Um único planeta dos macacos

Charley Lineweaver, cientista do instituto SETI, tem uma visão pessimista sobre a própria busca por inteligência extraterrestre. Em uma palestra (confira os slides, PDF em inglês), Lineweaver lembra ainda outra vez que nada indica que haja uma “tendência evolucionária” favorecendo o surgimento de inteligência como a nossa. Assumir que vida inteligente seria uma tendência natural, e não um acidente raríssimo, seria o que Lineweaver chama de “Hipótese do Planeta dos Macacos”.

“Experimentos independentes em evolução têm sido conduzidos na Terra ao longo dos últimos 200 milhões de anos. Os nomes destes experimentos individuais são América do Sul, Austrália, Nova Zelândia, Madagascar, Índia e América do Norte”, escreve.

Todos estes confins do planeta ficaram isolados do resto do mundo por longos períodos, favorecendo uma diversidade única de espécies particulares, mas em nenhum desses confins surgiu qualquer forma de inteligência comparável à nossa. Se nossa espécie subitamente sumisse da face do planeta, nada garante que uma outra espécie tomaria nosso lugar para construir cidades e esconder a Estátua da Liberdade. Nem mesmo macacos.

Da mesma forma, ainda que a vida fosse relativamente comum pelo universo, incluindo mesmo formas de vida complexas, poderia haver infindáveis ecossistemas exóticos sem nada como um ser inteligente erigindo civilizações. Se a evolução e a adaptabilidade não são fruto de mero acaso, uma inteligência como a nossa bem poderia ser.

Lineweaver tece outras analogias interessantes para apoiar seu argumento, como a de que enxergar uma tendência ao desenvolvimento de cérebros maiores seria similar a enxergar um nicho pronto para ser preenchido para seres com narizes de maiores dimensões, rumo “naturalmente” à utilíssima tromba de um elefante.

“Eu costumava pensar que o cérebro era o órgão mais importante, até me dar conta de quem me dizia isso”, ele parafraseia.

O argumento defendido por Lineweaver não é de forma alguma original, e certamente não é definitivo. Mas vale uma olhada em seus slides, assim como vários outros das conferências Are We Alone?. [via io9]

2 comentários sobre “Um único planeta dos macacos

  1. Mori, muito interessante o material, não havia tido contato ainda, obrigado por facilitar o acesso e parabéns pela iniciativa, como sempre!
    Abraços,
    Rafael.

  2. Talvez o máximo de evolução que encontremos em outros planetas sejam esponjas.
    Uma gama enorme de coincidências tem de ocorrer para que um ecossistema auto-sustentável como o nosso se crie. Tempo é uma das variáveis desfavoráveis.
    Um planeta metálico com escudo magnético que tenha água e que fique tempo suficiente numa região orbital amena do sistema planetário de uma estrela fraca o suficiente para não destruir a atmosfera durante o tempo necessário para as moléculas se agruparem de forma que o ‘motorzinho molecular’ se crie capaz de ‘comer, sobreviver, reproduzir’ e se agrupar em estruturas complexas capazes de manipular ferramentas, antes que a estrela se queime (ou a composição atmosférica mude), aumente, e mova a ‘região orbital amena’ pra longe do planeta. Altamente improvável…

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *