"Pensamento críptico": Nostradamus, Nazca, Cabala e um deus astronauta
Esta é uma resenha patrocinada do sítio CrypticThinking.com. Em inglês, o sítio divulga as idéias e teorias de um certo Morten St. George, segundo o qual 1- Havia apenas um deus astronauta, um extraterrestre, e não vários; 2- Este extraterrestre chegou muito depois do que se acredita, depois da idade medieval, não em tempos pré-históricos ou da Suméria; 3- o ET possuía tecnologia além de qualquer uma imaginada em outras teorias de deuses astronautas; e 4- Ele não era um humanóide. Como todos os outros deuses astronautas, contudo, o alien de Morten St. George decidiu intervir na história humana.
As teorias heterodoxas entre as teorias heterodoxas não páram aí, contudo. O autor defende que tal extraterrestre apareceu em Tiwanaku, por volta do século VI, influenciando também as linhas de Nazca, e séculos depois, obras como a Cabala e… as profecias de Nostradamus! O “pensamento críptico” seria a decodificação de tais mensagens extraterrestres em obras como os versos de Nostradamus.
Honestamente, após anos lendo todo tipo de idéias “heterodoxas” (chamemos assim), esta foi a primeira vez em que vi as profecias de Nostradamus atribuídas a um extraterrestre (que não seria Nostradamus). Uma busca no Google revela que muitos já enxergaram profecias sobre contatos e mesmo guerras com ETs nas centúrias, mas que elas seriam originais de um, parece-me uma especulação criativa.
Mas entre toda esta mistura especulativa de temas insólitos, parece faltar um tema unificador, uma teoria que realmente faça sentido. Não que Däniken ou Sitchin tenham uma — suas teorias são tão desconexas quanto as de Morten St. George — mas conectar Nostradamus a alienígenas, Cabala e tudo mais, em toda sua originalidade, seria mais interessante caso uma especulação clara permeasse tudo. Como o Código da Vinci, que apesar de sua falta de originalidade e diversos erros e invenções, tem um tema “revelador” claro. Isso sem nem mesmo comentar algo sobre alguma prova concreta de que quaisquer das alegações de quaisquer desses autores seja de fato real. No caso, é provável que não sejam, e em alguns casos, como os de Däniken, Sitchin ou mais notoriamente Dan Brown, boa parte pode ser demonstrada como falsa. As de St. George são mais resistentes a refutações, ao misturar uma cadeia longa de associações que permitiriam contornar erros e imprecisões de um sem número de formas. Por exemplo, sabemos que as figuras de Nazca também podem ser achadas em cerâmicas locais e que não envolveram aviões, balões ou discos voadores, mas St. George reconhece tal, apenas sugere que as figuras em si da cultura teriam sido influenciadas por um ET que os locais podem nem mesmo ter visto diretamente.
O sítio oferece ainda interpretações das profecias de Nostradamus, que poderiam supostamente provar algo, mas como as de Jucelino Nóbrega, são pós-visões. Também oferece informações a respeito de onde os cientistas SETI poderiam encontrar o mundo de origem do deus astronauta, embora não seja uma posição muito precisa.
Como está, permanece apenas mais um conjunto de especulações sem comprovação concreta. Pode ser interessante, mas conectar os pontos por vezes revela mais sobre o desenhista do que sobre o desenho.
[resenha patrocinada de CrypticThinking.com, via ReviewMe]