Arrogância ou Ignorância?

Geoff Holister, publicado em Total Human Solution

Freddy Silva acredita que a complexidade das linhas-guia exigidas para criar algumas das formações mais complexas de círculos nas plantações é inatingível por humanos no período de tempo entre o anoitecer e a alvorada, como demonstrado graficamente em seu site para as formações de 1997 "Fractal de Koch" e de 2000, "Pinecone" em Woodborough Hill. Porém, os métodos que ele esboça para a construção destas formações são desnecessariamente complicados e podem ser simplificados imensamente com resultados comparáveis. Como Michael Shermer disse uma vez, "o inexplicado não é necessariamente inexplicável". Neste caso, isto significa que a inabilidade de Silva para imaginar um modo melhor de construir estas marcações não significa necessariamente que um modo melhor não é possível. Contudo Silva parece discordar, a julgar por suas opiniões pessoais em um relatório que é parte de sua ‘pesquisa séria.’ Vamos examinar estas formações uma de cada vez. 

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"Pinecone" de Woodborough Hill, em 2000

Silva demonstra a natureza das curvas nesta formação usando de uma sobreposição em uma fotografia da formação. Suas formas combinam com a ‘Espiral de Proporção de Ouro’ ou na razão ‘Phi’ (uma entidade matemática bem conhecida) e ele parece assumir que isto deveria ter sido cuidadosamente medido enquanto as curvas eram dispostas. Estas curvas são curvas compostas (elas têm mais de um raio), e serim necessárias pelo menos 3 fases para completá-las. De acordo com as suposições de Silva, Seriam necessárias 22 destas curvas dispostas em cada direção, mais 13 anéis concêntricos para criar uma grade que poderia ser então preenchida com um padrão alternado, produzindo a parte principal desta formação. Disto ele conclui então que a formação é uma tarefa muito grande para circlemakers [fazedores de círculos] humanos administrar no tempo alocado (pelo menos, nós podemos assumir seguramente que este é o significado dele do título do documento, "o fim do argumento de fraude"). Considere o método de construção seguinte como um atalho que cria o mesmo resultado em menos tempo: 

Animação - Clique para ver cada quadro– Marque os 13 anéis concêntricos da parte segmentada da formação. 

– Faça 44 marcas uniformemente espaçadas no perímetro externo destes anéis. Isto pode ser alcançado com um cálculo baseado no raio de cada anel. A distância entre cada marca será: distância = 2 x raio x seno de de 8.18r graus. Esta distância é através da circunferência do círculo, não ao redor dele, simplificando a medida. (8.18 (recorrente)º é 360º dividido pelo número de divisões, 44) 

– Para cada par de marcas, dois circlemakers suspendem uma fita métrica sobre as plantas de um tripé ou marco no ponto A (ou um terceiro circlemaker) para pontos B a C [1]. 

– Um terceiro (ou quarto) circlemaker então marca uma linha reta entre os pontos onde as cordas cruzam os anéis concêntricos na direção requerida [2], preenchendo a seção enquanto prossegue. As distâncias envolvidas são pequenas o bastante (ao redor de dois metros perto da extremidade externa, menos perto do centro) para as linhas retas serem traçadas "à mão livre" sem muito esforço. Isto é repetido em todo o caminho até o centro, alternando a direção da linha [3]. 

– A corda que atravessa os pontos A a B é então movida para atravessar os pontos A e D e o processo é repetido para as próximas seções [4,5,6,7] até esta parte da formação estar completa. O resto da formação é simples muito básico. 

– Dois circlemakers fazendo a marcação e preenchendo dobrarão a velocidade de construção durante essa fase, três a triplicariam. Ao todo, o esforço básico de construção foi reduzido de 44 curvas compostas cujos raios múltiplos devem todos recair dentro das plantas aplainadas para linhas retas simples que, embora maiores em número são uma magnitude mais fáceis e mais rápidas de lidar. As próprias curvas são formadas destas linhas retas e nem mesmo precisam ser consideradas durante a construção. Qualquer um desejando testar a diferença entre os dois métodos poderia tentar desenhar a formação no papel com nada além de um compasso e uma régua, uma vez para cada método, cronometrando o tempo. 

