autor não existe. Pior: a obra foi escrita sem a assessoria de médicos. Seus editores, o carioca Luiz Carlos da Silva e o paulista Marcos Spethmann Quiroga, são ex-comportores ¿ vendedores de livros de porta em porta. Graças a seu manual de curandeirismo, única obra lançada pela Editora Natureza, sediada na cidade mineira de Uberlândia, dizem ter faturado 40 milhões de reais no ano passado.
Questionados por VEJA sobre a identidade do autor de Medicina Alternativa de A a Z, os editores saíram-se com quatro respostas diferentes. Primeiro, disseram que ele seria um biólogo. Em seguida, contaram que se tratava de um pseudônimo, fazendo ar de mistério. Depois, falaram que o autor seria um pesquisador de uma localidade chamada Ituiutaba. Só então revelaram a verdade: Carlos Nascimento Spethmann não é uma pessoa, e sim um composto dos nomes dos dois donos da editora e de um ex-parceiro, o jornalista Eliseu do Nascimento e Silva. “É um pool de pessoas”, diz Luiz Carlos da Silva. Coube ao jornalista Nascimento redigir o manual. “Não ouvi médico nenhum”, diz ele. Hoje afastado do negócio, Nascimento não recebe nada pelas vendas. É professor de jornalismo numa faculdade paulista e mestrando em semiótica na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Ele simplesmente compilou e adaptou para a linguagem da auto-ajuda textos extraídos de livros de medicina alternativa lançados pela Editora Missionária A Verdade Presente, que pertence à Igreja Adventista do Sétimo Dia Movimento de Reforma ¿ a mesma editora para a qual todos eles trabalhavam. Essa editora, por sinal, foi notificada judicialmente pelos forjadores do livro Medicina Alternativa de A a Z, por ter lançado uma obra de formato semelhante. Em outras palavras, a Editora Natureza teria copiado a Editora Missionária A Verdade Presente, que agora a estaria copiando de volta. Um estranho caso de plágio do plágio.
Uma picaretagem como Medicina Alternativa de A a Z representa um risco para a saúde das pessoas. Os alimentos ajudam na manutenção de uma vida saudável, mas não curam doenças graves. Para eximir-se de responsabilidades, o livro volta e meia chama atenção para a necessidade de procurar um médico. Ao mesmo tempo, entretanto, propõe tratamentos mágicos (veja quadro). “Um livro como esse é um desserviço à população. Não pode ser chamado de medicina”, diz o geriatra Clineu Almada Filho, da Escola Paulista de Medicina. “É uma irresponsabilidade”, afirma o clínico geral Milton Glezer, da Universidade de São Paulo.
Medicina Alternativa de A a Z traz, nas primeiras páginas, artigos assinados por Zenildo Batista, Adilson Lopes e Luiz Carlos Junior. Todos são egressos da mesma igreja dos editores. Nas propagandas de televisão, fazem papel duplo como promotores de vendas e “terapeutas”. Mas a credencial máxima de Batista, por exemplo, é um curso de fim de semana numa clínica paranaense. Eles defendem com unhas e dentes as terapias do livro. “Um empresário curou sua úlcera com um suco de batatas e espinheira-santa”, diz Junior, exibindo o antes e o depois da endoscopia do paciente tratado com o tubérculo. Ao saber as opiniões dos médicos sobre o livro, o editor Quiroga anunciou que a obra passará por uma reformulação de conteúdo, a cargo de especialistas.
As inserções na TV respondem por 75% das vendas da obra. Os editores desembolsam 50.000 reais por cada aparição de cinco minutos no programa de Gugu. Também contrataram a produtora do apresentador para a criação de três anúncios de trinta minutos cada estrelados por Sheila Mello. A dançarina ganhou 50.000 reais pelo serviço. A cada vez que elogiou o livro em seu programa no SBT, Hebe Camargo embolsou
60.000 reais. O apresentador Ratinho gostou tanto dos curandeiros que lhes deu um desconto: em vez de cobrar dois cachês, cobra um e meio. “Ratinho é um parceiro. Pagamos 20.000 reais a ele”, diz Silva. Tanto gasto vale a pena. Uma única propaganda no programa de Hebe resultou na venda de 10 800 livros. É tempo de o pessoal da TV pensar melhor ao endossar esse produto.