(O relatório original de Silva pode ser encontrado aqui

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"Fractal de Koch", em 1997

Esta formação tem uma explicação ainda mais complexa no site de Silva, contudo também tem um método de construção alternativo muito mais simples. Ele mostra a forma básica que está por trás das guias, o "Tretactys". Aparentemente, "Você só conhecerá isto se estiver familiarizado com Pitágoras e matemática pré-egípcia." Pode ser, mas não saber o nome oficial de uma forma não o impede de conhecer a própria forma, ou até mesmo de usá-la sem reconhecê-la. Tudo aquilo é porém irrelevante, já que nós nem mesmo precisamos dela. Silva então continua para explicar a disposição de mais de 50 linhas guia para marcar os contornos básicos. Você precisa fazer então o mesmo mais uma vez fazer na seção inversa no meio, e o mesmo novamente para marcar a posição dos círculos. Ele também diz "Desculpe, não há nenhum atalho aqui: sem este labirinto você nunca traçará o contorno do padrão, muito menos os 204 círculos que serão enfeitados depois da conclusão". Eu digo que há sim um atalho: 

Animação - Clique para ver cada quadro– Do centro da formação planejada, (dentro do comprimento de um braço de uma trilha), uma medida é esticada até a distância X (pontos A a B). O ponto C é então encontrado a uma distância X de ambos os pontos A e B. A linha entre os pontos B e C é então marcado na plantação [1]. 

– O circlemaker no ponto B se move então ao ponto D, novamente encontrado a um distância igual dos pontos A e C. A linha do ponto C ao D é então marcada. Isto é repetido até que um hexágono seja formado [2]. 

– A fronteira para a parte interior da formação é então marcada fazendo linhas retas do ponto central de cada linha do hexágono prévio para o ponto central da próxima linha [3]. Este é um diagrama muito importante, já que marca a área interior da formação externa, e vice-versa. Estas linhas podem ser vistas bem claramente na disposição da plantação, até mesmo nas fotogra
fias desta formação. 

– Use os pontos iniciais do hexágono para criar as linhas que formam os dois triângulos sobrepostos. Uma técnica possível para realizar isto seria dois circlemakers manterem uma medida de distância 2X entre os pontos B e C. Um terceiro circlemaker exatamente na metade desta medida caminharia então para fora, mantendo ambos os lados iguais, até onde a medida permitiria. Este será o ponto E [4,5,6]. Deve ser tomado cuidado para não permitir que os dois lados fiquem desiguais já que isto permitiria que o terceiro circlemaker caminhasse sobre uma área que não deve ser aplainada. Note também que esta é apenas uma técnica possível. Pelo menos uma outra existe, como a formação de Estrela de 7 pontas de Matthew William (comprovadamente feita por ele) foi criada com apenas dois circlemakers mas mostrou características de desenho semelhantes nos pontos das estrelas. 

– Em cada linha lateral da estrela, a mesma técnica é usada para fazer o próximo nível de recursão do fractal entre os pontos F e G (respectivamente a 1/3 e 2/3 do comprimento) e o ponto H [7,8]. Isto é feito tanto nas extremidades externas quanto internas [9,10], porém nas extremidades internas é repetido para dar outro nível de recursividade [11,12]. Esta é a forma básica da formação disposta. 

– Há dois tamanhos de círculos usados, os maiores são dispostos em linha com os pontos dos triângulos maiores e também o próximo menor [13]. Toda extremidade reta tem então um círculo no lado de fora da formação colocado precisamente adjacente no meio [14]. 

– Na extremidade interna da formação os círculos menores são colocados entre pontos e também em linha com os pontos e o círculo maior previamente dispostos [15]. Na extremidade exterior, eles são posicionados entre todo par de círculos grandes, com um extra apontando para fora de pontos pequenos e mais dois adicionais apontando para fora dos pontos maiores [16]. 

– Finalmente, a formação está preenchida e o desenho está completo [17]. A plantação é disposta de fora para dentro para dar ao aplainamento um padrão como visto nas fotografias. 

– Voltando à declaração feita por Freddy Silva, "… sem isto [a grade] você nunca se traçará o controno do padrão, muito menos os 204 círculos… "; é mostrado aqui acima que geometria alternativa é capaz de produzir a forma básica sem esta grade, e que ordem de construção e julgamento cuidadosamente planejada é tudo que é exigido para criar o nível de precisão visto nesta formação. Um bom indicador de que os círculos circunvizinhos foram ‘desenhados à mão livre’ é a discrepância de distância entre círculos em pontos iguais de simetria rotacional, como visto mesmo em fotografias. Esta quantidade de discrepância deveria demonstrar que um sistema de grade não foi usado. 

(O relatório original de Silva pode ser encontrado aqui.) 

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Conclusões

Não é o fato de que Silva pode estar errado sobre estas formações que é importante, é a certeza absoluta com que ele assegura que é pouco mais que opinião. Este não é o modo pelo qual a pesquisa séria é feita; opiniões devem ser separadas de fato e claramente rotuladas. Em particular, a declaração final de Silva do relatório do Fractal de Koch "Honestamente, simplesmente o deixa estupefato" claramente viola esta regra de reportagem profissional. O fato de que muitas pessoas aceitarão as opiniões dele como fato quando elas são apresentadas desta maneira é motivo de preocupação para aqueles que acreditam que as pessoas deveriam se decidir a partir da evidência disponível. 

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Um comentário em “Arrogância ou Ignorância?

  1. Tomemos  como exemplo um dos crop circles considerados complexos para uma rápida análise. A 1ª constatação é a de que não são planejados por boçais querendo tiar onda. Ao atribuí-los ao ser humano, temos que ter em mente que não falamos de uma única pessoa, mas no mínimo duas. Além disso, como já temos décadas de aparições, temos que considerar que o tempo não parou e o peso da idade deveria pesar sobre os ombros dos autores. Eles ao contrário, ganharam em versatilidade pois as aparições foram para muitos outros pontos no globo e ganharam também em complexidade.Teriam encontrado um elixir da juventude? Desculpem-me a ironia.
    Ela surge naturalmente quando não consigo encontrar ou ver alguém dar explicações para algo ou alguma coisa.
    Acho que a questão principal do assunto CROP CIRCLES não é a origem, mas sim a execução. As “figuras” do ponto de vista mecânico, não espanta engenheiros ou arquitetos. Um planejamento bem feito, com uma logística de igual qualidade e o envolvimento de algumas dezenas de pessoas trabalhando simultâneamente em diversas frentes (coordenação, vigilância, transporte, marcações, dobramento das plantas, etc…) poderia garantir 99% de êxito na execução de uma figura complexa de pois de 5 ou 6 horas como alguns estudos apontam. Mas…

    Nenhuma dessas figuras complexas apresentaram erros de execução,
    Jamais foram encontrados rastros nas imediações que pudessem comprovar a movimentação de pessoas e equipamentos compatíveis com as necessidades da complexidade da figura
    Nunca foram encontradas fitas ou algum outro instrumento utilizado na execução

    Errar não é humano?  Não seria de se esperar que depois de décadas de expedições para essas atividades, em variados locais e ocasiões diferentes, que se cometessem erros? Que a movimentação desses grupos fosse percebida em alguma ocasião, seja antes, durante ou depois do feito?

    Como manter segredo dessas atividades durante tantos anos?

    Se ERRAR É HUMANO  e eles NUNCA  erraram, então…. 

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