Com reportagem de Paula Aoyagui
Ameaça à saúde
Alguns absurdos do livro Medicina Alternativa de A a Z
BRONCOPNEUMONIA
Recomendações do livro: Tratamentos à base de mel de abelhas, suco de alho e sopa de cebola. Se nada funcionar em 48 a 72 horas, deve-se procurar auxílio
A palavra dos médicos: É uma doença grave. O atraso no tratamento com remédios pode ser fatal
ERISIPELA
Recomendações do livro: Hortaliças, arroz e argila devem ser aplicados sobre essa infecção de pele que acomete principalmente idosos e diabéticos. A doença seria “altamente contagiosa”
A palavra dos médicos: A erisipela não é contagiosa. Se não for tratada com antibióticos, pode resultar em infecção generalizada
DIABETES
Recomendações do livro: Indica uma compressa de argila com cebola ralada na região lombo-ventral e a ingestão de argila diluída em suco de berinjela, entre outros tratamentos
A palavra dos médicos: Tudo isso é inócuo. O perigo é o paciente apostar nessas soluções mágicas e se afastar do tratamento
¿ Nota: a partir desta edição, Medicina Alternativa de A a Z será retirado da lista de mais vendidos de VEJA. A cada semana, a lista oferece um instantâneo do mercado editorial. Mas também é usada como um guia de compras pelos leitores, razão pela qual a revista tomou essa decisão.
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Muitas palmas para a VEJA.
Boa noite
de acordo com o comentario q foi feito sobre esse livro
eu gostaria de acrescentar algumas coisas.
de fato esse livro traz algumas informações q nao convem
porem em sua grande maioria se trata de fatos verdadeiros.
se parece muito com alguns ensinamentos de uma grande escritora americana Ellen White,porem com muitas alterações.
não se trata de curandeiros o que esta escritora apenas mostra sao formas de prevenir doenças e em alguns casos cura las sim.
sei muito bem o que é um remedio
uma composição quimica que possui tantos efeitos colaterais que muitos nem são comentados em bulas para que o paciente nao se assuste.
e quando se trata de alimentos naturais todo e qualquer medico dira que é melhor uma boa alimentação do que remedios.
Mas tenho de concordar que muitas coisas citadas nesse livro sao absurdas,como por exemplo ingerir Argila.
o que eu fico aqui pensando é que Argila é tão nociva quanto cafeina,alcool,e carne de porco ,mas as pessoas continuam a comer por ai em fast-foods e outros ingerindo coisas ate muito pior que argila e etc…
Ninguem joga pedra em árvore quem não dá fruto, e nem chuta cachorro morto. Falam mal por o livro está vendendo. Isso é complo de laboratorio pra vender medicamento. EStão contra a medicina natural por medo de perderem os milhões deles. Todo mundo sabe a importancia da medicina natural. O feio é difamar pessoas pra ganhar dinheiro. Alguns laboratorios Americanos até matam seus opositores. Vejam o filme o Jardineiro fiel.
(Rosana)Sugiro que se informe um pouco mais, leia um pouco mais e pense um pouco mais. Essa sua visão de mundo ainda lhe trará problemas.
Uma farsa de A a Z !!
Leia o artigo e tire suas conclusões … é um resumo, ok.
Romã que cura
As propriedades medicinais da romã, até há pouco tempo, eram conhecidas apenas pelos interessados em mitologia ou em medicina chinesa antiga. De acordo com o herbário chinês, o suco de romã aumenta a longevidade. No Brasil, atualmente, um chá à base de casca de romã está sendo utilizado pelos seguidores da medicina alternativa como antibiótico natural.
A romã, cujas sementes e gosto meio ácido sempre foram apreciados como fruta, vem sendo, agora, considerada também uma moderna fonte medicinal. Atualmente, dois estudiosos israelenses realizam pesquisas sobre tratamentos e produtos derivados da fruta.
Estes estudos comprovam que a romã possui qualidades terapêuticas, podendo ser usada no tratamento de vária moléstias.
O dr. Michael Aviram está desenvolvendo sua pesquisa no Lipid Research Laboratory, do Ramban Medical Center, em Haifa, utilizando o suco de romã para combater o colesterol e os problemas cardíacos. Já Efraim Lansky realiza suas pesquisas na Rimonest, companhia fundada pelo Instituto Tecnológico de Israel ““ Technion, partindo da premissa de que o suco, a polpa e a casca da romã contêm propriedades que além de reduzir o colesterol, retardam o envelhecimento e talvez até levem à cura do câncer e da Aids.
Aviram, 53, é bioquímico no Technion. Ele dedicou os últimos vinte anos pesquisando formas de evitar ou eliminar os depósitos de colesterol nas artérias, o que causa arteriosclerose, distúrbios cardíacos e enfarte do miocárdio. Buscando antioxidantes naturais, o dr. Aviram testou vinte produtos diferentes antes da romã. Descobriu que o suco da fruta contém um poderoso antioxidante, um tipo de flavonóide mais eficiente na prevenção de problemas cardíacos do que o existente no tomate e no vinho tinto.
Ele tem administrado o suco a seus pacientes com estenose nas artérias carótidas, isto é, um estreitamento nas artérias que levam o sangue ao cérebro, e os resultados foram rápidos e impressionantes. “Tenho visto melhoras desde o primeiro mês de tratamento”, afirmou Aviram.
O médico relata, em detalhes, a sua pesquisa, com a segurança adquirida ao longo de anos de experiência em um hospital de renomada reputação, doze diplomas e vários certificados. Conta que muitos pacientes de alto risco, sérios candidatos a implantes de ponte safena, conseguiram evitar a cirurgia apenas com o suco da romã. A única queixa que ouviu de alguns foi sobre a acidez da fruta. Atualmente Aviram está envolvido no projeto para isolar os flavonóides e transformá-los em pílulas.
Efraim Lansky é o principal acionista e chefe da Divisão de Pesquisas da Rimonest, formado pela Universidade da Pensilvânia, com doutorado em psicologia e biologia, além de especialização em acupuntura e homeopatia. Afirma não estar interessado apenas no suco da romã, mas na fruta como um todo. Está fabricando o que denominou de “cardiogranado”, um suco concentrado que, segundo ele, ajuda a baixar o nível de colesterol. Em sua clínica homeopática, tem receitado o suco de romã em casos de febre e, em mulheres pós-menopáusicas, na prevenção de problemas cardíacos e osteoporose.
O Dr. Lansky acredita que esse seja um grande projeto farmacêutico, com inúmeras possibilidades, entre as quais, a cura do câncer de próstata, da leucemia, do herpes e até da Aids. Segundo o estudioso, a aplicação de vinho e óleo da semente nas células de certos tipos de câncer interrompe a reprodução das mesmas, evitando que a doença se espalhe. Lansky pretende iniciar, proximamente, mais uma fase da pesquisa, usando camundongos.
Ao falar sobre os atuais rumos da indústria farmacêutica, de modo geral, o estudioso adverte que as pressões econômicas podem levar grande parte das empresas a interromper suas pesquisas. “Quem assistiu o filme “˜O homem do terno branco”™, uma comédia inglesa estrelada por Alec Guinness, deve lembrar-se da história do homem que inventa um terno branco que não mancha e nem rasga e, por isso, a indústria têxtil quer matá-lo”, comenta, com ironia.
Enquanto Lansky refere-se à sua fruta predileta como uma espécie de “remédio milagroso”, Aviram é mais cauteloso ao afirmar que: “…não acredito que uma fruta faça tudo isso. Não há frutas milagrosas”. Referindo-se à pesquisa de Lansky, Aviram diz que a hora da verdade será quando o teste for feito em seres humanos. “É muito difícil dizer que este ou aquele trabalho será eficiente contra o câncer se seus resultados foram apenas analisados em provetas ou células”.
No entanto, Lansky está confiante e, para ilustrar, lembra a “Doutrina das Assinaturas”, “uma antiga referência de que o Criador teria deixado uma assinatura sobre as plantas, esclarecendo suas finalidades terapêuticas”. Diz isto, segurando uma romã em uma mão e abrindo, com a outra, um livro de medicina.
Bibliografia:
Baseado em artigo de Avigail Schwartz, no Jerusalem Report, janeiro de 2002
Que diriam os médicos entrevistados da revista veja quanto ao suco de romã a pacientes com um estreitamento nas artérias que levam o sangue ao cérebro e que o resultado é impressionante?
“Um livro que fale isso é um desserviço à população. Não pode ser chamado de medicina”, diria o GERIATRA Clineu Almada Filho, da Escola Paulista de Medicina.
“É uma irresponsabilidade”, afirmaria o CLÃNICO GERAL Milton Glezer, da Universidade de São Paulo.
Qual seria a resposta lógica se fosse dito que o suco de romã e um poderoso aliado contra o infarto do miocárdio?
São alguns dos absurdos do livro Medicina Alternativa de A a Z
Um geriatra e o clínico geral, sem a minima noção de nutrição ou especialidade no assundo da não são as pessoas indicadas para responder estas perguntas, a pergunta errada para pessoa errada gera uma resposta também ERRADA, concorda?
Vamos ler a opinião de alguem que realmente entenda do assunto, alguem considerado o introdutor da medicina natural científica no Brasil, especializado em saúde pública, este nome é uma referencia para o assunto no brasil:
http://www.drmarciobontempo.com.br/artigo7.html
Gostaria que alguém me explicasse o que é “comportor” no inicio dessa matéria esse cidadão tao informado fala sobre “comportor”. Você sabe o que e comportor? Eu nunca ouvi falar sobre isso, e na verdade foi mais que suficiente para não ler mais nem uma linha dessa matéria. Não creio que você saiba algo sobre medicina alterntiva, etc…
A PALAVRA CORRETA É “COLPORTOR”
TAMBEM SOU COLPORTORA, ESSE NOME A IGREJA ADVENTISTA DÁ PARA QUEM VENDE LIVROS, TANTO DE SAÚDE, EDUCAÇÃO DE FILHOS, LITERATURA EVANGÉLICA ETC